Por Tiago Monteiro (*)
A Indústria 4.0 representa uma mudança paradigmática na forma como produzimos, trabalhamos e vivemos. A também chamada 4.ª revolução industrial deixou de estar apenas no radar das empresas, para se tornar numa realidade cheia de oportunidades e desafios únicos.
Segundo a Emergen Research, o mercado global da Indústria 4.0 deverá atingir um valor de 258 mil milhões de euros até 2028, com uma robusta taxa composta de crescimento anual de 16,3%. Entre as mais promissoras áreas tecnológicas estão a Inteligência Artificial (IA), a automação e Robótica Avançada, a Realidade Aumentada (RA) e a Realidade Virtual (RV), o 5G e a Internet Industrial das Coisas (IIoT).
Tal como acontece no resto do mundo, também em Portugal se tornou evidente que a Indústria 4.0 será um dos motores decisivos para o desenvolvimento económico e social do país. Por exemplo, 62% das empresas portuguesas já utilizam IA. A par disto, “em toda a União Europeia, os negócios portugueses são aqueles que mais recorrem a esta inovação para auxiliar as tarefas dos seus colaboradores”, refere um estudo da Microsoft e da IDC apresentado no início deste ano.
Adicionalmente, o país conta também com incentivos fiscais e programas de financiamento concedidos pelo governo que contribuem para que este movimento se torne ainda mais acessível. O incentivo Indústria 4.0 foi uma medida inserida no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que tem como objetivo apoiar projetos no setor da Indústria que visem a transição digital e a aplicação de tecnologias digitais avançadas na transformação de processos ou operações industriais pré-existentes.
Diante destes incentivos e oportunidades, acompanhar o avanço da Indústria 4.0 é essencial para qualquer líder empresarial. Quando estão em causa potencialidades como a diminuição dos custos de produção ou a melhoria da eficiência operacional da indústria, tão impactantes em vários setores, as empresas devem estar preparadas.
Mas, como “uma moeda de dois lados”, antes de investir em ferramentas e equipamentos, é crucial entender que a 4ª revolução não se cinge somente a sistemas e a máquinas inteligentes conectadas. Caracteriza-se também por sensores poderosos e cada vez mais económicos, inteligência artificial e machine learning, com capacidade de fusão das tecnologias e interação entre os domínios físicos, digitais e biológicos.
Um primeiro passo passa por as empresas avaliarem a maturidade dos seus processos, a fim de garantindo que a digitalização não resulte em dados “poluídos”. De seguida, é fundamental capacitar a equipa para operar e manter as novas tecnologias, fomentar uma cultura de inovação e assegurar que as infraestruturas de TI estejam preparadas.
A implementação deve seguir um plano estruturado com um mapeamento dos processos e identificando as áreas onde a digitalização pode trazer mais vantagens. A escolha dos recursos tecnológicos deve ser feita com base nesta análise, dando prioridade aqueles que melhor se adequam às necessidades específicas da empresa.
A integração destas novas ferramentas com os sistemas existentes também requer algum cuidado, para evitar interrupções na produção e assegurar que tudo funciona de maneira harmoniosa e eficaz. Por fim, deve existir uma monitorização e ajustes frequentes, visto que esta transformação é um processo contínuo de melhoria e adaptação.
Se antes a questão que se impunha era “Haverá ruptura na minha empresa?”, agora – e por força dos avanços constantes e desta transição digital sem precedentes - a pergunta que surge é outra: “Quando e como esta transformação irá afetar a mim e à minha organização?”.
Vantagens não faltam na implementação da indústria 4.0, contudo cabe a cada empresa ou setor fazer esta transição ao seu ritmo e de acordo com as suas necessidades e linhas estratégicas. Porque como dizia Jack Welch: “Se a mudança no lado de fora da sua empresa for mais rápida que a do lado de dentro, o fim está próximo”.
(*) CEO e Fundador do PTC Group
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