
No TikTok, Instagram e em outras redes sociais que aderiram à tendência dos vídeos curtos há espaço para mais do que coreografias, memes e momentos virais. A ciência também encontrou um espaço nestas plataformas, num formato com potencial para despertar a curiosidade, tornar o conhecimento acessível a todos e chegar a públicos que, tipicamente, não consomem este tipo de conteúdo.
É neste universo onde encontramos Gonçalo Soeiro, o rosto por trás do projeto TurtleDex. Em entrevista ao TEK Notícias, o jovem criador de conteúdo conta que o interesse pelo mundo dos animais começou desde cedo, levando-o mais tarde a seguir o rumo da biologia na universidade.
Apesar da sua paixão pela área da biologia da conservação, onde espera um dia poder fazer carreira, Gonçalo viu-se obrigado a fazer uma escolha importante depois da licenciatura. Como muitos outros jovens em Portugal, teve de ajustar os seus planos à realidade do mercado de trabalho e acabou por seguir um mestrado em engenharia alimentar numa tentativa de encontrar maior estabilidade profissional.
Mas, para manter vivas as suas ambições na área da biologia, começou a pensar noutros planos. “Porque não criar um canal onde falo sobre animais, biologia da conservação e sobre sensibilização ambiental?”. E, assim, nasceu o TurtleDex.
Como explica, inicialmente a ideia era falar apenas sobre tartarugas, daí o nome do projeto, uma junção entre “Turtle” (tartaruga em inglês) e Pokédex, a “enciclopédia” virtual do universo de Pokémon, numa referência inspirada por outra das suas paixões de infância.
“Em Portugal, as tartarugas são das espécies de animais de estimação mais abandonadas na natureza”, conta. Nesta fase, o objetivo passava por ensinar às pessoas como cuidar corretamente destes animais em casa e sensibilizar para o facto de não serem uma espécie propriamente fácil de manter.
Rapidamente, e motivado pelo seu interesse noutras espécies, o projeto expandiu-se para abranger não só a fauna a nível nacional, mas também animais de outros países, com vídeos curtos sobre curiosidades, conservação e mitos científicos.
Os desafios da ciência no feed
Com já dois anos de existência, o TurtleDex, hoje presente no TikTok, Instagram e YouTube, acabou por se tornar mais do que um hobby, mas o caminho não é fácil. Gonçalo Soeiro explica que um dos grandes desafios é transformar a linguagem científica em algo que seja mais fácil de compreender para o público em geral e atrativo o suficiente para que as pessoas não passem os vídeos à frente quando estão a navegar nas redes sociais.
A verdade é que, para muitos, o TikTok e os Reels do Instagram continuam a ser uma forma de “desligarem” o cérebro depois de um longo dia e, aqui, “não é fácil manter a famosa taxa de retenção”, afirma.
“Como é que nós vamos conseguir transmitir e divulgar ciência numa plataforma em que as pessoas não estão com cabeça para aprender?”, realça Gonçalo Soeiro.
Além disso, os próprios algoritmos também trazem desafios adicionais. Se, no TikTok, Gonçalo notou que a plataforma acaba por ser mais “interessante para quem está a começar”, porque os conteúdos ganham uma maior viralidade, mesmo que a conta não seja muito popular ou não tenha muitos seguidores, o mesmo não se aplica ao Instagram, tornando-se ainda mais complicado no YouTube.
Mas o projeto TurtleDex também tem vida fora do mundo online. Durante algum tempo, Gonçalo foi convidado por escolas para sessões de sensibilização ambiental com crianças. “Basicamente, o conceito dessa sensibilização ambiental era fazer com que as crianças não tivessem medo dos nossos répteis e anfíbios e desmistificar alguns mitos”, incluindo também algumas sessões sobre os peixes que podemos encontrar nos rios em Portugal.
Com o início da sua vida profissional após a faculdade, estas atividades acontecem agora com menos frequência. Porém, a vontade de regressar está incluída nos planos para o futuro.
Embora admita que não sabe se alguma vez poderá viver apenas do TurtleDex, o jovem criador de conteúdo gostaria que grande parte da sua vida passasse pelo projeto. Assim, o foco está agora em manter a consistência dos vídeos em formato curto, mas também apostar nas parcerias com instituições de biologia.
Apesar dos desafios, Gonçalo tem uma ideia muito clara dos seus objetivos. “Eu quero que a minha vida seja feita à volta da biologia da conservação e da educação ambiental. Quero mesmo viver disto”.
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