O espírito de empreendedorismo está bem presente no Web Summit e é quase impossível ficar indiferente à profusão de microempresas em busca de investimento, de formas de fazer um upgrade à sua ideia com novas tecnologias e de visibilidade.
Para Francisco Jerónimo, da IDC, existe um grande entusiasmo em redor dos projetos inovadores. Em conversa com o SAPO TEK, o analista indicou que, embora o Web Summit se tenha tornado maior neste ano, é importante perceber qual é o impacto do evento no desenvolvimento das empresas. Tal como afirmou, é preciso avaliar se as startups estão a conseguir profissionalizar o seu processo de crescimento e não apenas a recolher mais financiamento.
Num universo de mais de 2.000 startups, apenas as bancas mais vistosas e as propostas mais disruptivas e arrojadas conseguem chamar à atenção do público, mas também de possíveis investidores. A competição está ao rubro e aqui vale quase tudo, sendo que há quem recorra a estratégias inusitadas para se destacar, como, por exemplo, oferecer brindes e chocolates a quem passa nas stands ou até mesmo vestir fatiotas chamativas.
O SAPO TEK decidiu investigar algumas das startups que se estendem pelos quatro pavilhões da Feira Internacional de Lisboa.
Clique na galeria para conhecer as startups e descobrir que projetos inovadores propõem.
As microempresas em exibição dividem-se por três categorias diferentes, consoante o seu estado de evolução e rendimento. De acordo com o sistema de organização do Web Summit, as Alpha correspondem às startups que, até ao momento, se encontram numa fase de pre-investimento, não tendo conseguido arrecadar mais de um milhão de dólares em financiamento.
A Alpha portuguesa uCount.gg está pela primeira vez no Web Summit e no seu dia de apresentação a equipa contou ao SAPO TEK que a sua banca está a ter mais adesão do que o esperado. Tal como elucidou o seu CEO, Tiago Lourenço, a startup quer criar uma plataforma online que “permite abranger todos os jogos e todos os tipos de torneio, facilitando a vida aos organizadores” de competições de eSports.
O projeto ainda está numa fase que a empresa considera ser “pre-alpha”, uma vez que o software ainda não está em produção. “Só no início do próximo ano é que vamos tentar levantar financiamento para fazer um «ataque ao mercado». Nesta fase estamos só a dar-nos a conhecer e tentar arranjar parceiros”, indica Tiago Lourenço.
Tanto a ViRSE, dos Estados Unidos, como a Dattico, da Bélgica, também são estreantes na conferência e especializam-se na área da realidade virtual (RV) e aumentada (RA), se bem que de formas diferentes.
Por um lado, a startup americana inspirou-se no conceito de “multiverse” para “desenvolver uma plataforma social de e-commerce através de RV”, indica Genevieve Schettino, Specialist na ViRSE. Por outro, a microempresa belga tem como objetivo é “transformar a forma de visualização de Big Data” e oferecer às empresas uma alternativa aos Data Centers, elucida Thomas Spanhaak da Dattico.
A startup belga participou no programa Alpha do Web Summit: “Nós completamos o nosso produto e estamos agora a apresentá-lo ao público e a tentar conseguir um caso de uso e parcerias, para, no futuro, o implementarmos numa empresa e o adaptarmos às suas necessidades”, acrescenta o Managing Partner da empresa.
Startups Beta: a caminho da expansão global
As microempresas que chegam ao segundo patamar já conseguiram lançar as suas ideias inovadoras e, na sua busca por investidores que as ajudem a crescer, costumam ser “repetentes” no Web Summit, à semelhança da 20tree.ai, fundada por empreendedores holandeses em Portugal. Segundo Anniek Schouten, co-fundadora e business developer, a empresa esteve não só na edição de 2018, como Alpha, mas também na de 2017 como projeto.
A 20tree.ai tem em vista a proteção das florestas e dos recursos naturais num planeta sob a pressão das alterações climáticas. A empresa transforma dados obtidos através de satélites através de algoritmos e machine learning em informação acerca do «estado de saúde» dos ecossistemas naturais e até de ameaças podem pôr em risco a biodiversidade. “Queremos ajudar as empresas a fazer decisões mais sustentáveis pelo bem do ambiente”, afirma Anniek Schouten.
Diretamente da Rússia para o Web Summit pela primeira vez, a idChess é uma startup na área das soluções em inteligência artificial e machine learing. Tal como contou o seu CEO, Peter Chernyshev, ao SAPO TEK, a empresa desenvolveu uma plataforma direcionada para entusiastas de xadrez que querem ser o próximo Garry Kasparov. A aplicação analisa as jogadas do utilizador para o ajudar a tornar-se mais eficiente. “Nós temos já um produto com mais de 1.000 utilizadores, assim como um «mapa» para o nosso futuro”, acrescenta.
O Web Summit é também uma oportunidade para startups Beta participarem em programas de investimento à semelhança do Starter Acceleration Program da EDP. Na primeira edição da iniciativa direcionada para projetos inovadores no setor da energia, a australiana Lexx sagrou-se como a vencedora, tendo sido premiada com 50 mil euros, avança a EDP em comunicado à imprensa. A empresa especializada inicialmente na área da aeronáutica desenvolve software que ajuda os técnicos de manutenção no desempenho das suas funções e a manter-se informados acerca dos equipamentos com os quais trabalham.
Para chegar ao topo é preciso crescer ainda mais
Na categorização das startups, o patamar superior é composto pelas empresas no nível Growth, as quais já iniciaram o seu processo de expansão global, conseguindo, em muitos dos casos, arrecadar valores acima dos três milhões de dólares.
A startup brasileira desenvolve software de gestão para pequenas e médias empresas, disponibilizando, segundo Marcelo Lombardo “tudo aquilo de que um empreendedor precisa” para pôr o seu negócio em andamento. Mas não é tudo: recentemente, a Omie expandiu a sua atuação para o mundo das fintech, passando a incluir serviços financeiros com o lançamento da Omie.Cash, uma conta bancária digital dentro do seu software.
Em seis anos de existência, a empresa brasileira conseguiu passar de apenas sete colaboradores para 700, afirma o CEO . “Já fizemos série A com um fundo de venturing capital brasileiro, também a série B com um fundo de primeira-linha americano. Estamos num ritmo de crescimento gigantesco na construção de uma empresa de múltiplos milhões de dólares”, indicou o responsável ao SAPO TEK.
Caso tenha um projeto inovador em fase inicial e quiser pô-lo a "render" para chegar ao topo, mas não conseguiu participar no Web Summit deste ano, pode já candidatar-se à edição de 2020 do programa de startups Alpha. Se já está a planear apresentar a sua ideia a um investidor, não se esqueça: não precisa de uma “fórmula mágica” para garantir apoio.
O Web Summit visto pelo SAPO TEK
O SAPO TEK está a acompanhar o Web Summit e para além das notícias de antecipação, nos próximos dias vai trazer os temas e as tendências mais relevantes. Encontramo-nos pelo Web Summit ou Night Summit?
Veja ainda a galeria de imagens que vamos recolhendo no nosso Diário do Web Summit.
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