A Digi anunciou mais um acordo com operadores à procura de soluções que satisfaçam os requisitos dos reguladores, para garantirem luz verde em operações de fusão ou aquisição. Um destes acordos foi feito em Portugal, com a Vodafone, que tenta desbloquear a compra da Nowo. Há agora notícia de outro, em Espanha, com a MásMóvil e a Orange, que procuram igualmente soluções para convencer os reguladores a aceitarem uma fusão entre as duas operações.
O acordo assinado com as duas empresas prevê que estas abram as suas redes móveis à Digi, para que a empresa possa usá-las para suportar as suas ofertas. Prevê ainda que estas vendam 60 Mhz de espectro em diferentes bandas por 120 milhões de euros, ao operador de origem romena.
Nas bandas visadas pelo negócio estão faixas de frequência usadas para o 5G, como detalha um comunicado divulgado pela Digi. Em Espanha, os serviços móveis da Digi assentam na rede da Movistar, o operador móvel da Telefónica que, segundo o El País, receberá cerca de 300 milhões de euros anuais pelo acordo, fixado até 2026.
Com o acesso em “condições vantajosas”, como é descrito pela Digi, a outras redes móveis, a empresa ganha uma vantagem. Poderá vir a usá-la para renegociar o acordo com a Movistar ou mesmo para prescindir dele, uma vez que o acordo com a MásMóvil e a Orange dá recursos à empresa para operar uma rede própria.
Mesmo que geograficamente limitada, esta rede própria poderá ser a via para montar no país vizinho um modelo de operação para as comunicações móveis semelhante àquela que a empresa já tem para a fibra, onde opera com rede própria apenas nas zonas com maior densidade populacional e mais clientes.
A fusão entre a MásMóvil (ex-dona da Nowo) e a Orange, anunciada em julho do ano passado, tinha sido travada pela Comissão Europeia, que em junho mostrou preocupação com o facto da operação poder reduzir significativamente a concorrência nas comunicações móveis e internet em algumas zonas do país. As empresas têm tentado mostrar que não, mas acabaram por ceder à pressão e aceitaram abrir a rede e vender parte do espectro a um dos principais concorrentes.
O El Pais também avança que, para financiar este acordo e o plano de expansão em Espanha, que prevê um investimento de 2000 milhões de euros em sete anos, a Digi está a negociar a venda da sua rede de fibra ótica ao fundo Macquarie Capital. Um negócio que pode gerar um encaixe de 1.000 milhões.
As contas do primeiro semestre deste ano, reveladas em agosto pela Digi, mostravam que a empresa conseguiu ganhar 434 mil clientes no país vizinho no período em análise, passando para 5,7 milhões de subscritores, entre serviços fixos e móveis. No último ano ganhou 1,4 milhões de clientes em Espanha.
A estratégia de preços agressiva é a principal arma da Digi para “roubar” clientes à concorrência, uma estratégia que em breve será posta à prova em Portugal. A empresa tem licenças móveis compradas no mercado português e tem estado a preparar o arranque da operação, que deverá ser lançada no início do próximo ano.
Em Espanha, o dia do anúncio de acordo com as concorrentes foi aproveitado para fazer também um anúncio de melhoria nas ofertas da operadora. As tarifas com 50 e 100 GB de tráfego móvel da Digi vão passar a incluir 100 e 200 GB. Para os clientes que usam este tarifário só para o móvel, o preço também desce, de 15 para 13 euros e de 20 para 16 euros mensais.
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