É o pesadelo de qualquer utilizador ver a sua conta do YouTube roubada, sem conseguir ter acesso e ainda vê-la a ser utilizada por desconhecidos. Foi isso que aconteceu a Ricardo Fazeres, mais conhecido como RicFazeres, o mais popular youtuber de gaming português, na noite desta quinta-feira, dia 17. O produtor de conteúdos deu alerta na sua conta do Twitter, pedindo ajuda à equipa de apoio do YouTube.

O “lento” processo do YouTube

O suporte do YouTube assumiu a disponibilidade para ajudar o youtuber, pedindo um contacto em privado do mesmo. Situação que RicFazeres confirmou na sua conta do Instagram que já está em contacto com a equipa de apoio da plataforma. No entanto refere que o processo agora vai ser lento.

Neste momento o canal foi apagado, “provavelmente uma medida de prevenção do YouTube para restabelecer a segurança do projeto ou se foi os hackers que o apagaram, não sei”, acrescentou RicFazeres numa das suas instastories. Salienta que mesmo que o canal tenha sido todo apagado, é possível que o YouTube recupere tudo, ainda que num processo muito lento. “Todo o meu trabalho dos últimos oito anos está ali investido no canal”, disse o popular criador de conteúdo, ainda transtornado com o sucedido, acrescentando que sempre teve muito cuidado com as suas palavras-passe, que as muda esporadicamente e que nunca clica em links que sejam duvidosos.

Em declarações ao SAPO TEK, RicFazeres agradeceu à comunidade que colocou a sua mensagem nas tendências do Twitter, e dessa forma ter chamado a atenção da equipa de suporte do YouTube. Foi outro youtuber com um canal expressivo, Pi, que o aconselhou a utilizar a rede social para apelar ao YouTube o sucedido. O mesmo também foi vítima de ataque de hacking, tendo levado cerca de duas semanas até que a plataforma lhe restituísse o acesso à sua conta.

“O processo vai ser lento, porque são milhares de casos no mundo, um processo complexo. O YouTube falou quatro ou cinco vezes comigo por mensagem privada e o último passo que me deram foi um formulário para eu preencher, fazendo a autenticação com um email secundário, visto ter perdido o acesso à minha conta principal, o mesmo associado ao YouTube. Tanto perdi o email como o canal”, explicou Ricardo Fazeres ao SAPO TEK.

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E segundo o mesmo, o processo pode durar um dia, como semanas, referindo ainda que segundo a plataforma, em mais de 90% dos casos conseguem recuperar os canais ou em último caso, transferir esse canal para outro, obtendo os vídeos que estão em backup. “Mas não é uma voz que tens do outro lado, alguém que te diz: fica descansado, estamos a tratar, detetamos isto e aquilo. É algo mais automatizado, que não dá muitas respostas e agora vou ter de esperar por esse email secundário para receber a mensagem por parte da Google com uma suposta resolução ou com os respetivos passos a seguir”.

RicFazeres refere que o computador que utiliza para trabalhar não voltou a ser ligado, salientando que está a acontecer com milhares de canais, de contas, de “malta de jogos”, dando o exemplo da sua namorada, que viu a sua conta de FIFA ser também hackeada, sendo vendidos jogadores valiosos que tinha. “A EA também está com as mãos na cabeça, com centenas de pessoas a ligar por dia”, reforçando que a pandemia parece ter incentivado os hackers a agir mais agressivamente.

A teoria do ataque é a de um jogo para promoção que estava infetado

Questionado como poderia ter acontecido o ataque, RicFazeres respondeu que pode ter sido um email que recebeu de uma proposta para publicitar um jogo “como muitas outras”, mas descarta as teorias de que tenha sido a sua recente promoção do jogo World of Warships da russa Wargaming.net, já que foi uma conta fidedigna e oficial que recebeu do estúdio com muitos créditos e navios para testar. “Esse jogo até já tinha sido gravado há três ou quatro semanas, mas só o lancei ontem porque esteve em aprovação”.

Voltando ao email suspeito que recebeu com a proposta para testar o jogo, RicFazeres refere que pediu a chave do Steam para o testar, mas que lhe disseram que ainda estava muito cru para estar na plataforma. “É um jogo que realmente existe na Steam, em pré-alfa e enviaram-me o ficheiro para poder sacar e testar para gravar o respetivo vídeo, mas apesar de ter desconfiado que poderia ser trapaça, o mail estava muito bem escrito e era mais um trabalho em centenas que tenho feito, confiei e acabei por cair no golpe”.

O criador de conteúdo explica que ao instalar o jogo deu-lhe um erro, e ainda trocou alguns emails, sendo-lhe explicado que a build iria ser reconstruída e para ficar descansado. Esta é a sua teoria, sem certezas, de como pode ter sido hackeado, algo que aconteceu há cerca de três dias.

“Ontem à noite, por perto das 21 horas recebi uma notificação no telemóvel a dizer que o meu número de telefone tinha sido alterado da conta de dois passos da conta do Gmail e meia dúzia de segundos depois, a minha conta do YouTube foi alterada do email de recuperação. Fiquei logo em pânico, topei logo o que era e fui para o PC tentar recuperar, mas foi tarde de mais, já não tive acesso nenhum. Tenho o email secundário, que me enviou um link para tentar recuperar, mas também bloqueou”.

Canal usado na promoção de esquema de criptomoeda

RicaFazeres refere que lhe apagaram os vídeos todos e que se meteram a fazer uma live stream de criptomoedas, num esquema de pirâmide de criptomoedas. “A malta já informada por mim nas redes sociais foi para lá ver o que se passava, tivemos mais de 16 mil pessoas ao mesmo tempo a ver a transmissão, que tinha um link para um website de uma pirâmide de criptomoedas, e de repente, a live foi abaixo e o canal desapareceu, foi apagado”. Segundo o criador, das duas uma: ou o YouTube percebeu que a live não cumpria as suas regras e foi apagado, ou então foi pelos próprios hackers.

“Alteraram-me o avatar e a imagem do canal e a malta encontrou a jornalista no Twitter, que estava na live a fazer as perguntas e começou a bombardeá-la com mensagens, e ela a responder que não sabia o que se passava, que estava a receber mensagens em português e a dizer que estava em live, mas não estava. Depois de perceber o que era, a tal jornalista disse que foi algo gravado há muitos meses atrás em uma entrevista que deu. O certo é que perdi o canal, os meus vídeos, e vamos ver o que vai acontecer...”