O ministério da economia anunciou esta quarta-feira que fechou um acordo com o fundo alemão Mutares, para a venda da sua participação maioritária na Efacec. Nos termos do acordo com a empresa alemã, o Estado vai injetar mais 160 milhões de euros na Efacec. Nos últimos meses já tinha colocado na companhia 200 milhões de euros.
João Nuno Mendes, secretário de Estado das finanças, explicou na apresentação do negócio que os 200 milhões de euros em suprimentos entregues à Efacec, ao longo dos últimos meses, serviram para pagar salários e responder a outros custos fixos da empresa.
Tudo somado, o Estado injeta na Efacec 360 milhões de euros, via Parpública, a que se juntam 35 milhões de euros num empréstimo coberto pelo Banco Português de Fomento, que será feito por via da emissão de obrigações convertíveis em capital e que tem um prazo de oito anos.
A Mutares vai investir 15 milhões de euros na Efacec, desde já, e disponibiliza 60 milhões de euros em garantias. Assume o compromisso de durante três anos não vender a empresa e, segundo o ministra da Economia, de manter o centro de operações da Efacec em Portugal e a força de trabalho existente.
Em conferência de imprensa, António Costa e Silva, referiu que que "eventualmente poderá haver um ajustamento pontual", mas sublinhando que a Mutares disse ao Governo que tem planos para "reforçar postos de trabalho de engenharia" e para avançar com programas de requalificação profissional, cita o Diário de Notícias.
Para que o negócio fosse possível todos os acionistas e credores tiveram de aceitar perdas elevadas. As perdas totais para os acionistas serão de 309 milhões de euros. Somando a este valor os restantes contributos dos agentes de mercado (acionistas, bancos, obrigacionistas, Mutares), chega-se a um valor de 513 milhões de euros, como salientou o Governo e como relata o Económico.
“O fim da Efacec seria desastroso para o país e para o norte”, sublinhou António Costa Silva, acrescentando que a empresa não é só importante porque emprega cerca de 2.000 pessoas, mas também porque alimenta uma rede de 2800 fornecedores.
O governo diz, por isso, que o negócio não pode ser avaliado apenas numa lógica estritamente financeira. As críticas à distribuição de investimento entre o comprador e o vendedor, claramente desproporcional para o Estado, já foram alvo de críticas da oposição.
O Governo assegura que esta foi a melhor proposta que lhe chegou, numa altura em que a empresa estava já no limite. Ainda assim, para conseguir concretizar a venda foi necessário equilibrar o balanço e aceitar a distribuição desproporcional do investimento associado.
A venda à Mutares surge mais de três anos após a nacionalização de quase 72% do capital da empresa, participação que passa agora para as mãos do fundo alemão, juntamente com o resto do capital da empresa, que acabou por ser eliminado, na sequência de uma operação de redução e aumento de capital. As participações minoritárias da José de Mello e da Têxtil Manuel Gonçalves acabaram por desaparecer nesta operação e a Mutars passa a controlar 100% da Efacec.
O acordo de venda prevê que o estado possa recuperar parte do dinheiro agora investido: dois terços dos lucros em caso de venda e 75% numa eventual distribuição de dividendos ou caixa.
As receitas da Efacec caíram abruptamente nos últimos anos. Em 2019, a empresa faturou 400 milhões de euros e no ano passado não foi além dos 100 milhões. O novo dono da Efacec estima que em cinco anos a empresa estará a dar lucros.
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