Confinamento, quarentena, assintomático e zaragatoa foram algumas das palavras mais pesquisadas no dicionário Priberam em 2020, um ano que ficou marcado pela pandemia de COVID-19 e pelas medidas restritivas que impôs no mundo inteiro. Pelo quarto ano consecutivo, o Priberam e a agência Lusa uniram-se para selecionar as palavras mais pesquisadas no dicionário, e que ilustram o ano que está a terminar.
São 31 as palavras escolhidas, a partir das 250 mais pesquisadas, que constam a partir de hoje do website O Ano em Palavras, que integra também conteúdos noticiosos da agência Lusa, para contextualização de cada uma das palavras, ilustrando-as com fotografias captadas pelos seus fotojornalistas. O ano em palavras pode ser acedido igualmente através do website da Lusa.
O website está estruturado por ordem cronológica, de janeiro a dezembro, e cada palavra permite aceder diretamente ao seu significado no Dicionário Priberam e ao artigo da Lusa sobre o evento que motivou as pesquisas. Muitas destas palavras referem-se diretamente à pandemia e, no topo das consultas no Dicionário Priberam, a mais pesquisada de todas foi precisamente pandemia.
Letalidade, placebo, disrupção, recrudescimento, calamidade, liberdade, telescola e coronavírus são outras das palavras mais pesquisadas, que direta ou indiretamente estiveram relacionadas com a COVID-19.
Arresto, debandada, apuramento, eutanásia, escusa, rebuço, diligência, antirracismo, politização, frugais, perseverança, catenária, dobradinha, femicídio, cristofobia, levante, pedonal e ensaísta completam a lista das 31 palavras selecionadas.
No entanto, são muitas mais as palavras relacionadas com a pandemia, que se encontram entre as mais pesquisadas no dicionário: açambarcamento, comorbidade, corona, disseminação, epidemia, isolamento, mitigação, moratória, profilático, subnotificação, teletrabalho ou até mesmo gripezinha (a propósito de um comentário do presidente brasileiro sobre a doença).
Os movimentos antirracistas que ganharam força este ano, impulsionados pela morte do norte-americano George Floyd, a que se seguiram os homicídios do ator Bruno Candé, em Portugal, e de João Alberto Freitas, no Brasil, e outros casos mediáticos, como os insultos aos futebolistas Moussa Marega e Pierre Webó, justificaram também o elevado número de pesquisas por palavras como negro, preto, racismo e xenofobia.
Outras buscas que se destacaram em 2020 incluem ainda desinformação (UE pediu à Google e ao Twitter maior combate à desinformação), emérito (rei emérito Juan Carlos saiu de Espanha e papa emérito Bento XVI doente), legado (aniversário do nascimento de Aristides Sousa Mendes), proselitismo (manifesto contra as aulas de cidadania), renhido (eleições presidenciais norte-americanas), algeroz e orgia (eurodeputado ultraconservador apanhado em orgia ilegal em Bruxelas) ou gambito (série da Netflix).
A diretora de informação da Lusa, Luísa Meireles, destacou que, em cada palavra, “está presente uma notícia que a Lusa deu aos portugueses” e que integraram o quotidiano em 2020, acrescentando que "nenhuma escapou", um "feito conseguido diariamente pela agência”.
Para o fundador da Priberam Carlos Amaral, este “é um projeto que, desde que conta com a colaboração da Lusa, nomeadamente através da qualidade das fotografias e dos textos das notícias, ganhou uma nova dimensão gráfica e um impacto que permitem contextualizar cada história e oferecer uma forma diferente de (re)ver o ano”.
A Priberam assinala ainda que os recordes de consultas no Dicionário Priberam voltaram a ser batidos, com cerca de 261 milhões de pesquisas desde janeiro de 2020 (quase o dobro dos 133 milhões de pesquisas do ano passado), e um total de 45 milhões de utilizadores (mais sete milhões do que em 2019).
Este foi também o ano em que o website do Dicionário Priberam passou a fazer parte do ranking netAudience, uma lista mantida pela Marktest e que regista os 'websites' portugueses mais visitados em cada mês: o Dicionário Priberam surgiu em maio como líder nas consultas realizadas a partir de computadores, tendo sido o único a ultrapassar a barreira do milhão de utilizadores.
As 31 palavras no contexto dos 12 meses de 2020:
Janeiro: arresto (tribunal angolano decreta arresto de bens de Isabel dos Santos); debandada (debandada durante funeral de general iraniano morto em ataque norte-americano causa vários mortos); coronavírus (um novo tipo de coronavírus é identificado na China); apuramento (tribunal guineense ordena repetição do apuramento dos resultados das presidenciais).
Fevereiro: eutanásia (AR aprova despenalização da eutanásia); pandemia (OMS alerta para eventual pandemia da covid-19).
Março: quarentena (quarentena geográfica para conter a pandemia); confinamento (estado de emergência para conter pandemia prevê confinamento); zaragatoa (testes à covid-19 com recurso a zaragatoa).
Abril: escusa (juiz do processo de Rui Pinto pede escusa); telescola (telescola permite aulas de apoio através da TV); liberdade (pandemia cancela a marcha das comemorações do 25 de Abril); rebuço (PM diz não ter rebuço em retroceder no levantamento de restrições impostas pela pandemia).
Maio: calamidade (Portugal passa à situação de calamidade); diligência (ministra da Justiça fala sobre a retoma da atividade dos tribunais).
Junho: antirracismo (Amnistia Internacional denuncia violações dos direitos humanos durante protestos contra o racismo nos EUA); politização (OMS aponta a politização da pandemia como fator de divisão a evitar).
Julho: frugais (países conhecidos por “frugais” colocam entraves às negociações do orçamento europeu); perseverança (EUA lançam robô “Perseverance” para recolha de amostras em Marte).
Agosto: catenária (acidente ferroviário causa dois mortos e vários feridos); dobradinha (FCP conquista a Taça de Portugal de futebol após vencer o campeonato); femicídio (vinte mulheres assassinadas desde o início do ano em Portugal).
Setembro: recrudescimento (ministra da Saúde diz que Portugal está preparado para um eventual recrudescimento da covid-19); cristofobia (presidente do Brasil discursa na ONU e apela ao combate à cristofobia).
Outubro: assintomático (Cristiano Ronaldo, apesar de assintomático, testa positivo à covid-19); disrupção (Ordem dos Médicos diz que o SNS está novamente exposto a uma “disrupção grave”); placebo (morte de voluntário, no Brasil, que tomou um placebo em teste da vacina).
Novembro: levante (Governo impõe novas medidas de combate à pandemia, mas deixa ao critério dos municípios a realização de feiras e mercados de levante); letalidade (preocupação com o aumento da letalidade da covid-19).
Dezembro: pedonal (atropelamento em zona pedonal na Alemanha); ensaísta (morte do ensaísta Eduardo Lourenço).
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