O cabo submarino da Google, que ligará os Estados Unidos a Portugal com amarração nos Açores, vai “democratizar o acesso à tecnologia”, prevendo-se um impacto de 500 milhões de euros na economia nacional, anunciou hoje a tecnológica.
“Estamos muito satisfeitos por anunciar a extensão do cabo ao arquipélago. Achamos que o Nuvem vai melhorar a resiliência da rede em todo o Atlântico, ajudando a satisfazer a crescente procura de serviços digitais”, afirmou o diretor (CEO) da Google em Portugal.
Bernardo Correia falava no Palácio da Conceição, em Ponta Delgada, Açores, na apresentação do cabo submarino da Google designado por “Nuvem”, que vai ligar os Estados Unidos à Europa, com amarração no arquipélago açoriano e em Sines.
O responsável da Google considerou que o projeto, além de “reforçar o compromisso histórico” entre os Estados Unidos e Portugal, vai apoiar o “desenvolvimento das infraestruturas de tecnologia de informação”.
“Um investimento desta natureza pretende democratizar o acesso à tecnologia e aos dados. Com este novo cabo Nuvem, queremos que seja um condutor para novas ferramentas de inteligência artificial, serviços de cloud e ferramentas de transformação digital que ajudarão a corresponder às exigências”, reforçou.
Em 04 de julho, a Google pediu ao regulador americano uma licença para construir um cabo submarino de fibra ótica de 6.900 quilómetros, que vai amarrar nos Açores e Sines, afirmando tratar-se da primeira ligação direta entre Estados Unidos e Portugal, de acordo com um documento a que agência Lusa teve acesso. A tecnológica pretende ter o sistema operacional em 2026.
Hoje, na apresentação, a Google adiantou que “ainda não fez a análise económica” relativa ao "Nuvem", mas disse esperar que o retorno para a economia do país seja semelhante ao resultante da ligação do cabo "Equiano" (entre Portugal e África), cifrado em cerca de 500 milhões de euros.
“Embora não tenhamos feito as contas para o Nuvem, no caso do Equiano os estudos mostram que o impacto combinado (…) foi projetado na casa dos 500 milhões de euros para a economia nacional. Esperamos que o Nuvem esteja nessa ordem de grandeza e magnitude”, declarou.
Bernardo Correia destacou que, apesar de se tratar de um investimento da Google, o “excesso da capacidade” do cabo “poderá ser utilizado pelos outros operadores”.
Segundo disse, aquele cabo submarino vai permitir a “redução da latência na transmissão de dados na rota transatlântica”, tratando-se de “um primeiro passo importante para trazer os Açores de volta a um lugar central no mapa das comunicações global”.
Na sessão, a cônsul dos Estados Unidos em Ponta Delgada, Margaret Campbell, afirmou que a “posição dos Açores no centro deste projeto é testemunho da importância geoestratégica do arquipélago”.
O presidente do Governo dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM), em declarações aos jornalistas, também realçou a “posição geocêntrica” do arquipélago e revelou que o executivo regional tem vindo a trabalhar com a multinacional americana “sem ruído e publicidades”.
Bolieiro ressalvou que as “decisões definitivas são da Google”, mas adiantou que a amarração deverá ser “tendencialmente” feita na cidade da Lagoa, em São Miguel.
“Não quero assumir méritos públicos do mérito privado. Temos é uma visão estratégica e tudo fizemos para que a escolha fosse pelos Açores”, declarou o líder regional, avançando que não está “nada mensurado” quanto a um possível investimento regional no projeto.
Já a presidente da Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) disse que o projeto da Google é uma “importância enormíssima” devido à capacidade para promover uma “conectividade de qualidade”.
“Quantos mais cabos, mais resiliência. Hoje em dia, com grandes desafios geopolíticos, o melhor é termos maior resiliência e mais segurança nas comunicações. Vai permitir uma latência e concetividade de qualidade”, sinalizou Sandra Maximiano.
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