Donald Trump continua a recusar os resultados das eleições norte-americanas, a alegar fraude nos votos e a negar o acesso do presidente eleito e da sua equipa a informação crítica e recursos da Casa Branca, mas as vozes que o contradizem são cada vez mais.

O conselho eleitoral (Elections Infrastructure Government Coordinating Council) já reagiu às acusações de que 2,7 milhões de votos foram apagados do sistema de contagem, garantindo que não há indícios de fraude ou de falhas no sistema de contagem. O relatório divulgado pelo presidente ainda em funções alegava falhas no sistema de contagem que teriam simplesmente eliminado milhões de votos.

Uma declaração do conselho que inclui representantes federais, estaduais e locais de diferentes agências, incluindo a Agência Federal para a Cibersegurança, bem como membros da indústria de sistemas de voto veio agora assegurar que as últimas eleições norte-americanas “foram as mais seguras na história da América”, como relata o The New York Times. O relatório assegura também que não foram detetados sinais de fraude, interferência na infraestrutura, ou falhas de hardware ou software em qualquer Estado.

“Embora saibamos que existem muitas queixas infundadas a gerar desinformação sobre o processo da nossa eleição, podemos assegurar-vos que temos a maior confiança na segurança e integridade das nossas eleições e vocês também devem ter”, refere ainda a declaração, onde se sublinha que as respostas às questões que possam surgir sobre a integridade do processo eleitoral devem ser procuradas junto das entidades oficiais que o administram.

A declaração foi divulgada pelo Departamento de Segurança Interna e pela Agência para a Segurança das Infraestruturas, que apoia os Estados na verificação das condições de segurança do sistema de contagem dos votos, duas entidades do Governo federal, o que acaba por isolar ainda mais o responsável republicano.

Trump entretanto mantém a posição, e o acesso de Joe Biden e da sua equipa aos recursos da Casa Branca continuam vedados, o que significa não ter para já acesso a comunicações seguras ou aos briefings que os serviços de inteligência fornecem diariamente à Administração.

As potenciais consequências negativas destas restrições, que podem facilitar ações de espionagem ou privar o presidente eleito de alertas de segurança nacional, sobre eventuais ameaças terroristas físicas ou virtuais, são cada vez mais abordadas, até por responsáveis do partido republicano, que têm vindo a público manifestar-se contra.

O NYT cita fontes próximas ao processo para referir que Biden e uma equipa de mais de 500 especialistas e colaboradores já trabalham em conjunto, usando para isso aplicações comerciais que permitem comunicações encriptadas e reunindo-se muitas vezes em cafés e outros locais públicos.