No meio de uma atarefada Washington D.C., entre as selvas de betão que erguem escritórios, superfícies comerciais e edifícios governamentais, esconde-se também um espaço de adoração budista que encontrou sede num simples complexo de apartamentos. De acordo com a National Public Radio, é aqui que dezenas de pessoas se refugiam ocasionalmente de um mundo conectado, alterando entre o completo silêncio e a entoação de sutras, sentadas em almofadas de meditação em sessões que duram à volta de 30 minutos.
Depois da meditação há exercícios de contenção e controle. Num dos exercícios conduzidos por um dos líderes espirituais, todos os participantes são convidados a pegar no seu smartphone e a utilizá-lo como normalmente fariam, durante 12 minutos. O objetivo é fazer com que as pessoas façam da sua navegação online uma experiência mais consciente e alerta.
Um dos responsáveis explica que esta é uma forma de fazer os utilizadores compreenderem realmente a quantidade de tempo que dedicam aos seus displays. Um estudo recente estima que os norte-americanos dispendem cerca de 6 horas por dia para se manterem ligados aos seus aparelhos eletrónicos. Se a televisão for adicionada à equação, o valor sobe para 10 horas.
Alguns países estão a tratar o vício em internet como um problema de saúde pública. A categorização do vício em videojogos como um distúrbio mental reconhecido pela Organização Mundial de Saúde é apenas um dos muitos exemplos que já existem neste sector. Em resposta, muitas tecnológicas estão a desenvolver aplicações e funcionalidades que ajudam na gestão do tempo de utilização do smartphone, da televisão ou do tablet.
Mas Stone, um economista reformado, acredita numa abordagem baseada nos princípios budistas, como a consciência e a intencionalidade. Em conversa com a NPR, Stone explica que os utilizadores devem manter-se cientes da sua postura e da sua respiração e explica que os aparelhos devem ser postos de lado durante as refeições e "jejuns digitais". Os modos "avião" e "não perturbar", existentes em quase todos os smartphones da atualidade, também são uma boa opção para nos poupar a atenção que dedicamos à internet.
"Quando pego no meu telefone, o que me ajuda mais é pensar na finalidade com que o estou a fazer", explica.
Depois do exercício, os participantes partilham aquilo que sentiram durante toda a experiência.
"Reparei, depois do exercício, que estava muito concentrado no que estava a fazer, mas perdi completamente a noção de que havia pessoas à minha volta", explica Carlos Moura, um dos participantes da sessão em que a NPR marcou presença.
Andrew Sullivan, blogger e colaborador da revista New York, escreveu em 2016 que a religião devia abraçar este movimento como um novo propósito para a sua existência: congregar pessoas que procuram desligar-se das tecnologias, em volta da espiritualidade. "Se as igrejas conseguirem compreender que a distração uma das maiores ameaças que a fé enfrenta hoje em dia, talvez passem a apelar a uma nova franja da sociedade: a 'geração digital'", escreveu o autor.
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