Donald Trump tem vindo a ameaçar a Apple com aumentos de tarifas de 25%, caso a empresa liderada por Tim Cook não fabricasse os iPhones nos Estados Unidos que fossem vendidos no país. As ameaças surgiram depois da notícia de que o governo indiano tinha aprovado a construção de uma nova fábrica de semicondutores, num consórcio entre o Grupo HCL e a Foxconn, uma das empresas responsáveis pelos smartphones da Apple, em investimento de 500 mil milhões de dólares. 

As medidas da Apple de direcionar a produção do iPhone para Índia e Brasil foram tomadas depois das tarifas impostas à China de 40%. A pressão de Trump colocou Tim Cook entre a espada e a parede, por um lado de ver o preço do iPhone aumentar 25% nos Estados Unidos, por outro, o cancelamento dos compromissos que já tinha com a Índia poderiam significar valores avultados para a marca da maçã

Apple vai investir 500 mil milhões de dólares “em casa” nos próximos 4 anos
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Donald Trump, que acaba de aplicar tarifas à Índia de 25% caso continue a importar petróleo russo, segundo a Reuters, anunciou que a Apple vai investir mais 100 mil milhões de dólares nos Estados Unidos. Este aumento, que deverá afetar a Apple se mantiver o plano de fabrico do iPhone nesse país, vem acompanhado de uma declaração do próprio Donald Trump de que a empresa de Tim Cook vai investir mais 100 mil milhões de dólares nos Estados Unidos. 

Este novo valor vai somar os 500 mil milhões de dólares que a Apple tinha prometido em fevereiro de investimento no seu país ao longo dos próximos quatro anos. O valor vai cobrir várias áreas, da investigação à formação, passando pela inteligência artificial e capacidade de produção de chips. Promete também contratar 20 mil novos colaboradores neste período, enquanto põe no terreno o maior investimento já anunciado pela empresa no país. A maior parte dos novos empregos vão estar ligados a atividades de I&D, desenvolvimento de software e outras áreas de engenharia, nomeadamente associadas à IA e processadores.

Se 500 mil milhões de dólares é um elevado investimento, essa não terá sido a ideia de Trump, que quis mais. O valor adicional concordado vai ser usado para expandir a capacidade de fornecimento da Apple e instalações avançadas de fabricação no país. Ainda assim, nada indica que este investimento adicional satisfaça o verdadeiro pedido do presidente dos Estados Unidos da Apple começar a fabricar o iPhone domesticamente. 

Trump volta a ameaçar Apple: Ou fabrica o iPhone nos Estados Unidos ou paga 25% de tarifas
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“Empresas como a Apple, estão a regressar a casa. Estão a regressar a casa”, disse Trump aos repórteres diretamente da Sala Oval da Casa Branca, cita a Reuters. Momentos antes, Tim Cook tinha oferecido uma lembrança feita nos Estados Unidos com uma base em ouro de 24K. “Este é um passo significativo na direção do objetivo final de garantir que os iPhones vendidos nos Estados Unidos sejam fabricados no país”, acrescenta Trump. 

Ainda assim, Tim Cook foi evasivo aos jornalistas, referindo que muitos componentes, como semicondutores, vidros e os módulos do Face Id já são construídos domesticamente, mas que a montagem final vai continuar no estrangeiro “por algum tempo”. 

O efeito das tarifas impostas por Donald Trump terão custado à Apple 800 milhões de dólares no último trimestre, o que parece uma gota, considerando que as receitas chegaram aos 94 mil milhões de dólares no terceiro trimestre fiscal, num aumento de 10%. Terá sido impulsionado pelo clima de incerteza sobre o aumento dos equipamentos, levando a uma maior procura pelos consumidores. 

Os analistas concordam que o novo investimento parece ser um bom passo na direção certa da Apple, ajudando a manter boas relações com Trump, depois da tensão nos últimos meses. A notícia resultou num crescimento de 5% das ações da Apple no encerramento da Bolsa de Valores desta quarta-feira.