As cabines telefónicas mais "old school" costumavam fazer parte da paisagem da cidade de Nova Iorque, afirmando-se como marcos de uma era ida onde ainda não existiam telemóveis. No entanto, no início desta semana, foi desligada a última cabine telefónica pública da cidade.
Localizada em Manhattan, no cruzamento da Sétima Avenida com a Rua 50, a cabine ainda contava com o símbolo da Bell System, a gigante das telecomunicações norte-americanas que foi dissolvida em 1983, avança a imprensa nova-iorquina.
O momento ficou marcado por uma pequena “cerimónia” de despedida, que contou com a presença de membros da administração local, incluindo Mark Levine, presidente do distrito de Manhattan; Julie Won, membro do Conselho Municipal de Nova Iorque; e Matthew Fraser, Chief Technology Officer (CTO) do Office of Technology and Innovation da cidade de Nova Iorque.
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No Twitter, o presidente do distrito de Manhattan realça que este foi “verdadeiramente o fim de uma era, mas também o início de uma nova com uma maior equidade no acesso à tecnologia”.
Desde 2015 que a Câmara Municipal de Nova Iorque tem apostado na implementação de quiosques telefónicos mais modernos e na remoção das cabines. Além de permitirem fazer chamadas gratuitas, os quiosques LinkNYC, um projeto criado pelo consórcio CityBridge, dão a quem os utiliza a possibilidade de acederem a Wi-Fi ou até de recarregarem a bateria do seu smartphone.
Note que os telefones públicos operados por entidades privadas continuam a ser uma realidade em Nova Iorque. Além disso, permanecem também quatro cabines telefónicas mais clássicas localizadas na avenida West End, conservadas em grande parte devido aos esforços de residentes.
Cabines telefónicas: uma “espécie” em extinção
Com a popularização dos telemóveis e, mais tarde dos smartphones, as cabines telefónicas públicas foram desaparecendo e apesar de tentativas de modernização das infraestruturas, a estratégia nem sempre conseguiu fazer frente às novas tecnologias.
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Vários países acabaram por colocar um fim aos seus serviços de cabines telefónicas públicas, embora outras opções de telecomunicações ainda se vão mantendo. Na Europa, por exemplo, países como Bélgica, Dinamarca, Finlândia, ou Noruega removeram as suas cabines telefónicas, com outros, como a Espanha, a tomarem medidas neste sentido mais recentemente.
Olhando para Portugal, em 2018, uma análise da Anacom chegou à conclusão de que que as 8.222 cabines telefónicas afetas ao serviço universal eram utilizadas, em média, para uma chamada diária, com estes postos a somarem um total de 3,1 milhões de chamadas durante o período entre abril de 2016 e março de 2017.
Em abril de 2019, o Governo "desligou" o serviço fixo, com o contrato com a NOS a não ser renovado, mas optou por manter os postos telefónicos públicos.
Já em novembro desse ano, o Tribunal de Contas interpôs-se relativamente ao contrato da MEO com o Governo sobre o funcionamento das cabines telefónicas, cuja extensão teria na altura um custo de 2,5 milhões de euros, referindo que esse acordo não cumpria as regras, com o governo a recorrer contra esta decisão.
De acordo com dados recentes da Anacom, do relatório “O Sector das Comunicações 2021”, no final do ano passado, o número de postos públicos instalados, que vão além das cabines telefónicas, era de cerca de 14,2 mil, verificando-se uma queda de 13,0% face a 2020, a maior desde 2012. Segundo a entidade reguladora, desde 2004, altura em que o número de postos públicos chegou aos 47,4 milhares, este indicador diminuiu 70,0%.
Como dar uma nova vida às cabines telefónicas?
As cabines telefónicas “abandonadas” costumam ser também algo que faz parte da paisagem de certas regiões, incluindo grandes cidades, estando muitas vezes em mau estado, seja pela falta de manutenção, ou por vandalismo.
No entanto existem iniciativas que têm como missão salvar o que resta deste marco de outra era. No Reino Unido, por exemplo, as icónicas cabines telefónicas vermelhas, que foram perdendo a sua popularidade com o passar do tempo, acabaram por ganhar novas funções como avança o The Guardian, entre mini-bibliotecas, cafés ou até como pontos de emergência que albergam desfibrilhadores.
Portugal não é uma exceção à regra no que toca à reconversão de funções de cabines telefónicas. Desde 2013 que a Fundação Altice tem vindo da transformar algumas delas em cabines de leitura, sob o mote “Levar, doar, ler, devolver” e contando já com mais de 45 mini-bibliotecas espalhadas pelo território nacional.
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