O sector da tecnologia continua a ser um dos mais dinâmicos a nível de emprego este ano. Segundo o ManpowerGroup Employment Outlook Survey, relativo ao primeiro trimestre de 2023, a área das Tecnologias da Informação é a segunda com a atividade de contratação mais dinâmica e com uma Projeção de Criação Líquida de Emprego de +28%.
No top 10 das posições com maior procura este ano estão funções relacionadas com a cloud, que continua a ser um dos maiores motores de investimento na transformação digital das empresas, funções relacionadas com a segurança, tecnologias SAP ou Agile, conforme é possível ver em maior detalhe na infografia construída a partir de dados fornecidos pela Hays.
“Devido ao grande número de empresas que procura Portugal para abrir centros de
competências internacionais ou para identificar talento para trabalhar remotamente, tanto numa perspetiva de contracting, como de quadros permanentes, hoje em dia temos em Portugal um scope tecnológico muito mais alargado”, como sublinha a equipa de tecnologia da Hays Portugal. Muitas empresas têm também vindo a “reforçar os seus departamentos de Software Development, Infraestruturas e ERP/CRM, o que tem influenciado a diversidade e a especialização dos perfis procurados nos últimos anos”.
Os salários esses vão continuar a subir, porque a procura em muitas áreas continuará a ser maior do que a oferta e como tal, “é expectável que o mercado continue a ser liderado pelo candidato”, admite Patrícia Horta, responsável da equipa de tecnologia da Hays. Pode consultar os valores médios para os diferentes níveis de experiência e região do país, em algumas das funções mais requisitadas do mercado, nos gráficos abaixo, retirados do Guia Hays 2023.
Ainda assim, as diferenças entre os salários em Portugal e noutros países do mundo, e mesmo da Europa, continuará a ser grande. O Global Tech Talent Trends 2022 - Portugal da Landing.jobs mostrou que o salário médio bruto anual para um profissional de tecnologia residente em Portugal, a trabalhar para uma empresa em Portugal era de 41.000 euros. Um profissional com as mesmas competências, a trabalhar em Portugal, mas remotamente para uma empresa no estrangeiro, ganhava 60.000 euros.
“Isto são valores médios, havendo naturalmente variações ao nível de área tecnológica e experiência, mas não é extraordinário um profissional com dois anos de experiência ser contratado para trabalhar remotamente para o estrangeiro a receber 2.000 euros líquidos (cerca de 44.000 euros brutos por ano)”, refere Pedro Moura, responsável de marketing da plataforma de emprego Landing.jobs.
Caso estivesse a trabalhar para uma empresa portuguesa, este profissional receberia um salário à volta dos 1.300 euros líquidos (cerca de 23.000 euros brutos por ano). O valor é médio, varia entre empresas, mas permite dar uma ideia da diferença que ainda existe.
Pegando numa função concreta e na mesma em valores médios, o site Salary Expert mostra, por exemplo, que um engenheiro de software ganha anualmente em Portugal 35.000 dólares (cerca de 32.600 euros). Nos Estados Unidos ganha 120.000 dólares, no Reino Unido 70.000 dólares e na Holanda 65.000 dólares, embora nenhum destes dois últimos países esteja no top 3 das geografias europeias que melhor pagam pela função. A liderar esse ranking estão a Suíça (95.000 dólares), a Dinamarca (71.000 dólares) e a Noruega (70.000 dólares), de acordo com dados do site Payscale.
Claro que nesta análise também é preciso considerar as diferenças no custo de vida de cada país, que são grandes. Uma nota também para o facto de nem todas as fontes apontarem os mesmos valores médios de salários. Num levantamento feito pela Manpower para o SAPO TeK, no âmbito deste Especial, o valor de referência apontado para o salário anual de um engenheiro de software em Portugal são 45.000 euros, ainda assim muito longe das remunerações praticadas noutros países da Europa, ou nos Estados Unidos.
Em áreas onde o desequilíbrio entre oferta e procura não existe, ou onde a oferta até pode ser superior à procura, as diferenças médias de salários entre Portugal e outras geografias é ainda mais flagrante. O quadro abaixo, publicado pela Qubit Labs, com dados das mesmas fontes, ilustra com o exemplo dos programadores Java.
Mesmo na realidade portuguesa, defende também a Landing.jobs, há ainda uma espécie de mercado a duas velocidades, onde de um lado estão as scale-ups portuguesas e empresas estrangeiras com Tech Hubs em Portugal e do outro (a oferecer piores salários), as empresas portuguesas mais “tradicionais”.
Como apontar à melhor proposta?
Quem tem formação na área da tecnologia e quer mudar de emprego, ou está prestes a ingressar no mercado de trabalho, pode tirar partido de algumas ferramentas para saber mais sobre as empresas onde pode vir a trabalhar. Não só no que se refere aos salários, mas também sobre outros indicadores normalmente valorizados pelos candidatos. Um pouco à semelhança do que já fazem vários sites internacionais, diferentes plataformas portuguesas têm vindo a disponibilizar informação útil nesta matéria. O site de emprego ITJobs lançou recentemente um ranking dos melhores salários, construído a partir das ofertas anunciadas no site. Só tem informação oficial, por isso só lá constam as posições anunciadas com valores.
A plataforma tem ativas uma média de 2.000 ofertas de emprego por mês na área da tecnologia, como explica o responsável Carlos Andrade. As ofertas de empresas estrangeiras sem presença em Portugal são residuais. Já as propostas para funções a assegurar remotamente estão em crescimento desde 2020, enquanto o número total de ofertas disponíveis tem vindo a abrandar desde meados do ano passado, segundo o mesmo responsável.
Alimentado pela comunidade de profissionais TI, o Teamlyzer (uma espécie de Glassdoor para a realidade portuguesa) lista informação de mais de 3.400 empresas de tecnologia com atividade em Portugal. Com base nas avaliações dos utilizadores dá informação sobre salários médios das empresas, grau de dificuldade das entrevistas, taxa de feedback, qualidade da gestão, oportunidades de carreira, ou equilíbrio entre vida pessoal e profissional, entre outras. Também permite comparar empresas, tendo em conta a classificação nestes indicadores, ou ver um ranking das melhores empresas para trabalhar, construído a partir dos mesmos indicadores. A plataforma tem também uma calculadora salarial, onde é possível perceber o salário médio pago em Portugal para cada função.
A plataforma pretende “acompanhar todo o ciclo de carreira do candidato", como explica o CEO Rui Miranda. “Ali podem ver anúncios, opiniões sobre empresas, reviews sobre entrevistas, tipo de feedback das empresas, valores médios de salários do mercado e de cada empresa”. No ano passado, o Teamlyzer duplicou o número de utilizadores para 300 mil e em dezembro teve 400 reviews. Também tem ofertas de emprego na área da tecnologia, como é igualmente possível encontrar no site da Landing.jobs.
Áreas onde vale a pena investir em formação para o futuro
Para quem ainda está na fase da formação e quer construir um perfil certeiro para as necessidades futuras do mercado, vale a pena saber que muitas das profissões que hoje são mais procuradas pelas empresas vão continuar a sê-lo nos próximos anos. A par disso, funções que hoje ainda têm uma procura contida, ou que até ainda nem existem, vão ganhar grande relevo, para dar suporte ao crescimento de um conjunto de tecnologias em ascensão.
A Adecco alinhou um top de 10 profissões na área da tecnologia onde o emprego, ou os respetivos mercados, devem crescer a dois dígitos até 2030. Em alguns casos, as taxas de crescimento podem chegar aos 30%. Para quem tem decisões a tomar, aqui fica a lista e as competências associadas a cada profissão.
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