Para assinalar o Dia da Internet Mais Segura, o Centro Internet Segura decidiu abrir, no seminário “Faz Delete ao Ciberbullying!”, a discussão em torno de um dos fenómenos que tem vindo a marcar pela negativa as experiências de inúmeros jovens em todo o mundo.
Ao abrir a sessão, Luís Alveirinho, CTO da Altice Portugal, indica que, muito provavelmente, os “pais da Internet” não teriam ideia da revolução que a sua invenção provocaria na nossa sociedade quando a criaram. O responsável explica que a exposição da nossa vida nas redes sociais é tremenda e as plataformas digitais nem sempre são as nossas “melhores amigas”. “A nossa pegada digital não desaparece, por isso devemos pensar muito bem antes de fazer qualquer coisa no mundo digital”, afirma.
“Pessoas mais formadas e informadas terão comportamentos mais seguros”, afirma Luís Alveirinho, remetendo para a importância da literacia digital no panorama atual. Para combater a iliteracia neste âmbito, “não basta dar acesso a tecnologia de ponta”: é necessário “apostar na formação e incluir todos no processo de transformação digital”.
A ideia de que a formação é um aspeto essencial da digitalização da sociedade é também partilhada por João Costa, Secretário de Estado Adjunto e da Educação. A transição digital é um dos quatro eixos do atual Executivo, mas tal como afirma, é necessário perceber quando é que a tecnologia se torna num instrumento de “desumanização”.
O Secretário de Estado Adjunto pôs em evidência os mais recentes dados do estudo PISA (Programme for International Student Assessment). Além de 9 em cada 10 alunos não conseguir distinguir factos de opiniões, a maioria dos estudantes começa a responder aos itens de um teste ou questionário antes de ler as perguntas. Transpondo estas informações para o mundo digital, João Costa elucida que o resultado é que os jovens deixam se manipular por tudo aquilo que veem na Internet.
“O professor tem de ser hoje um garante único da viabilidade da informação que está disponível online”, afirma o Secretário de Estado Adjunto, em especial perante a “avanlanche” de informação que existe atualmente na web. Além disso, a escola tem de ser um “instrumento de inclusão”, pois a “violência aplicada através das ferramentas digitais”, como o cyberbulling, é um “fator de exclusão”.
O Secretário de Estado Adjunto afirma que o bullying, seja dentro ou fora do mundo online, “não é um problema das vítimas ou dos agressores: é de todos e temos de estar envolvidos para resolvê-lo”. Assim, iniciativas promovidas pelo Governo, como a “Escola sem bullying, Escola sem violência”, assumem uma grande importância no combate dos comportamentos agressivos entre os mais jovens.
De que forma é que os pais podem ajudar?
De acordo com Elizabeth Milovidov, Perita Independente do Conselho da Europa, os pais “precisam, mais do que nunca, de ferramentas para ajudar os seus filhos a ter comportamentos mais seguros na Internet. A expert tem vindo a desenvolver várias iniciativas com o Conselho da Europa, à semelhança da European Network Against Bullying in Learning and Leisure Environments (ENABLE). Os estudos levados a cabo pelo projeto demonstram que começar a ensinar às crianças valores como empatia e amabilidade aos 11 anos pode já ser demasiado tarde.
Aliás, Elizabeth Milovidov explica que, mesmo com uma abundância de iniciativas a nível mundial contra o cyberbullying, o fenómeno está a aumentar. A investigadora demonstra que os pedidos de ajuda em linhas de apoio a jovens “aumentaram significativamente” desde 2017, passando de 14,4% para 18% em 2019. O Reino Unido é um dos países onde mais crianças e jovens pedem ajuda após terem sido vítimas de cyberbullying.
“O mundo está a tornar-se cada vez mais agressivo”, afirma Elizabeth Milovidov apontando para os mais recentes casos de cyberbullying por parte de políticos, para “onda” de indivíduos que assumem uma “mob mentality” e para os crescentes fenómenos de discriminação em todo o mundo.
A perita elucida que o “melhor método” para prevenir que os mais novos sejam vítimas de cyberbullying ou até mesmo agressores, os pais devem falar aberta e claramente sobre os riscos do mundo online com os seus filhos.
A monitorização das atividades online deve ser levada a sério e os pais devem verificar regularmente o que é que os seus filhos andam a fazer nas suas redes sociais. No entanto, a especialista indica que fazer uma observação constante e demasiado inquisitiva poderá não ser a melhor estratégia. Aqui, a “chave” é mesmo o equilíbrio. De acordo com Elizabeth Milovidov, os educadores podem usar momentos do dia-a-dia como experiências de aprendizagem.
“Se perceber que algo não está bem com os seus filhos, siga os seus instintos e aja”, recomenda a perita. Perante uma situação de cyberbullying, Elizabeth Milovidov aconselha a ajudar os mais novos a documentar o que se passou e a reportar os atos violentos através das plataformas de apoio das plataformas digitais, bloqueando os seus “bullies”.
“As crianças que são «bullies» também precisam de apoio, elucida a especialista. Nestes casos, os pais e educadores devem ajudar as crianças a perceber o motivo por trás dos seus comportamentos, levando-as a compreender que as suas ações não estão certas e de que forma podem melhorar.
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