No ano passado, os investidores americanos reduziram em 30% o investimento alocado a projetos de startups. O valor contabilizado pela PitchBook, num relatório que acaba de ser divulgado, aponta para investimentos de capital de 170,6 mil milhões de dólares. Menos que os 242,2 mil milhões investidos em 2022 e menos ainda que os 348 mil milhões de 2021, ano em que foi atingido um valor recorde.

Sem surpresas, a inteligência artificial foi a área que atraiu mais atenção (e dinheiro) dos investidores, arrematando um em cada três dólares investidos. Só a OpenAI e a Anthropic captaram 10% de todo o investimento alocado a startups nos Estados Unidos no ano passado. A enorme capacidade de computação necessária para treinar grandes modelos de linguagem justifica a necessidade constante de investimento destas e de outras empresas na mesma área.

Todo o ano de 2023 acabou por ser menos dinâmico em termos de negócios com startups, com o último trimestre a destacar-se pela positiva, altura em que foram completadas 3.934 operações de financiamento. Neste período verificou-se ainda uma ligeira recuperação no número de operações de dispersão de capital em bolsa (IPO).

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Ainda assim, a tendência para a redução dos valores de financiamento, já verificada em 2022 (capital e riscos e mesmo na valorização à entrada do mercado de capitais) manteve-se e nos últimos três meses do ano passado o valor investido foi o mais baixo desde 2019. A maior ponderação nos investimentos nota-se em todas as fases de financiamento dos projetos, desde o early stage.

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Os dados da PitchBook mostram ainda que as empresas americanas de capital de risco conseguiram angariar ao longo do ano passado 67 mil milhões de dólares, menos 60% que no ano anterior. Este valor é também o mais baixo dos últimos seis anos e deixa já algumas reticências em relação à capacidade para mais dinamismo no mercado em 2024, sobretudo no que se refere a operações de financiamento mais exigentes, em scaleups.

Um relatório da Atomico, divulgado no final de novembro, antecipava já uma queda do investimento global em projetos e empresas de tecnologia de 39%, que seria ainda maior na Europa, onde a consultora esperava um tombo de 45%.