Portugal ainda está no fim da lista dos Estados membros da UE que avançaram com o 5G, apesar de ter terminado o longo leilão que durou mais de 200 dias, mantendo-se a par da Lituânia que também ainda não atribuiu as licenças. Mas apesar de 25 países europeus já terem avançado com serviços comerciais, e 52,7% do espetro já ter sido atribuído, ainda não é “o melhor 5G” que está a ser disponibilizado e a procura de serviços é reduzida.
Os dados disponibilizados pelo Observatório do 5G são referentes a outubro e mostram que os serviços comerciais estão a avançar na larga maioria dos países, sobretudo em modo não standalone, que não tira partido da capacidade total da tecnologia. São os “diferentes sabores” do 5G que podem fazer a diferença para a Europa se colocar na linha da frente na tecnologia, e não apenas o facto de atingir as metas definidas de lançamento de serviços, ou mesmo de cobertura, defenderam vários intervenientes do setor num webinar promovido pelo Observatório.
Com 25 países europeus já com serviços comerciais, os mesmos do último relatório divulgado, Portugal e a Lituânia ficam no final da lista dos Estados membros que já têm a tecnologia. O objetivo de ter os 27 países com 5G só deve ficar completo em 2022, depois de terminado o processo do leilão e a atribuição das licenças em Portugal, e com a expectativa de que a Lituânia também avance no primeiro trimestre.
Pearse 0'Donohue, Diretor da área de Future Networks na Comissão Europeia e responsável pelo 5G, recordou as metas definidas pela União Europeia, com a cobertura de 100% do território em 2030, mas afasta a possibilidade de avançar com sanções aos países incumpridores. “Temos de manter o nosso plano e forçar a estratégia do 5G para ter cobertura nas principais cidades em 2025”, afirmou, recordando que parte do atraso no arranque da tecnologia se deve à pandemia da COVID-19.
“Vamos trabalhar para encontrar soluções [para ultrapassar o atraso] mas no final o Estado Membro que não cumprir vai perder os incentivos”, avisa.
No geral a ideia partilhada é que a Europa até avançou de forma rápida com a cobertura e licenciamento do espectro. “Ouvimos muito que a Europa está atrasada, mas em menos de 2 anos temos quase 50% do espetro alocado até junho”, referiu Stephanie Char da IDATE.
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No entanto, poucos países atribuiam a totalidade do espectro, nas várias bandas prioritárias do 5G. Nos 700 MHz já foram atribuídos mais de 60% do total de frequências, mas a banda dos 3,6 GHz já tem mais de 70% de espectro entregue aos operadores.
Já em relação às frequências mais elevadas, dos 26 GHz, só 25% foi atribuído e há ainda incertezas quanto ao licenciamento, aparentemente por falta de interesse dos operadores, mas há também quem aponte razões de segurança, já que não são conhecidos os efeitos na saúde dos cidadãos. Recorde-se que em Portugal esta faixa vai ser remetida para um outro leilão a definir, cuja data não foi fixada.
Europa está atrasada no 5G?
A comparação da evolução da tecnologia na Europa com outras regiões do mundo não é favorável, apesar de esta ter sido apontada como uma das prioridades na digitalização da economia, e da estratégia apresentada em setembro deste ano, o “Path to the Digital Decade”.
Os números mostram as diferenças com os principais concorrentes no mundo, embora a Rússia tenha ficado de fora. A China já conta com 916 mil estações base instaladas, nove vezes mais do que a Europa e 18 vezes mais do que os Estados Unidos. A Coreia do Sul está em segundo lugar com 162 mil e a Europa em terceiro com 106 mil, mas o Japão está mais atrás, com 50 mil estações base 5G, o mesmo número dos Estados Unidos.
Patrisia Costenco, da VVA, a consultora agora responsável pelos relatórios do Observatório, lembra porém que não são os números absolutos que interessam, e que é necessário olhar para a população e o território coberto, sendo neste caso o número de pessoas cobertas por cada estação base mais reduzido na Coreia do Sul do que na China.
Mais de 800 equipamentos 5G anunciados
O relatório detalha o estado de lançamento de serviços em cada país, e também o número de equipamentos 5G anunciados, com os smartphones a dominar. Segundo a informação partilhada, há mais de 400 smartphones 5G anunciados e 144 routers ou modems (CPE). Os smartphones são 42% de um universo de dispositivos que ultrapassa os 800 modelos.
Com a disponibilização de serviços comerciais e de equipamentos 5G, já a preços acessíveis que começam nos 200 euros, a grande questão é porque está a ser tão lenta a adesão dos consumidores.
“Ainda não vemos uma ‘killer app’ no 5G”, afirmou Stephanie Char durante a apresentação, referindo que o modo “não standalone” adotado pela maioria dos operadores vem trazer alguns benefícios face ao 4G mas que ainda explora todo o potencial da tecnologia de quinta geração móvel.
A boa notícia é que quase metade das operadoras tencionam lançar a tecnologia em modo standalone no próximo ano, e 90% em 2023, refere Gabriel Solomon, da Ericsson, que alerta porém para o facto da evolução das faixas nativas do 5G na banda média, dos 3,6 GHz, ser mais lenta na cobertura do território e poder não chegar a todos, nem a todo o território. "Estes serviços podem estar apenas disponíveis nos locais de maior densidade populacional", avisa.
Maarit Palovirta, da ETNO, partilhou também alguns números da associação, antecipando um estudo que vai ser divulgado no início do próximo ano, para indicar que em 2020 a percentagem de clientes de serviços móveis com 5G era de 1,5%, mas que aumentou para 7% em 2021. “A nossa expectativa é que chegue a 18% em 2022”, afirma. “É um bom progresso não tão rápido como esperado, mas o ecossistema está a chegar à maturidade”.
Em relação à cobertura, a representante da ETNO afirma que os operadores estão a investir, mas que ainda há muito terreno para conseguir a cobertura do território europeu de 50% em 2025 e 100% em 2030, como definido pela UE nas metas.
No webinar levantou-se também a questão de quais são os principais critérios de avaliação da evolução do 5G na Europa, e se deve considerar-se a cobertura do território ou avançar com outros indicadores, como a qualidade do serviço ou o tipo de tecnologia (stand alone ou não stand alone) implementada, ou incluir também a questão da sustentabilidade.
A convergência das redes móveis terrestres e de satélite foi também sublinhada da Aarti Holla-Maini, da ESOA, que defende que “o que vemos é uma validação de mercado da convergência das várias redes e isso é um dos propósitos do 5G”, avisando que é preciso garantir que as politicas regulatórias têm de levar este facto em linha de conta e garantir que são à prova de futuras evoluções.
O estudo completo pode ser consultado no site do observatório europeu do 5G
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