A semana passou num instante com tanto o que havia para ver em Barcelona, em mais uma edição do Mobile World Congress (MWC), a principal feira e conferência dedicada à tecnologia móvel na Europa. As novidades começaram a chegar ainda antes da abertura oficial, a 3 de março, e no SAPO TEK foi preciso acelerar para conseguir acompanhar as principais tendências e ver os melhores gadgets antes do recinto fechar portas a 6 de março.

A GSMA, que organiza a feira, já partilhou números, registando mais de 109 mil visitantes,  mais de 2.900 expositores e 1.200 oradores nas conferências. A representação de mulheres é ainda muito desiquilibrada, contabilizando apenas 27% dos visitantes, embora o número suba para 41% entre os oradores.

Palmilhámos os 8 (+1) pavilhões da Fira Gran Via para falar com centenas de empresas, passando dos grandes stands como o da Huawei, Xiaomi, Samsung, Honor ou Qualcomm aos espaços mais pequenos das startups no 4YFN, experimentámos produtos (alguns dos quais tinham filas de espera ou eram reservados aos VIP como o Xiaomi SU7 Max) e falámos com centenas de pessoas, entre especialistas de produto, analistas, empreendedores e visitantes.

Veja as imagens captadas pela equipa do SAPO TEK numa visão "por dentro" do MWC

Como sempre, não nos esquecemos de procurar as empresas portuguesas que marcam presença no MWC. Algumas são repetentes e outras estreiam-se em Barcelona. Há stands de maior dimensão como acontece com a TIMWE e WIT, que são presenças habituais, e espaços mais pequenos mas dinâmicos.

No 4YFN, a área dedicada às startups, este ano a representação lusa foi recorde, com 18 empresas apoiadas pela Startup Portugal através do programa Business Abroad. Aqui há vontade de fazer negócio e apostar no crescimento de projetos que já têm alguma maturidade e levantaram investimento de 10 milhões de euros e empregam 250 pessoas.

A maior desilusão foi mesmo não termos conseguido contactar com a empresa eSIM.io, que ofereceu, em parceria com a GSMA, um eSIM com 5GB a todos os participantes, com lugar de destaque na aplicação da feira. É uma empresa com sede na Madeira e não estava fisicamente presente, ou não aparecia na lista, e ninguém nos conseguiu dar um contacto, nem a organização. Ainda não desistimos e esperamos nos próximos dias ter novidades.

No dossier que dedicámos ao MWC25 estão agregadas as notícias que publicámos ao longo da semana, mas não podíamos deixar de fazer um balanço final com as principais impressões da feira, que partilhamos em 4 pontos.

4 destaques do MWC25:

. Uma feira maior (e melhor)?

Para quem acompanha há vários anos o MWC é fácil verificar que a feira parece ter voltado aos tempos áureos de antes da pandemia de Covid-19, depois de um regresso tímido 2022 e 2023, já com mais "energia" em 2024. Os acessos e os corredores registaram novas enchentes, embora as entradas tenham decorrido de forma rápida e eficiente em todos os momentos, com a ajuda dos códigos de registo digitais e da divisão pelas duas entradas, a norte e sul do recinto.

Os 8 pavilhões ajudam a "dividir" as audiências por temas, sendo o pavilhão 2 e 3 os mais "atraentes" para quem procura gadgets como smartphones, wearables e até robots. Este ano a área de 4YFN voltou a ocupar o pavilhão 8 e o 8.1 mas fora da exposição principal, na Fira Montjuïc,  estreou-se a Talent Arena, que terá recebido mais de 20 mil visitantes.

Mas apesar da enchente, sente-se menos representação internacional, e entre os visitantes há um domínio maior dos "nacionais" de Espanha, mesmo com diversidade dos expositores e vários pavilhões nacionais de grande dimensão, como o da França e do Brasil.

Mobile World Congress 2025 - Barcelona
Mobile World Congress 2025 - Barcelona

. O domínio da China com mais "toques" orientais

Vários profissionais do sector e analistas referiram ao SAPO TEK o domínio crescente das empresas chinesas, nas várias áreas de infraestrutura e serviços, mas também de equipamentos. Isso é também visível nos prémios GLOMO que todos os anos são atribuídos pela organização da GSMA.

