Se tudo corresse como planeado, hoje seria o início de uma semana repleta de novidades tecnológicas, o Mobile World Congress 2020. O evento reúne anualmente em Barcelona fabricantes, imprensa mundial e muitas empresas à procura de oportunidades de negócio relacionado com tecnologia mobile, sejam redes e infraestruturas, aos terminais e smartphones. Todos os anos o SAPO TEK acompanha de perto os principais anúncios, experimenta em primeira-mão o que as fabricantes levam para o certame, mas 2020 fica marcado pelo seu cancelamento devido ao surto do Coronavírus que está a deixar marcas um pouco por todo o mundo. Já existem empresas a cancelar a participação no GDC nos Estados Unidos em março, como o Facebook e a PlayStation.
Mas sem dúvida que o cancelamento, quase à última hora pela GSMA deixou marcas na cidade. Muitas tecnológicas viram-se obrigadas a cancelar os seus compromissos profissionais, incluindo marcações em hotéis, restaurantes, transportes e outros serviços. E a organização do evento não parece disposta em recompensar as empresas do seu prejuízo. Mas há algumas que mantiveram os seus planos, incluindo a Huawei, cujo convite ao SAPO TEK para ver as suas novidades continuou em pé, mantendo-se assim a tradição anual. Mas antes de conhecer os novos produtos, decidimos tentar compreender o impacto que ausência do evento causou na cidade de Barcelona, sobretudo na área da Fira Barcelona.
Logo na chegada à cidade notou-se um aeroporto calmo, sem a habitual azáfama e filas para levantar as credenciais, nos diferentes balcões disponibilizados pela organizadora do MWC. O hotel estava igualmente tranquilo, considerando a proximidade da Fira Barcelona, o local do evento. “Numa situação normal, a não ser que fosse reservado com bastante antecedência, nem sequer conseguiríamos estar tão perto”, referiu um colega lembrando-se das anteriores edições.
Olhando para os números conhecidos, estima-se que as empresas que participam no MWC investem entre os 15 mil e 14 milhões de euros. Só no ano passado, a feira garantiu mais de 500 milhões de euros em investimento local pelos seus participantes. Milhares de trabalhadores, estudantes e voluntários ligados ao evento e nas imediações do evento deixaram de trabalhar durante estes dias. O evento realiza-se na capital da Catalunha desde 2006 e tem contrato até 2023.
Segundo o rececionista do Hotel Havana, onde ficámos instalados, embora o hotel não estivesse “vazio”, na verdade tinha uma taxa de ocupação de 89% para a semana do MWC, o cancelamento teve muito impacto. “Para todos os negócios, os taxistas, hotéis, a semana do evento, ou melhor, os 4 dias do evento, representam dois meses de negócios. Para muita gente era bastante importante”, referiu o funcionário. O MWC afeta todo o centro de Barcelona, mas sobretudo a área da Fira Barcelona na Gran Via, onde decorre o evento. “Os restaurantes normalmente contratam mais pessoas temporariamente nestes dias, mas este ano já não dá”, acrescenta. Apesar de não haver casos de Coronavírus, o empregado reconhece que tem havido esforços em precauções, dando o exemplo de Itália, que “de um dia para o outro” surgiram casos de infetados.
Fomos então ao “ground zero” do MWC, no centro de convenções Fira Barcelona, e num dia que era suposto ser caótico, de uma maré de pessoas em filas para entrar, o local parecia uma cidade-fantasma. Não havia já qualquer referência ao Mobile World Congress, praticamente tudo já havia sido retirado. À porta do pavilhão ainda estava a realizar-se obras de remoção dos últimos detalhes do evento. “Muita gente que vinha para trabalhar perdeu muito dinheiro e é uma pena, uma feira deste nível ser cancelado”, referiu o segurança do pavilhão ao SAPO TEK. “Isto hoje seria uma loucura num dia normal de feira. Estava tudo pronto até ser cancelado, mas se deus quiser para o ano há mais”, desabafou o homem, enquanto abanava a cabeça.
No café da bomba da gasolina, em frente à Fira Barcelona também estava tudo calmo, havia dois ou três clientes. O empregado de balcão também lamentou o cancelamento e o potencial de negócio perdido. Talvez o maior espelho do efeito do cancelamento tenha sido o Fira Congress Hotel, que fica do outro lado da estrada dos pavilhões. Um ano antes já estava totalmente esgotado para a nova edição do MWC, mas segundo nos confirmou a rececionista, atualmente só tinham três quartos ocupados, confirmando a nossa observação que não havia vivalma no edifício. Apesar dos cancelamentos, as reservas foram pagas, pelo que nem tudo se tinha perdido no hotel.
Apesar do evento ser quatro dias, o MWC representa, por norma, trabalho adicional para cerca de um mês, como nos referiu um taxista. É que cerca de 15 dias antes, as corridas para o aeroporto intensificam-se com a vinda dos técnicos e trabalhadores que chegam mais cedo para começar a montar os stands das marcas participantes. Depois há o evento, e na semana seguinte há nova azáfama para desmontar as estruturas, o que significa que também os hotéis e restaurantes trabalham bem o mês todo.
Apesar do cancelamento ter prejudicado muitos trabalhadores e empresas, praticamente todos os entrevistados concordaram que em primeiro lugar estava a saúde e que para evitar contágios e eventuais mortes das pessoas, foi melhor assim. O taxista refere que trabalhava-se muito bem neste período, mas para o ano há mais, pois todos os anos há tecnologia, “já a vida de uma pessoa, uma vez perdida, é para sempre”…
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