SAP vai estender assistente inteligente a toda a oferta. O que pode Joule fazer pela sua empresa?

Cristina A. Ferreira

14 jun 2024 10:41

Os copilotos com inteligência artificial generativa estão na moda. A SAP também tem o seu e prepara-se para o estender a toda a oferta. O que pode o Joule fazer pela sua empresa, com que custos e em que áreas, foram algumas das questões esclarecidas pela empresa no SAPPHIRE em Barcelona.

A SAP vai estender o seu assistente inteligente à generalidade do portfólio de soluções da empresa. O Joule, que classifica e contextualiza dados de diferentes sistemas, foi apresentado em setembro do ano passado. Estreou-se no SAP SuccessFactors e tem vindo a ser alargado a outras soluções, como o SAP S/4HANA Cloud, SAP Build, SAP Integration Suite, entre outras. Até ao final do ano, chega ao SAP Ariba e ao SAP Analytics Cloud.

O Joule foi uma das estrelas do SAPPHIRE 2024, a grande montra do ecossistema de inovação e soluções da SAP, com uma versão europeia (que terminou esta quinta-feira em Barcelona) e uma versão americana, que aconteceu no início do mês. Pelos dois eventos, que combinam conferência e exposição, passaram cerca de 20 mil pessoas. Só a SAP Portugal levou ao evento uma comitiva de 60 pessoas, de 50 empresas clientes.

Em conversa com o SAPO TEK, Manos Raptopoulos, presidente da SAP para a região EMEA, acrescentou que, em toda a região, o interesse nos temas da transformação digital este ano foi tão grande que a tecnológica não conseguiu garantir a presença no evento de todos os interessados.

“O Joule vai ser o nosso novo front-end”, sublinhou o CEO Christian Klein (na foto) numa das apresentações com a imprensa durante o evento. O objetivo é que a ferramenta assuma cada vez mais o papel de interlocutor entre o utilizador ou programador e as soluções SAP, personalizado a ligação entre estas e a IA generativa que está por trás.

No final do ano, 80% das soluções mais usadas pelos clientes devem integrar já com a tecnologia e ter acesso a uma interação em linguagem natural, com uma ferramenta que acrescenta ao poder da IA “tradicional”, a capacidade de gerar novo conteúdo, com base em todo o conhecimento que encontra nas soluções SAP. Pode fazê-lo para gerar recomendações para equipas de gestão, validar automaticamente se todos os fornecedores da empresa estão alinhados com os requisitos de sustentabilidade, automatizar um conjunto de outras tarefas ou gerar código, alguns dos exemplos mais repetidos ao longo do evento.

Nesta fase, a prioridade da SAP está em mostrar as capacidades do Joule, que também dá mote para algumas das parcerias em destaque durante o evento, como a parceria com a Microsoft, para integrar o Copilot com a ferramenta equivalente da SAP. A ideia é permitir aos utilizadores uma experiência unificada e acesso contínuo a informações, a partir de interações com as aplicações empresariais da SAP e Microsoft 365.

Enquanto isso, a tecnológica admite que continua a trabalhar na fiabilidade da tecnologia, para que seja capaz de entregar resultados cada vez mais corretos e completos. Neste momento, o acesso às capacidades do Joule não estão associadas a custos adicionais. São uma extensão da oferta cloud, numa ferramenta que “vai chegar out-of-box a todos os clientes das nossas soluções empresariais”, explicou o CEO da SAP.

No futuro, à medida que o assistente for permitindo operações mais avançadas e já tiver demonstrado o seu potencial, a tecnológica admite rever o modelo de custo, para aplicar a mesma lógica que usa em todas as soluções cloud. O nível de uso dos recursos determina o preço pago pelo cliente, como explicou Julia White, responsável de marketing e soluções da SAP.

Para já, o Joule apenas consegue manter uma “conversa” em inglês, mas o plano é aumentar o leque de línguas disponíveis. Outro plano, para o assistente e restantes desenvolvimentos da SAP na área da IA, é manter o alinhamento com o enquadramento legal europeu do AI Act. Algo que, como explicou Jesper Schleimann, responsável pelo negócio de IA da SAP na EMEA, não vai ser difícil, porque a companhia alemã "desenvolve soluções no espírito dos princípios europeus". “O Joule pode parece idêntico a outros copilots mas se ‘abrirmos’ para ver o que tem dentro encontramos uma arquitetura muito particular” e alinhada com as orientações europeias, exemplificou o responsável.