
O tempo de “começar” a avaliar projetos de Inteligência Artificial Generativa já passou, e a convicção de que mais do que protótipos esta é a altura para casos de transformação, que mudam os negócios, é bem clara para Pedro André Martins, diretor executivo da Devoteam para a área de dados e inteligência artificial. Em entrevista ao SAPO TEK destacou o valor que a tecnologia está a trazer às empresas, com exemplos portugueses.
A Devoteam reuniu mais de 100 os casos de utilização da Inteligência Artificial Generativa, em projetos específicos de algumas indústrias, mas também em áreas genéricas, que são comuns a todas as empresas. Das telecomunicações às áreas da Administração Pública, passando pela Saúde, Indústria, Logística e retalho, o documento aponta aplicações em reporting e analytics, experiência de clientes, recursos humanos, design de produto, teste com gémeos digitais e muitos outros exemplos.
Em Portugal há também casos concretos, como o sistema Helena dos CTT, o primeiro transacional da Europa que já tem resultados práticos com a redução de 30% nos contactos e uma fiabilidade elevada de resposta, ou o PIO do Montepio, uma plataforma de bots para acesso a informação crítica em tempo real.
Pedro Martins recorda que a Devoteam está a trabalhar em 22 países, com algumas das maiores empresas, mas que a aposta na Inteligência Artificial Generativa já foi feita há vários anos. A empresa comprou a tecnológica portuguesa Singularity Digital Enterprise , que Pedro Martins tinha fundado em 2016, depois de ter adquirido a Bold em 2015, e a Integrity, e integrou as competências e a equipa que estava a desenvolver esta área de dados e IA em Portugal, dando continuidade e alargando sta área.
Para Pedro Martins a questão já não passa por se ou quando as empresas vão adotar tecnologias de IA generativa mas pelas opções certas nos projetos. “Aconselhamos as empresas a apostar nos ‘game changers’, nas áreas onde pode criar mais valor”, sublinha, alertando para os riscos da dispersão em muitos protótipos.
“Falámos com uma empresa que estava a desenvolver 750 provas de conceito, não faz sentido […] tem de haver um trabalho da gestão porque aproveitar o poder da IA exige uma abordagem estratégica e uma compreensão profunda dos desafios e oportunidades”, justifica Pedro Martins.
Mais empresas a explorar casos transformadores em IA
Um estudo divulgado no início de abril, o TechRadar, revela que quase três quartos das organizações (70%) já estão a explorar soluções baseadas em inteligência artificial, e identifica seis grandes tendências que vão marcar o sector tecnológico nos próximos meses.
Para o especialista as organizações devem resolver algumas questões que são essenciais para que os projetos sejam bem sucedidos, especialmente a nível da qualidade e disponibilidade dos dados, mas também na conformidade legal e ética. Construir uma equipa com competências e fazer uma abordagem centrada no cliente fazem também parte das recomendações, assim como escolher a tecnologia e plataformas mais adequadas.
Pedro Martins destaca também a importância de escalar os esforços de IA e passar à fase de industrialização, integrando a aplicação nos fluxos de trabalho para que o valor se reflita rapidamente no negócio. Mas os riscos têm de ser ponderados de forma séria, nomeadamente no impacto que a falta de fiabilidade das respostas dos modelos pode ter, nos orçamentos e receitas caso seja feita uma má implementação da tecnologia.
É a combinação da aposta nos casos que são “game changers”, os dados com qualidade, conhecimento do negócio e a oportunidade que vão transformar a Inteligência Artificial numa vantagem competitiva para as organizações.
“As empresas têm de decidir se vão ser 'AI makers' ou 'AI takers'. E a fatia de leão é para os 'makers'”, defende o diretor de IA e Cloud da Devoteam, destacando ainda a capacidade de investir e ter modelos próprios e dados diferenciados.
A tendência sente-se nas empresas de grande dimensão e em alguns sectores, em especial no financeiro e no farmacêutico, mas também há pequenas e médias empresas, embora estejam mais atrasadas como grupo económico, com menos competências e menor capacidade de inovar.
Pedro Martins lembra ainda que esta é uma área que requer um ciclo de inovação constante, mas sublinha que a expectativa é que nos próximos 5 anos o mundo passe para uma lógica de “IA em todo o lado”, com mais IA no trabalho e na vida pessoal, e uma democratização do acesso.
“Estamos ainda no início, há muito trabalho de dados, de perceber os processos de negócio”, afirma, adiantando que também é preciso colocar a “a capacidade humana de absorção da IA para o aplicar aos objetivos da empresa e nas áreas onde é possível tirar vantagens competitivas”.
“É muito importante escolher, não podemos ir a todas as áreas”, sublinha Pedro Martins, afirmando que isso faz parte do seu trabalho atual, trabalhando com as empresas nesses casos transformadores e deixando as ferramentas modulares como o Copilot para as tarefas mais padronizadas.
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