No início do ano, a Google deu a conhecer o Privacy Sandbox, um plano para eliminar os cookies de terceiros no Google Chrome e de substituí-los por uma alternativa que garanta a privacidade dos utilizadores, ao mesmo tempo que dá aos anunciantes e editores uma forma de continuarem a ganhar dinheiro através de publicidade.
É certo que, ao longo dos últimos anos, a Google tem vindo a enfrentar o escrutínio de reguladores e autoridades em relação à forma como trata dos dados dos utilizadores. Para a empresa, a introdução do Privacy Sandbox surge como uma forma de “zelar” pela privacidade dos internautas enquanto mantém o ecossistema de publicidade vivo, algo que considera essencial para manter os serviços que presta gratuitos para todos.
Porém, a decisão tem vindo a levantar polémica e há quem afirme que a alternativa da Google, a tecnologia FLoC (Federated Learning of Cohorts) acaba por ser tão intrusiva quanto os cookies de terceiros.
Aliás, apesar de ter adiado recentemente o fim definitivo dos cookies no seu browser para 2023, a empresa lançou em março uma fase de testes do FLoC. De acordo com a Google, os testes iniciais terão impacto numa “pequena percentagem de utilizadores na Austrália, Brasil, Canadá, Índia, Indonésia, Japão, México, Nova Zelândia, Filipinas e Estados Unidos”, deixando claras as suas intenções de expandir o número de países.
A mudança terá apanhado vários utilizadores de surpresa e a falta de pormenores concretos acerca de como funciona o sistema e que implicações poderá trazer para a privacidade dos utilizadores tornam a questão mais complicada. Além disso, só em abril é que a Google introduziu uma configuração nas definições do Chrome que permite aos utilizadores não serem escolhidos para testes do FLoC ou de outras propostas do Privacy Sandbox.
Como é que funciona o FLoC e por que motivo está a gerar controvérsia?
Na prática, a tecnologia FLoC atribui a cada utilizador um número de identificação único, o FLoC ID. O número anónimo é depois agrupado a um conjunto de outros FLoC IDs com interesses de navegação semelhantes.
Segundo a Google, o método permite “esconder” os indivíduos numa multidão virtual, tendo como base o processamento no dispositivo de forma a manter o histórico de navegação individual privado. A empresa explica que o conjunto (“cohort” em inglês) em que o utilizador se enquadra não é algo fixo e muda consoante os seus hábitos de navegação no browser.
Os dados agregados acerca dos interesses dos diferentes conjuntos serão depois vendidos a anunciantes. Em janeiro a Google indicou que, ao gerar audiências baseadas em interesses, o FLoC revelou-se um “substituto eficaz” aos cookies de terceiros. “Os anunciantes podem esperar ver pelo menos 95% das conversões por dólar gasto em comparação com a publicidade baseada em cookies”. O resultado parece depender da força do algoritmo de agrupamento usado pelo FLoC e o público-alvo que está a tentar alcançar.
Porém, organizações de defesa da privacidade dos internautas, como a Electronic Frontier Foundation (EFF) e as empresas por trás de browsers como o Vivaldi, Brave e Firefox já manifestaram a sua posição contra a tecnologia FLoC.
A EFF em particular até desenvolveu uma plataforma online onde os utilizadores do Google Chrome podem verificar se foram incluídos na fase de testes do FLoC: a Am I FLoCed?. A organização defende que embora a tecnologia “evite os riscos de privacidade das cookies de terceiros”, acaba por criar novos problemas e exacerbar situações como anúncios baseados no comportamento dos internautas e discriminação.
Por que motivo é que a Google adiou o fim dos cookies para 2023?
A Google ainda está a determinar a melhor forma de abordar a implementação do Privacy Sandbox e está a fazer ajustes às alternativas aos cookies de terceiros que mantenham a privacidade dos utilizadores, dando também mais tempo aos websites para se adaptarem às mudanças.
Numa publicação no seu blog oficial, a empresa afirma que é preciso avançar a um passo mais responsável, dando tempo suficiente à discussão pública, assim como aos editores e anunciantes para migrarem os seus serviços. A Google sublinha que esta é uma decisão importante para “evitar colocar em risco os modelos de negócios” que suportam conteúdos disponíveis gratuitamente.
Para a tecnológica, o adiamento afirma-se também como uma forma de evitar que as empresas desenvolvam métodos de rastreamento mais “sorrateiros” do que as cookies, incluindo aqueles que vão recolhendo dados sobre o browser utilizado de modo a poder identificar os utilizadores: uma tática conhecida como “fingerprinting”.
Em declarações ao website CNET, Vinay Goel, diretor de engenharia do Chrome, deu a conhecer que a Google acredita que bloquear completamente as cookies de terceiros numa fase inicial seria uma decisão com consequências negativas para os internautas, pois estariam sujeitos a táticas como as de “fingerprinting”, sendo algo que não considera como “um investimento sustentável a longo prazo”.
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