Por Pedro Varela (*)
Todos os anos surgem as tendências tecnológicas e as listas infindáveis de áreas, ferramentas, sistemas, etc, que no novo ano vão ditar o progresso, a inovação, a evolução, no caminho certo da tecnologia e derivados. No ano passado falei de seis tendências tecnológicas, mas este ano pretendo apenas focar em três para ser mais objetivo.
Falo da Inteligência Artificial Generativa, a Computação Quântica e a Tecnologia Sustentável.
A Inteligência Artificial (IA) Generativa já não poderá ser considerada uma tendência, no entanto, a indústria de forma generalizada irá começar a usá-la diariamente de diferentes formas. Seja na interface básica com o utilizador, ao nível da linguagem natural ou em tarefas mais complexas do dia a dia, os modelos de linguagem grande natural (Large Language Models) terão um papel preponderante e fundamental na nossa produtividade.
A IA passará a ser uma constante nos produtos que utilizamos. Aquilo que eram as tendências noutros anos, quando se falava das recomendações de séries e filmes nas plataformas de streaming ou nas fotografias que tiramos nos nossos telemóveis que recorrem a redes neurais, são comuns e, em alguns casos, obrigatórios. Segundo a Gartner, 40% das aplicações empresariais terão IA Conversacional (por ex: chatbots com linguagem natural) e 60% dos departamentos de marketing utilizam alguma forma de IA Generativa.
De destacar também a segurança na utilização da inteligência artificial. O assunto irá adensar-se, seja pelos atos já aprovados pela União Europeia, seja pelos consórcios mundiais que estão a trabalhar nessa área, para que a segurança de utilização da IA seja regulada.
A Computação Quântica, que já vinha sendo uma leve tendência de 2023, está a entrar numa nova fase. Não há dúvidas que a IBM, Microsoft, Google ou PSI Quantum esperam que seja possível este ano passar de uma prova de conceito (POC) para a utilização "normal" e começar a ser integrada, aos poucos, e consumida nos nossos sistemas (e, claro, novos sistemas).
Dentro desta temática e olhando para aquela que poderá uma das maiores revoluções informáticas de sempre, recomendo o livro de Michio Kaku, professor de física teórica na City University of New York, cofundador da teoria do campo de cordas, Supremacia Quântica, que nos traça as implicações da utilização da computação quântica, o futuro enquanto alteração da tecnologia
Onde podemos já verificar este ano a sua utilização será, certamente, na descoberta de novos medicamentos, na melhoria da sequenciação do genoma humano, na otimização de sistemas complexos, na procura de vida fora da terra e criptografia (incremento da segurança).
A Tecnologia Sustentável, mais que uma tendência, será uma preocupação que estará no centro das grandes corporações e governos de todo o mundo, no sentido de atingir a famosa meta "net zero". Até agora, muito do que se tem visto é mais fácil anunciar que atingir, e a redução das emissões de carbono terá um papel fundamental nos serviços e produtos tecnológicos. As empresas que lideram e são absolutamente relevantes e fundamentais nas nossas vidas caminham muito fortemente nesse sentido. Ainda recentemente vimos na apresentação da Apple a linha de produtos Apple Watch com os seus primeiros produtos neutros em carbono (o objectivo é que todos sejam até 2030).
O termo "green cloud computing" passará a estar mais presente nas conversas tecnológicas. As infraestruturas e os serviços vão dar prioridade à redução do consumo de energia e das emissões de carbono, e as aplicações sustentáveis concebidas para nos ajudar a viver a vida de forma mais ecológica. Isso inclui a necessidade de desenvolver métodos mais sustentáveis e éticos na extração de materiais necessários para a fabricação de dispositivos ou na conceção de novas estruturas que derivam da evolução dos hábitos dos consumidores.
(*) Head of Commercial & Partnerships da Bliss Applications
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