Em entrevista ao TEK, Rui Cruz, CEO da Opensoft, explica que o resultado, que corresponde a um crescimento de 30% em comparação com 2023, espelha o “esforço comercial ao nível de oportunidades internacionais”, assim como a capacidade de concretização de soluções das equipas e a relação que tem vindo a ser desenvolvida com clientes estratégicos.

De acordo com o responsável, em 2024, a empresa teve a oportunidade de trabalhar com um maior número de parceiros internacionais, sobretudo com projetos nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), “uma geografia estratégica onde já se sente uma grande vontade de aprofundar a digitalização dos serviços públicos, essenciais ao desenvolvimento social e económico da região”.

Os PALOP são, aliás, um pilar estratégico para a Opensoft, com operações em Cabo Verde e Moçambique. “Nestas regiões temos encontrado oportunidades muito interessantes para colocar em prática a nossa expertise na área da digitalização da administração pública”, detalha Rui Cruz.

Entre os projetos desenvolvidos incluem-se portais de serviços públicos que, segundo o responsável, “servem de canais privilegiados para a prestação de serviços à distância e de forma desmaterializada, em áreas como a identidade digital, cumprimento de obrigações fiscais e documentos eletrónicos”. Destacam-se também projetos de faturação eletrónica, “incentivando o cumprimento voluntário de obrigações e apoiando o combate à fraude e evasão fiscal”.

O caso dos PALOP distingue-se por estarem em fases de desenvolvimento distintas, tendo iniciado o seu processo de digitalização mais tarde. Ainda assim, seria injusto dizer que não existem já projetos com resultados excelentes”, afirma.

Um desses exemplos é o mercado cabo-verdiano, onde os governos locais têm vindo a apostar na transformação digital da administração pública, reconhecendo a “importância de maximizar a relação com o cidadão através de canais digitais”.

Na visão da Opensoft, este tipo de progresso demonstra que “a construção de um paradigma de e-government que esteja realmente ao serviço do cidadão requer um contexto de estabilidade política e social que facilite a colaboração entre atores estratégicos”. “Isto é crucial para o sucesso de todas as iniciativas, em qualquer região”, realça Rui Cruz.

Digitalização ao serviço dos cidadãos

A par dos esforços de internacionalização, a Opensoft mantém o foco no desenvolvimento de soluções tecnológicas para a administração pública em Portugal, com projetos que mantém desde 2001 e que pretende dar continuidade em 2025.

“Colaboramos com a Administração Pública há décadas e esta relação permite-nos amadurecer a forma como desenvolvemos projetos ligados à digitalização dos serviços públicos”, indica o responsável, acrescentando que este contacto é essencial para delinear as principais necessidades dos cidadãos.

“Com a democratização da Internet, naturalmente, temos sentido um maior grau de exigência para melhorar os serviços públicos, cada vez mais focados em criar um modelo de e-government com crescente maturidade, interoperabilidade e capacidade de servir o cidadão”, afirma Rui Cruz.

Nesse sentido, o grande desafio passa por garantir que as soluções desenvolvidas “chegam a toda a população e que têm a capacidade de evoluir à medida que as necessidades ou paradigmas vão mudando”.

Por exemplo, o desenvolvimento de soluções acessíveis para cidadãos com diferentes graus de literacia digital é desafiante, mas, na visão do CEO da Opensoft, representa uma oportunidade para criar opções mais simples e intuitivas em contextos bastante complexos.

A interoperabilidade também se afirma como um desafio onde a empresa identifica oportunidades para crescer, garantindo que “a informação flui de forma eficiente entre plataformas, respeitando todos os requisitos de segurança inerentes”.

Na visão de Rui Cruz este é “um desafio e uma oportunidade de agilizar processos, aumentar a verificação automática de dados e diminuir a quantidade de informação que é solicitada ao cidadão, reforçando o rigor e a transparência dos serviços”.

Para a Opensoft, dar conta dos novos desafios da digitalização não seria possível sem a aposta no crescimento e capacitação técnica dos colaboradores. O talento é uma prioridade para a empresa e, depois de ter ultrapassado a marca dos 100 colaboradores em 2023, o objetivo para este ano passa por reforçar a sua equipa com “mais 15 profissionais, entre eles engenheiros de software, analistas e gestores de projetos”.

Em 2025, a tecnológica portuguesa está focada no crescimento do negócio, centrando-se na internacionalização, mas também nas oportunidades a nível nacional, apostando no aumento e capacitação da sua equipa, assim como na “continuidade do investimento na investigação de soluções inovadoras e desenvolvimento de novas ferramentas”, detalha Rui Cruz.

A Opensoft tem acompanhado as tendências e transformações que vão surgindo no sector e, como realça o responsável, está determinada em “continuar a melhorar a forma como os serviços são prestados ao cidadão”, aproveitando as novas oportunidades que as tecnologias trazem.

A tecnológica já tem iniciativas em curso para explorar o potencial da inteligência artificial, neste caso, numa perspetiva de automação, conta o responsável.

No ano passado, a empresa desenvolveu uma prova de conceito de um chatbot que permite a interação com colaboradores e responde a questões com base em informação da sua ferramenta de base de conhecimento. Para este ano, a Opensoft espera aplicar a tecnologia em soluções para os seus clientes, de olhos postos “na relação com os utilizadores e no apoio à decisão”, afirma Rui Cruz.