Até agora, utilizar as redes sociais da Meta, como o Instagram ou Facebook eram gratuitas, ou pelo menos, pareciam ser. As publicidades que são listadas durante a navegação podem ser inocentes à primeira vista, mas na verdade têm como base os gostos dos utilizadores e comportamentos online. Ou seja, os utilizadores são rastreados durante a navegação e os respectivos dados são utilizados pela empresa para efeitos de personalização dos anúncios. 

Obviamente que ninguém gosta de saber que os seus dados de navegação são rastreados e a União Europeia criou leis específicas para proteger a privacidade dos internautas através do Digital Services Act (DSA). Desde novembro de 2023 que a Meta apresentou o modelo “Pagar ou Consentir” para o Instagram e Facebook, uma forma de contornar as regras da União Europeia. Bruxelas tinha proibido a empresa de Mark Zuckerberg de utilizar os dados pessoais para publicidade direcionada na União Europeia, arriscando-se a multas avultadas.  

O modelo “Pagar ou Consentir” tem sido escrutinado tanto pela Comissão Europeia, levando a avisos de Bruxelas em julho de 2024 que este não cumpre as leis europeias e nova ameaça de multa. As autoridades de proteção dos consumidores na Europa questionaram o modelo de assinatura paga para utilizar as redes sociais. 

Veja na galeria as imagens do processo de escolha da assinatura:

O certo é que a Meta volta a instigar os utilizadores do Instagram e do Facebook para este modelo. Ou pagam uma mensalidade ou aceitam os termos de utilização gratuita, mas com publicidade personalizada. A principal diferença parece ser a abordagem da empresa aos utilizadores, indo ao encontro da legislação da União Europeia, mas o princípio é o mesmo: “Paga ou consente”. 

Deve ter começado a receber notificações nas aplicações da Meta, o Instagram ou Facebook com duas escolhas de utilização. A primeira opção é o modelo pago, por um valor de 7,99 euros por mês passa a utilizar as contas das duas redes sociais sem anúncios. Ou por outras palavras “não vamos efetuar o tratamento dos teus dados para te mostrar anúncios”. 

A segunda opção é o que se esperava, usar gratuitamente as redes sociais, mas com anúncios. E são anúncios personalizados, de produtos e marcas, através do tratamento dos dados pessoais dos utilizadores. As mensagens são acompanhadas de links para mais informação, podendo os utilizadores mudarem para verem mais tarde anúncios menos personalizados. Mas se reparar nas duas opções, caso nunca tenha pago para usar a rede social, vai notar em letras pequenas “a tua experiência atual”, ou seja, até aqui todos os utilizadores das versões “gratuitas” têm sido rastreados.

Ao seguir as instruções da versão gratuita, a Meta pede para efetuar o tratamento dos dados do utilizador, dados esses que poderá consultar no Centro de Contas, onde pode definir alguns parâmetros. A empresa explica que pode alterar as escolhas a qualquer altura nas Preferências de publicidade, pode gerir a experiência com a publicidade e os dados que são usados para mostrar os anúncios. Refere ainda que continua empenhada a proteger a privacidade e os dados dos seus dados. 

Quais são os dados rastreados caso opte pela versão gratuita? Todas as atividades nas redes sociais, os contactos, a informação dos equipamentos onde navega nas plataformas, entre outras informações. Indiretamente vai ter acesso aos dados de terceiros com quem interage, os likes que recebe ou que dá, por exemplo, assim como os comentários nos posts.  

Durante a configuração das preferências da conta gratuita, a Meta vai depois permitir gerir a experiência com a publicidade, caso queira alterar. Deve ter atenção que se não fizer nenhuma alteração neste campo, vai continuar a utilizar a rede social com anúncios personalizados. A opção de receber anúncios menos personalizados significa que a Meta vai utilizar menos dados para apresentar anúncios. No entanto, vai ser normal receber publicidade de produtos que nada tenham a ver com os seus gostos.

Ou seja, nenhuma das três opções parecem ser atrativas, mas terá de decidir. Pode sempre fechar a janela quando recebe a notificação, saindo da aplicação, voltando à mesma mais tarde. Mas vai continuar a receber a notificação para que, pelo menos, autorize a Meta a continuar a tratar os seus dados, como até agora. Nunca foi gratuito utilizar as redes sociais, os dados pessoais sempre foram a moeda de troca e ao que tudo indica, vão continuar a ser, caso deseje manter-se nas plataformas.