Desde sexta-feira que passou a ser obrigatório o uso do certificado digital covid para aceder a locais públicos em Itália. E as autoridades italianas já lidam com a propagação de certificados falsos que podem ser adquiridos em redes sociais como o Telegram. A polícia chegou mesmo a bloquear grupos que vendiam os certificados digitais de vacinação falsos, pagos com criptomoedas ou mesmo vouchers de compras online.
Este é mais um caso associado à falsificação do documento, mas o alerta já tinha sido feito em março pela Check Point Research, sobre a oferta de certificados de vacinação falsos, assim como resultados negativos dos testes realizados à COVID-19. No mercado negro podiam-se adquirir promoções do tipo “compre 3, pague 2”, ou mesmo versões “caseiras”, reproduzidas em meia hora, que podiam custar 25 dólares.
Mas desde julho que os países da União Europeia obrigam à mostragem do certificado no acesso a espaços públicos, como restaurantes, ou nas viagens entre os Estados-membros. Isso fez com que a procura de certificados falsos disparasse, sobretudo por quem se opõe à vacinação. Se em março custavam poucos euros obter o documento falso, agora podem chegar às centenas de euros. O jornal italiano La Stampa refere que a polícia italiana bloqueou 32 grupos no Telegram de venda de certificados falsos, vendidos entre os 150 e 500 euros, e foram detidas quatro pessoas para investigação, suspeitas de fraude e falsificação de documentos.
“Os autores das fraudes podem manipular a imagem no computador e começar a vender os certificados com os dados corretos da pessoa. Há canais no Telegram que são muito ativos e conseguem introduzir nos certificados todas as informações necessárias”, salienta Oded Vanunu, diretor de pesquisa de vulnerabilidades da Check Point, citado pela Euronews. Os canais na Telegram dedicadas à falsificação de documentos aumentaram e chegam a ter meio milhão de assinantes, disse o especialista.
A empresa refere que os canais vão adaptando as suas ofertas de documentação falsa mediante as regras que vão sendo impostas pelos respetivos governos. Para além daqueles que se opõem à vacinação, mas que ainda assim precisam do certificado, a procura surge por pessoas que levaram apenas a primeira dose, para além dos que ainda não foram vacinados.
Por outro lado, por muito sofisticados que sejam os certificados, as autoridades italianas, que têm atuado contra a falsificação dos documentos, afirmam que é muito difícil um código QR falso passar. Foi referido à Euronews que estes códigos QR são a prova de autenticidade do documento, suportado por uma aplicação que cruza as informações com a base de dados nacional das pessoas que foram vacinadas.
A Check Point Software aponta como parte do problema a ausência de uma base de dados internacional, apesar da eficácia do sistema a nível nacional. Isto porque nas fronteiras, as autoridades não têm acesso a dados internacionais que façam essa comprovação das pessoas vacinadas.
Em Portugal, segundo avança o Jornal i, ainda são poucos os casos conhecidos de documentos falsos. Já foram encontrados documentos falsos, mas foram travados pelo código QR. A PSP já registou a ocorrência de uma dezena de situações de apresentação de documentos falsos de vacinação ou testes negativos.
Ainda a nível internacional, no Canadá, dois turistas americanos foram multados em 16 mil dólares, cada um, após serem apanhados com documentos falsos. Estão previstas multas até 750 mil dólares ou seis meses de prisão na lei do Canadá. Em França, a procura dos certificados falsos também aumentou, sendo o caso mais grave o de uma funcionária de um centro de vacinação em Paris ter gerado 200 códigos QR falsos para serem usados em certificados falsos. Foi condenada a 18 meses de prisão e uma multa de 10 mil euros.
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