Apesar de ser uma tendência prevista há já vários anos, a substituição das redes sociais pelas aplicações de mensagens é um fenómeno que parece estar agora a materializar-se. E há profissionais da indústria tecnológica que a apoiam.
Pavel Durov, por exemplo, é um dos maiores apoiantes desta migração de utilizadores. O fundador do Vkontakte, que é conhecido como sendo uma versão russa do Facebook, apagou recentemente todos os seus amigos desta rede social. Mantê-los, como disse, "era demasiado 2010".
Durov perdeu o controlo desta plataforma há já vários anos. Desde aí, o programador tem-se envolvido com outros projetos tecnológicos, como a aplicação de messaging Telegram que conta já com 100 milhões de utilizadores ativos mensalmente.
"As pessoas têm estado nas plataformas de mensagens desde sempre. Manter listas de amigos obsoletas nas redes sociais não faz sentido e leva demasiado tempo. Ler as notícias das outras pessoas atrofia-nos o cérebro", considera o empresário russo, "não devíamos ter medo de nos livrar de bagagem velha quando estamos a tentar arranjar espaço para acomodar nova".
Já em 2014, o próprio Mark Zuckerberg reconheceu a popularidade dos serviços de mensagens instantâneas. "A única coisa que as pessoas fazem mais do que utilizar redes sociais é utilizar aplicações de messaging", disse o empresário no ano em que decidiu separar o Messenger do Facebook. No ano seguinte, as plataformas de mensagens ultrapassaram as redes sociais em número de utilizadores ativos por mês.
O crescimento das primeiras face às segundas continua a registar-se a um ritmo mais acelerado. De acordo com a Comscore, a audiência do Messenger cresceu 36% entre julho de 2015 e junho de 2016, ao passo que o próprio Facebook registou um aumento no número de utilizadores a rondar os 19%.
Segundo a revista neozelandesa Stuff, existem medições que indicam que o Facebook está até estagnado. O ano passado, os utilizadores da rede geraram menos 25% de conteúdo original do que em 2015 e o tempo médio mensal que cada um passou no site caiu das 24 horas para as 18,9.
Apesar de não existirem estudos que indiquem as causas deste fenómeno, a Stuff sugere que o cansaço que os utilizadores demonstram face às redes sociais pode estar relacionado com a pressão de viverem uma "vida pública", com a irritação que é lidar com publicidade cada vez mais invasiva e com preocupações de segurança. Os conteúdos de parca qualidade e os livestreams podem também ser contados como razões. Em contraste, as plataformas de mensagens são "terreno seguro". Giram em torno da comunicação pessoal e não da "transmissão pública".
Quem também parece ter-se apercebido disto foram os anunciantes. Mas mais uma vez, quando o dinheiro sair das redes sociais para ser alocado nas aplicações de mensagens, talvez os problemas migrem com os utilizadores.
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