As conclusões são da União Internacional das Telecomunicações. Ao longo do ano passado a banda larga tornou-se um bem mais difícil de pagar para muitas famílias, que viram aumentar o peso relativo do serviço no seu orçamento familiar. Portugal, na comparação com o resto da Europa, também fica a perder.
O estudo The affordability of ICT da União Internacional das Telecomunicações mostra que, em média e globalmente, o peso dos serviços de banda larga fixa no rendimento das famílias passou a ser de 3,5%, quando um ano antes era de 2,9%. O preço destes serviços terá aumentado 8% só em 2021, um valor calculado em dólares e com ajuste à inflação.
Na banda larga móvel registou-se a mesma tendência, mas com menor expressão. Os serviços de banda larga móvel passaram a representar 2% das despesas das famílias, contra 1,9% em 2020. O indicador usado na análise é o Rendimento Nacional Bruto per capita.
Em Portugal, tal como na generalidade dos países desenvolvidos, as despesas com banda larga ficam muito abaixo destes valores. Em Portugal é de 0,78%, o que nos coloca na 55ª posição de um ranking com mais de 200 países analisados, no que se refere ao esforço de aquisição destes serviços.
Contudo, os mesmos dados também mostram que, na comparação com a Europa, Portugal fica sempre pior que a média, nos perfis de serviços analisados, exceção apenas para as contas feitas para um perfil de baixo consumo de dados e voz móvel, onde o esforço de aquisição do serviço é igual em Portugal e no resto da Europa.
Nos outros quatro cenários analisados, um português gasta sempre uma fatia maior do seu orçamento mensal para usufruir do mesmo tipo de serviço fixo ou móvel que um europeu. os dados apontam num sentido diferente dos números partilhados já esta semana pela associação que representa os operadores, a Apritel.
Este é um tema em que a União Internacional das Telecomunicações tem insistido, sublinhando que o acesso à banda larga, sobretudo depois da pandemia, se assumiu definitivamente como uma necessidade e não como um luxo, já que para muitos é um meio de acesso ao trabalho ou à educação.
A Comissão da ONU para a banda larga definiu mesmo um preço-alvo para o qual os serviços de banda larga de gama de entrada em todo o mundo deviam caminhar, para se tornarem acessíveis para todas as famílias.
O organismo apurou que o preço destes serviços, para cumprirem condições de acessibilidade, não deve ultrapassar os 2% dos orçamentos das famílias, uma meta que poucas economias hoje estão a conseguir assegurar. Mais precisamente, 96 na banda larga móvel, menos sete que em 2020, e 64 na banda larga fixa. Analisando os 46 países menos desenvolvidos do mundo, só em quatro é que a fatura da banda larga representa menos de 2% do orçamento familiar.
A situação continua a ser mais grave nas economias onde as famílias têm rendimentos mais baixos e onde a banda larga representa cinco a seis vezes mais do que uma despesa considerada acessível. É assim por exemplo em África, no que se refere aos serviços de banda larga fixa. Na banda larga móvel a situação é ligeiramente mais favorável mas o serviço ainda é três a quatro vezes mais caro que o preço médio global.
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