Margherita Della Valle, a CEO do grupo Vodafone, anunciou que está a desenvolver uma estratégia de revitalização da empresa e dos lucros, depois de terem sido comunicados os resultados financeiros do ano fiscal de 2023.
A nova CEO tomou posse há apenas um mês e já desenhou um plano de reestruturação para a operadora de telecomunicações que tem operações em vários países, incluindo Portugal, onde está desde 2001 quando adquiriu a Telecel.
A iniciativa foi desenhada para revitalizar a empresa que tem sido afetada por declínio do negócio, em especial na Alemanha, um dos seus maiores mercados.
Os despedimentos de 11 mil pessoas vão acontecer durante os próximos três anos e devem afetar as várias empresas do grupo. Atualmente a Vodafone Group emprega cerca de 104 mil pessoas.
O anúncio da reestruturação foi feito com a divulgação de resultados anuais da empresa, onde as receitas praticamente estagnaram, com uma subida de apenas 0,3% para 45,7 mil milhões, abaixo das estimativas dos analistas. Os ganhos ajustados, antes de taxas, depreciações e amortizações, caíram 1,3% para 14,5 mil milhões, abaixo dos valores definidos.
“O nosso desempenho não foi suficientemente bom. Para apresentarmos resultados de forma consistente, a Vodafone precisa de mudar”, afirmou Margherita Della Vale, citada em comunicado, adiantando que as prioridades são os clientes, simplicidade e crescimento.
"Vamos simplificar a nossa organização, eliminando a complexidade para recuperar a nossa competitividade. Vamos realocar recursos para oferecer o serviço de qualidade que nossos clientes esperam e impulsionar ainda mais o crescimento da posição única da Vodafone Business", sublinha, no mesmo documento.
A ideia de que "a Vodafone tem de mudar" está sustentada nas constatação de que as circunstâncias na indústria de telecomunicações exigem mudanças. " O setor de telecomunicações europeu tem um dos ROCE [Retorno do capital ou retorno de investimento] mais baixos da Europa, juntamente com as maiores exigências de investimento de capital", indica a empresa.
Segundo o comunicado, isso resultou num retorno de investimento abaixo do WACC (o custo de capital) durante mais de uma década, com impacto no retorno total dos acionistas. A Vodafone realça ainda que o desempenho comparativo da Vodafone piorou ao longo do tempo, o que está relacionado com a experiência dos clientes, reconhecendo porém que a posição e desempenho no mercado variam de acordo com a geografia e o segmento. "Onde temos a combinação certa de forte execução local e uma estrutura de mercado racional, podemos crescer e gerar retornos", salienta.
Destacam-se ainda as diferenças entre os segmentos de Consumo e Negócios, com a área de Negócios (empresarial) a crescer em quase todos os mercados europeus.
"A nossa reviravolta deve ser construída a partir de nossas forças, mas precisamos de superar alguns desafios claros. Somos mais complexos do que precisamos ser, o que limita nossa agilidade comercial local", indica a mesma fonte.
A ideia de que o mercado de telecomunicações não está a gerar retorno para os investidores já é defendida há vários anos pelas principais operadoras de telecomunicações em Portugal e voltou a ser tema no debate do Estado da Nação, na conferência da APDC.
No plano de ação definido a Vodafone alinha três pontos chave: clientes, simplicidade e crescimento. Para além da redução de 11 mil funcionários a empresa vai realocar os investimentos em 2024 para a área de experiência do cliente e marca, mas estão também desenhadas iniciativas de crescimento com um plano de revitalização na Alemanha e ações continuadas no preço e revisão estratégica em Espanha, que este ano passou a fazer parte do Europe Cluster e tem agora à frente Mário Vaz, que foi CEO da Vodafone Portugal.
O SAPO TEK questionou a Vodafone Portugal que adianta que neste momento não tem nada a acrescentar ao comunicado da Vodafone.
Nota da Redação: A notícia foi atualizada com mais informação. Última atualização 9h43
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