Durante a pandemia de COVID-19 o papel da Internet nas nossas vidas tornou-se ainda mais relevante, permitindo, por exemplo, trabalhar ou estudar à distância, fazer compras online para evitar grandes aglomerados de pessoas, assim como aceder a informação essencial sobre as medidas que estão a ser tomadas para evitar a propagação da crise de saúde pública.
No entanto, o panorama não é o mesmo em todo o mundo. São vários os governos que impõem suspensões e bloqueios no acesso à Internet como forma de reprimir a liberdade da população e um novo relatório mostra que a duração das medidas restritivas teve um aumento de 50% em 2020.
Os dados recolhidos pela plataforma Top10VPN demonstram que no ano passado ocorreram 93 “apagões” em 21 países, totalizando 27.165 horas e afetando 268 milhões de pessoas. Entre as medidas tomadas por governos encontram-se práticas como fortes limitações nas larguras de banda disponíveis, bloqueios no que toca a redes sociais e suspensões totais do acesso à Internet.
O relatório detalha que a vasta maioria das disrupções ocorreram em resposta a protestos ou a momentos de maior agitação civil relacionados com eleições, surgindo como uma forma de os governos autoritários limitarem o fluxo de informação. No contexto da pandemia, os bloqueios restringiram o acesso a informações na área da Saúde e poderão ter contribuído para uma maior disseminação da doença.
Ao todo, as medidas de repressão tiveram um custo de 4,01 mil milhões de dólares para a economia mundial. Embora o valor represente uma diminuição de 50% em relação a 2019, os autores do relatório sublinham que “os regimes autoritários não encararam a pandemia de COVID-19 como um constrangimento e as nações mais pobres foram afetadas desproporcionalmente”.
Na Índia registaram-se 75 “apagões” ao longo de 2020, com um impacto que corresponde a 2,8 mil milhões de dólares. O relatório explica que o verdadeiro valor dos prejuízos poderá ser superior, uma vez que não foram contabilizados pequenos bloqueios que afetaram, por exemplo, determinados distritos de cidades.
A suspensão prolongada do acesso à Internet na região de Caxemira, vista como um dos bloqueios mais longos alguma vez registados num país dito democrático, foi particularmente prejudicial, pois teve graves consequências na vida da população da região.
A suspensão teve início a 4 de agosto de 2019, quando o governo de Narendra Modi revogou a autonomia de Caxemira e Jammu, a qual estava garantida na Constituição do país, passando a ter o seu controlo direto. O bloqueio acabou por ser parcialmente restaurado em 2020, mas continuam a existir limitações.
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