
Chama-se ArchiveChain e afirma-se como a primeira blockchain que alia a preservação da história da Web portuguesa à sustentabilidade, num projeto que, em julho, foi destacado como uma das menções honrosas na edição de 2025 dos prémios Arquivo.pt.
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O trabalho foi desenvolvido como parte de uma dissertação de Mestrado em Engenharia Informática por Bruno Cotrim, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, com orientação científica dos professores Bernardo Ferreira, também da Faculdade de Ciências, e Miguel Matos, do Instituto Superior Técnico.

De acordo com dados avançados pelo projeto, blockchains como aquelas que são usadas para a Bitcoin, isto é, aquelas que se baseiam em provas de trabalho, consomem uma quantidade enorme de energia. Só em 2024, a blockchain usada pela criptomoeda mais popular consumiu 164 TWh, três vezes o consumo energético de Portugal.
Mas, como explica Bernardo Ferreira em entrevista ao TEK Notícias, existem outros tipos de blockchains, neste caso baseadas em provas de espaço, que resolvem o problema do consumo energético ao trocar o uso de poder computacional por armazenamento de dados em disco.
“Conseguem ser muito mais eficientes energeticamente do que uma blockchain que usa provas de trabalho como a do Bitcoin”, detalha. Por outro lado, neste tipo de blockchain, o espaço usado é praticamente inútil. Para resolver este problema, surgiu a ideia de usar as páginas do próprio Arquivo.pt como provas de espaço útil.
“E aí construímos um sistema com dois propósitos: descentralizar o Arquivo.pt e ajudar a reduzir os custos deles; e conseguir construir uma blockchain mais sustentável e com os dados úteis em disco”, afirma Bernardo Ferreira.
Mas como funciona a ArchiveChain? Nesta blockchain, as páginas do Arquivo.pt servem como uma espécie de “combustível” interno, com garantias criptográficas de que as mesmas são armazenadas de forma intacta.
Qualquer pessoa interessada pode participar, desde que tenha espaço em disco no seu computador para guardar as páginas. Quantas mais páginas alguém conseguir armazenar, maior é a possibilidade de decidir os próximos blocos, mas também de receber recompensas sob a forma de uma criptomoeda criada pelo projeto.
Os participantes são também desafiados periodicamente para provarem a posse e a integridade das páginas que guardam, de modo a garantir a sua disponibilidade e correto armazenamento.
De acordo com o projeto, a ArchiveChain usa mil vezes menos energia do que a Bitcoin e o serviço prestado pode depois ser implementado de maneira transparente, com o Arquivo.pt a manter a jurisdição completa, assim como o controlo da qualidade das páginas que são arquivadas.
Veja o vídeo
Como explica Bernardo Ferreira, a recompensa serve também como uma maneira de incentivar os participantes a juntarem-se ao projeto. “É uma forma do projeto ser autossustentável”, detalha.
A equipa optou por criar uma criptomoeda nativa para não depender de outras blockchains. Neste momento, o token desenvolvido apenas pode ser trocado diretamente entre utilizadores, mas, no futuro, o objetivo passa por listá-lo numa exchange, possibilitando a troca por outras moedas.
Para evitar abusos ou tentativas de manipulação, o projeto implementou vários mecanismos de segurança. “Na nossa blockchain temos vários mecanismos que depois são conjugados para que o sistema funcione bem”, afirma o professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
“Nós usamos provas de espaço, provas de tempo e também usamos provas de posse de dados, que é um mecanismo para garantir que as pessoas estão mesmo a guardar as páginas do arquivo e não outras coisas parecidas, que poderiam ser usadas eventualmente nas provas de espaço”.
Agora, o desafio passa por dar mais visibilidade ao projeto para reforçar a adoção. Segundo Bernardo Ferreira, os próximos passos envolvem não só atrair mais participantes, mas também encontrar parceiros na indústria para ajudar a expandir a rede.
Trabalhar com a equipa do Arquivo.pt para integrar a ArchiveChain na sua plataforma é outra das ambições da equipa, que também tem interesse em colaborar com outros projetos de preservação digital a nível internacional.
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