Um dia depois da Anacom ter colocado a primeira pedra no 5G em Portugal, estabelecendo a faixa dos 700 MHz como adequada ao desenvolvimento da 5º geração móvel, as empresas de telecomunicações parecem ter "sintonizado" a intenção de revelar os planos para o 5G. A Altice, em parceria com a Huawei, revelou os seus planos, mostrando que a MEO já mexe com ligações próximas dos 1,5Gbps.
A NOS apresentou à imprensa a sua visão para a tecnologia e a estratégia para desenvolver os alicerces dos serviços, tanto ao nível do consumo, como industrial. A demonstração, apelidada de NOS TEK DAY 5G, efetuado no edifício da sede no Campo Grande, teve como parceiro tecnológico a Nokia que levou algumas demonstrações práticas de como a tecnologia pode ser começada a ser utilizada muito em breve - final de 2019 e meados de 2020, mas apenas atingirá o pico em 2025. Mas foi sobretudo, a aceleração da Indústria 4.0, alavancada pelas potencialidades do 5G que foi debatido. A empresa promete uma cobertura de 100% da população nacional.
E exemplo disso foi a demonstração de como a condução autónoma irá beneficiar das baixas latências prometidas pelo 5G, chegando a 1ms, uma diferença importante considerando os 50ms com a geração atual 4G. Ou como a realidade virtual poderá ser crucial em áreas hostis da indústria e perigosos ao homem, nomeadamente fábricas, onde componentes perigosos podem ser manipulados remotamente. Ou mesmo, cirurgias médicas feitas à distância, onde a diferença da latência 4G e 5G, significa a precisão de corte cirúrgico de um tecido sensível do paciente. "Estamos a testar os limites da velocidade da luz, que já nem chega para aquilo que queremos fazer”, refere a NOS.
Por outro lado, na componente do entretenimento, a tecnologia 5G vai possibilitar explorar outras experiências aos utilizadores, tal como vender acessos premium a clientes que queiram vivenciar um concerto musical no próprio palco do espetáculo, ou descer à cockpit de uma equipa de Fórmula 1 – tudo através de realidade virtual, a 4K e 30 FPS.
A sessão de demonstração aconteceu na sequência da terceira reunião do Comité Estratégico da Plataforma Portugal 4.0, uma iniciativa conjunta entre o Ministério da Economia e a COTEC Portugal, cuja missão e coordenar e monitorizar a execução da Indústria 4.0, que faz parte da Estratégia Nacional para a Digitalização da Economia.
O evento contou com o Ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral e a Secretária do Estado da Indústria, Ana Teresa Lehmann. Jorge Graça, CTO da NOS, refere que a empresa pretende ser um parceiro de excelência das empresas portuguesas para o seu processo de transformação. A NOS acredita que o 5G vai ter um enorme impacto na experiência de utilização e na transformação da indústria e nas cidades portuguesas, de forma a impulsionar o crescimento da economia nacional, e promete preparar a sua rede atual para a nova geração móvel. Um compromisso, afirma, para os seus clientes e país.
A NOS fez parceria com a Nokia para demonstrar as funcionalidades da rede no futuro (Use Cases), centrando-se sobretudo no controlo de produção, robótica, remotização e otimização da cadeia de fornecimento. O fabricante, conhecido outrora mais pela sua gama de telefones, está neste momento mais focado em serviços e prepara-se para abraçar o desafio 5G e a Revolução Industria 4.0. “Iremos iniciar esta jornada com a atenção focada na infraestrutura de telecomunicações, preparando o caminho para o 5G, assegurando que todos os stakeholders estão envolvidos no processo: CSPs, reguladores e operadores de mercados verticais”, afirma João Picoito, Country Senior Officer da Nokia. A tecnológica tem uma parceria com a Qualcomm para garantir que em 2020 sejam lançados os primeiros smartphones no mercado suportados pelo 5G.
