O Fact Check do jornal Observador e o Polígrafo integram a lista de 80 serviços de fact-checking que assinam uma carta aberta dirigida à CEO do YouTube, a pedir medidas mais efetivas para combater a desinformação sobre a COVID-19 na plataforma.
O grupo considera que o serviço de vídeos da Alphabet, que também é dona da Google, não se tem esforçado o suficiente para implementar políticas que respondam ao problema e acusa a empresa de "permitir que a sua plataforma seja usada como uma arma por atores sem escrúpulos para manipular e explorar outros, para se organizarem e financiarem”.
Na carta são apontados alguns exemplos, como o do grupo Médicos pela Verdade, que divulga informação sobre a COVID-19 e os alegados riscos e consequências nefastas das vacinas ou sobre a gravidade da doença. Os signatários recordam que o YouTube tem sido uma das plataformas mais relevantes para a divulgação dos conteúdos deste grupo e sublinha que o serviço de vídeos tem sido usado da mesma forma para influenciar eleições um pouco por todo o mundo ou incitar ao ódio, com informação não credível.
Em declarações à Associated Press, Elena Hernandez, porta-voz do serviço de vídeos, garantiu que a empresa “em todos os países onde opera tem investido em força em políticas e produtos que liguem as pessoas a conteúdos legítimos, reduzam a disseminação de desinformação e removam vídeos violentos”.
O YouTube tem anunciado medidas para combater a desinformação na plataforma. Em setembro do ano passado anunciou que passaria a bloquear os conteúdos antivacinas, bem com todos os conteúdos que sugerissem efeitos negativos de vacinas testadas e aprovadas. Para além disso, nas regras de utilização da plataforma alerta para a proibição de conteúdos que possam contribuir para danos significativos em quem os vê, por promoverem, por exemplo, medicamentos ou tratamentos não validados cientificamente.
O grupo de signatários da carta aberta defende que apagar vídeos é menos eficaz que contextualizá-los, com informação verificada e estudos, e pede que a empresa mude de estratégia e reforce a cooperação com os serviços de fact-checking, que nos últimos anos proliferaram em todo o mundo. Sugere que sejam tomadas “medidas eficazes contra a informação falsa e a desinformação e criado um roadmap de políticas e produtos para melhorar o ecossistema de informação - e fazê-lo com as organizações mundiais independentes e não partidárias de verificação de factos”, refere a carta aberta.
Pede-se também que o serviço seja mais eficiente a punir quem reiteradamente contribui para desinformar e que redobre estes esforços, sobretudo, nos países da América Latina, África e Ásia, onde identifica maior gravidade do problema.
Nos comentários que fez sobre o tema à AP, a porta-voz do YouTube concordou que as ferramentas de fact-checking são “uma peça essencial para ajudar os utilizadores a tomarem decisões informadas” mas defendeu que são apenas “uma peça num puzzle muito maior no combate à desinformação”.
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