Mesmo depois de o YouTube ter “apertado o cerco” aos vídeos sobre teorias da conspiração que ligam a pandemia de COVID-19 ao 5G, os ataques às torres de redes móveis de quinta geração continuam no Reino Unido. À medida que o país se torna numa das regiões europeias mais afetadas pela doença, com um número de mortos que ultrapassa os 12.000 no país, foram incendiadas 53 torres na última semana, avança a imprensa local.
Várias torres 5G de três das maiores operadoras de telecomunicações no Reino Unido, foram atacadas durante o fim-de-semana de Páscoa. O CEO da Vodafone, Nick Jeffrey, indicou numa publicação na sua página de LinkedIn que 20 infraestruturas da operadora tinham sido incendiadas. O responsável deu a conhecer que uma das torres que foi vandalizada era uma das infraestruturas de comunicação de um recém-construído hospital de campanha em Birmingham.
“A situação de inúmeras famílias que não podem estar a acompanhar os seus entes queridos quando mais precisam é de partir o coração. A questão torna-se ainda pior quando a possibilidade de poderem estar ligados através de uma chamada lhes é negada devido às ações egoístas de um conjunto de pessoas que acredita numa teoria da conspiração”, declarou o CEO da Vodafone.
A operadora EE confirmou ao jornal britânico I que 22 infraestruturas foram incendiadas durante a época de Páscoa e a maioria nem era da rede móvel de quinta geração. A empresa esclareceu que apesar de nem todos os ataques terem sido bem-sucedidos, várias torres ficaram danificadas e um dos casos mais graves levou à evacuação de uma zona residencial nas imediações.
O CEO da BT, Philip Jansen, deu a conhecer num editorial no jornal britânico Daily Mail que 11 das torres da operadora foram incendiadas e 39 engenheiros da empresa foram atacados verbalmente e fisicamente, tendo recebido inclusive ameaças de morte.
As teorias da conspiração que alegam que as redes móveis de quinta geração são um dos fatores que causou o aparecimento da pandemia de COVID-19 ou que aceleram a propagação da doença começaram a surgir logo em janeiro deste ano. No Reino Unido, começaram a ganhar força a partir de março, altura em que o país começou a ser fortemente afetado pela pandemia.
A britânica FullFact, uma organização independente de fact-checking, já “desmascarou” as principais teorias da conspiração em relação a esta temática, em linha com o que a comunidade científica afirma. A FullFact indica que não existe nenhuma ligação entre as redes 5G em Wuhan, local onde a pandemia começou, e a doença em si. “A ideia de que o 5G pode afetar o sistema imunitário de um indivíduo não tem qualquer fundamento”, explica a organização, acrescentando que não existem provas concretas que liguem ambos os lados da questão.
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