A estratégia de criação dos Hubs dentro da Unicorn Factory Lisboa resulta da necessidade de criar comunidades verticais, com forte crescimento, agregando talento, startups, investidores e empresas em áreas estratégicas para potenciar o crescimento destas áreas. Este ano foram criados os Hubs de Web3, Gaming e AI (Inteligência Artificial) mas Gil Azevedo, diretor executivo da Unicorn Factory Lisboa, diz que há espaço para mais três ou quatro, em áreas relevantes, como a sustentabilidade, saúde e bem estar.
“Para assegurarmos o crescimento para empresas de maior dimensão temos de especializar o ecossistema criando escala”, explica em entrevista ao SAPO TEK. “A nossa capacidade de criar um ecossistema relevante passa por ter um foco mais forte, sermos faróis do ecossistema, para atração de inovação, talento e startups, posicionando Portugal, e Lisboa, nessa área”, acrescenta, lembrando que este modelo oi seguido por países como Singapura e Emirados Árabes Unidos, entre outros.
A escolha das áreas verticais é feita em sectores de elevado potencial, onde existem empresas e parceiros para criar massa crítica, uma comunidade de inovação e investidores. Para já a Unicorn Factory Lisboa está a investir nos Hubs de Gaming, Web3 e AI, que já estão em expansão e que estão a ajudar a consolidar bairros de inovação, que dão relevância a centros de inovação na cidade, uma estratégia que já garantiu o prémio de Capital da Inovação da Europa.
O Hub de Gaming está localizado no Saldanha e conta com a parceria da Fortis Games e a Associação de Produtores de Videojogos Portugueses (APVP), que representa as empresas nacionais no sector, mas também a Maleo, empresa de gestão de espaços de escritório. “O espaço já está fechado e tem lista de espera”, explica Gil Azevedo.
Veja as imagens do lançamento do Gaming Hub
Também o Hub Web3 está em desenvolvimento, com muitas empresas já instaladas em Alvalade, onde conta com três espaços de cowork e escritórios. A Poolside, Kübe/CV Labs e Sítio são parceiros, assim como a 3 Comma Capital e Gaimin e o hub tem ainda o apoio da Cuatrecasas. Entre os membros encontram-se a RealFevr e a Talent Protocol, num total de cerca de 30 startups ligadas ao sector.
Na área de Inteligência Artificial surgiu ainda a oportunidade de lançar o AI Hub, anunciado em fevereiro com a Microsoft Portugal, a Accenture e a Avanade, e que tem agora também como parceiro a Google Cloud. “Esta é uma área que está em ranca expansão, em que as empresas e sectores são transformados no dia a dia e está a surgir muita inovação”, adianta o diretor executivo da Unicorn Factory Lisboa.
O AI Hub vai abrir mais perto do final do ano, em Alvalade, e Gil Azevedo diz que há muito interesse de empresas e parceiros, e que a lista não está fechada. “Queremos ter os parceiros mais fortes associados ao projeto, com diferentes ângulos de atuação”, afirma, adiantando que o Hub está aberto a toda a comunidade e não apenas a quem está instalado no espaço.
“Há espaço para mais parceiros. Estamos confiantes que vamos ter mais novidades até ao arranque, é um sector que está a transformar os modelos de negócio”, defende o gestor da Unicorn Factory Lisboa.
A estratégia passa por continuar a alargar o número de Hubs de inovação, e as áreas abrangidas. Sustentabilidade, saúde e bem estar, assim como o sector alimentar, são sectores potenciais. “Ainda estamos a debater quais serão as áreas mas vamos continuar a crescer para 6 a 7 hubs”, afirma Gil Azevedo, afirmando que este ano “provavelmente ainda teremos mais um” mas não querendo adiantar qual a área escolhida. E os restantes? “No próximo ano teremos mais dois hubs”, indica, garantindo que até final de 2025 80% desta estratégia estará montada.
Uma fábrica para criar unicórnios com papel cada vez mais difícil
A Unicorn Factory Lisboa foi lançada em 2022 para criar um ecossistema de startups e scaleups e e agrega vários programas que apoiam empresas desde a fase inicial, com programas de incubação com a Startup Lisboa, e de aceleração com o Scaling Up.
A quinta edição do programa que ajuda a acelerar empresas para crescerem e se internacionalizarem foi agora lançado, e conta com oito startups que já levantaram mais de 35 milhões de euros em investimento e empregam atualmente 246 trabalhadores.
“Esta é uma fase de desenvolvimento que permite às empresas reforçar as equipas, escalar o produto e internacionalizar o negócio, acendendo a rondas de investimento de maior valor”, explica Gil Azevedo, dizendo que se pretende prevenir os erros mais comuns e evitar o “segundo vale da morte” onde muitas empresas acabam por falhar.
Das oito empresas escolhidas para o programa, quatro são portuguesas e sete abriram escritórios em Portugal, juntando-se a uma lista que atinge as 40 empresas de elevado potencial apoiadas no Scaling Up.
E estas serão unicórnios “fabricados” na Unicorn Factory Lisboa? “Todas têm potencial para serem empresas relevantes e com impacto relevante. Muitas não chegam a unicórnios mas não há problemas nisso, se forem empresas relevantes têm impacto na economia”, afirma Gil Azevedo.
O diretor executivo explica que é cada vez mais difícil atingir o estatuto de unicórnio, que implica uma valorização acima de mil milhões de dólares. “Se as condições fossem as mesmas de 2021 já teríamos, mas dois ou três unicórnios em Portugal”, admite, apontando a Unbabel, Indie Campers e Defined.ai como as startups que podia chegar a esse estatuto.
O que mudou foram as condições do mercado, e os múltiplos de valorização, com as condições de taxas de juro, mas também para a forma como se olha para a empresa, dando mais peso ao valor atual e menos ao potencial. “Empresas como a Unbabel, Indie Campers e Defined.ai estão bem posicionadas, mas a barra [de avaliação] é diferente”, justifica.
Gil Azevedo admite porém que em Portugal estamos em boa posição e que há um interesse crescente de empresas internacionais a quererem participar nos programas de aceleração, considerando o potencial do ecossistema português e as condições para expansão do mercado.
Em relação às iniciativas que o novo Governo está a desenvolver para apoio das empresas e das startups, o diretor executivo da Unicorn Factory Lisboa diz que “há medidas boas e que vêm complementar a primeira lei das startups que tem de evoluir”. Afirma porém que não é suficiente e que temos de ter capacidade de apoiar as startups de estágio mais avançado, que ficaram de fora, sobretudo na parte burocrática de acesso a fundos que precisa de ser mais agilizada.
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