A Xiaomi ganhou o prémio de "melhor do show" com o Xiaomi 15 Ultra enquanto a Huawei continua a ser a vencedora incontestada a área da infraestrutura de rede móvel desde 2022, ganhando também a distinção de melhor inovação em conjunto com a China Mobile.

Xiaomi SU7 Ultra no MWC25
Xiaomi SU7 Ultra no MWC25 créditos: SAPO TEK

O júri escolheu a SK Telecom da Coreia do Sul para os melhores serviços móveis e a japonesa Rakuten para melhor inovação para a vida digital, mas há poucos nomes europeus, ou americanos, na lista de prémios. Coincidência? Provavelmente não.

. Inteligência Artificial a tomar conta de tudo (ou quase)

Não há dúvidas de que a Inteligência Artificial é o grande tema do MWC, como tem acontecido com todas as feiras e apresentações, e está em tudo, ou quase tudo, e em todo o lado. Difícil era encontrar alguma solução, serviço ou produto qu não tivesse Inteligência Artificial integrada, mais ou menos profundamente.

Nos smartphones é um dos grandes argumentos de venda, apesar de ainda não ser dominante e estar a dar os primeiros passos, com uma luta surda entre o Gemini da Google, o ChatGPT da OpenAI e mais recentemente o DeepSeek que já está a responder a questões em smartphones na China.

Mesmo sem ser transformadora, a experiência nos smartphones com IA está mais na fotografia e gestão de background, como a bateria, para além de pequenas melhorias na interação, escrita de conteúdos, transcrição e resumos.

Francisco Jerónimo, analista da IDC, adiantou ao SAPO TEK que neste momento apenas 19% do smartphones são vendidos com IA, mas o número sobe para 33% este ano e vai chegar a 75% em 5 anos. "A IA ainda não marca a decisão, sobretudo para levar os consumidores a renovar os equipamentos mais cedo", justifica.

Para além do Xiaomi 15, que ganhou o prémio de melhor do MWC, e de outros equipamentos como os novos Honor Magic7 e os Samsung Galaxy S25, a T-Mobile reforçou o AI Phone que tinha apresentado no ano passado. Vai ser comercial até final do ano com a Magenta AI, baseado no assistente da Perplexity, e mais um mix de outras ferramentas de Inteligência Artificial que podem vir a fazer a diferença num modelo "sem apps". Será este o caminho?

. Poucas novidades "wow"

Esta é também uma das conclusões. As novidades que encontrámos no MWC são incrementais, de ecrãs flexíveis, smartphones mais artilhados na fotografia, robots pouco mais "móveis" e soluções com mais agentes de IA.

A Samsung tinha na área de ecrãs uma mostra do que está a preparar, onde se encontra o protótipo de uma consola dobrável, e no stand do Pavilhão 3 o Samsung Edge, que tem vindo a ser anunciado como o mais fino do mundo, ainda sem se saber as especificações, mas que pode perder o título para o Spark Slim da TECNO.

a Xiaomi tem uma nova linha dedicada à fotografia, com o Xiaomi 15 Ultra a ser apresentado como o "pináculo" da tecnologia, e mostrou um novo conceito com uma lente adicional, o Xiaomi Modular, a funcionar sobre um Xiaomi 15 que o SAPO TEK experimentou. Mas a estrela no stand era sem dúvida o carro elétrico da marca, na versão SU7 Ultra, só para exposição, e o SU7 Max, que podia ser "visitado", uma experiência que também fizemos.

Veja as novidades que selecionámos entre os melhores do MWC

Havia menos robots nos stands, e já não geravam tanta atenção como no ano passado, mesmo quando se movimentavam pela feira, nos corredores principais ou no backstage, o que mostra que o efeito "wow" já passou. Até a robot Ameca envelheceu e está mais ponderada.

No próximo ano há mais, com mais IA, ecrãs flexíveis e tecnologias novas, certamente. A data já está marcada para 2 a 5 de março de 2026 e contamos estar por lá!