A empresa vê uma grande oportunidade na computação em cloud, sobretudo na imergente área digital service provider (DSP), uma evolução dos atuais ISP (internet service provider) e vê a Indústria 4.0 apetecível, por valer 1.2 triliões de euros. No entanto, para haver essa revolução, a indústria tem de ter vontade em modernizar-se. Estas Use Cases surgem na necessidade das empresas quererem monetizar o 5G, algo que falhou na geração atual.
Como se sabe, a quinta geração de internet móvel significará largura de banda até 10 vezes mais rápida, conectividade mais robusta e menor latência e consumo de energia. A baixa latência é mesmo um requisito, obrigando as empresas a criar data centres locais, como um ou dois por região, invés do mesmo número pelo país, como explicou Luis Santo, responsável de redes da NOS ao SAPO TEK.
A tecnologia 5G vai permitir suportar mais serviços, sobretudo IoT, com impacto significativo da transformação digital da indústria e das cidades. Dentro do paradigma Indústria 4.0, as fábricas vão passar de uma simples ligação para passar a comunicar, analisar e utilizar a informação recolhida, que depois serão tratadas de forma inteligente e autónoma. A indústria passará a integrar IoT, data analytics, robótica, IA, impressão 3D, rápida prototipagem, materiais avançados e realidade aumentada.
Para demonstrar a tecnologia 5G, a Nokia preparou pequenas experiências (Use Cases) comparativas entre o futuro e o presente. No caso da condução autónoma, o teste pretenda destacar o benefício da baixa latência e alta fiabilidade, considerados pilares essenciais dos serviços suportados por 5G. Nesse sentido, uma frota de carros pode ter apenas um condutor no veículo pesado dianteiro, no sistema Platooning, seguindo-se os restantes atrás, operados autonomamente e de forma coordenada entre si.
Enquanto uma ligação 4G limita a velocidade dos veículos e a sua capacidade de resposta, na quinta geração serão mais rápidos, com menos possibilidades de erro humano, menor consumo de combustível, tornando a logística das empresas mais eficiente. Apesar do exemplo dos automóveis, a tecnologia pode ser aplicada em drones e outro tipo de máquinas. A latência de 50ms significa uma travagem de metros, comparativamente aos centímetros concedidos por 1ms.
Outra demonstração realizada centrou-se nos robots colaborativos, igualmente em teste de alta fiabilidade e baixa latência. Esta colaboração pode ser efetuada entre robot-robot ou humano-robot, seja remotamente ou em curta distância. Neste caso prático, dois robôts tentava alinhar uma bola numa régua, demorando substancialmente menos tempo a executar a tarefa em 5G, com uma latência de 1ms, contra os 20ms do 4G.
Este teste serviu para demonstrar como os tempos de resposta podem ser críticos na automatização. A Indústria 4.0 irá beneficiar deste tipo de sistemas colaborativos, como por exemplo, a agricultura, capazes de coordenar máquinas como ceifeiras, tratores ou sistemas de irrigação. Importa, no entanto, frisar a importância das ligações 5G para retirar o “cérebro” das máquinas, ou seja, a computação, que é transferido para a computação em cloud. No caso prático, um computador comandou dois robots à distância, utilizando uma câmara EyeToy da PlayStation como interface de comunicação.
Para demonstrar o alto débito e baixa latência do 5G, a Nokia apresentou um stream de vídeo a 360 graus em ambiente de realidade virtual. Neste caso, os equipamentos terminais, como headset VR e smartphones requerem débitos de informação extremamente elevados e latências muito baixas (cerca de 20ms), sobretudo quase de fala em resoluções 4K e 8K, a 360º, que obrigam a velocidades de centenas de Mbps. Esta aplicação pode ser introduzida na indústria de stream de conteúdos de entretenimentos, mas igualmente em intervenções remotas por pessoal especializado – áreas da medicina, engenharia, turismo, imobiliário, formação, etc.
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