Há uma década nasceu a Loon, com o objetivo de olhar para a divisão geográfica digital do mundo, em que apenas 20% de toda a superfície do planeta tem cobertura de internet wireless de banda larga. Sejam as situações geográficas ou economias emergentes, não encoraja a propagação de internet para além dos grandes centros urbanos. A sua missão é tentar cobrir o máximo desses restantes 80%, em qualquer local do mundo, independentemente da forma.
Mas qual a razão de utilizarem balões? “Queríamos utilizar uma solução que fosse eficaz a nível de custos, mas que fosse capaz de ser utilizada de e para qualquer lugar do mundo. E olhámos para diversas opções, até chegarmos aos balões, capazes de se conectar a uma base 4G, e através de sofisticados algoritmos de software, estes são capazes de subir e descer rapidamente para capturar diferentes correntes de vento. Dessa forma, podemos ir a quase qualquer parte entre +20 graus a -20 graus da linha do equador. Assim podemos voar do Porto Rico para África, de Austrália à América Latina”, salienta Alastair Westgarth, CEO da Loon.
Alastair Westgarth refere que foi uma jornada “de loucos” que se pensava que navegavam um dia, e rapidamente caiam, apontando aos seus modelos de latex com água. Agora, os novos modelos voam na estratosfera por centenas de dias, tendo atualmente o recorde de permanência no ar de 312 dias.
Questionado sobre o processo de ter sido incubado na Alphabet, o CEO da Loon respondeu que “foi incrível ter esta parceria. Inicialmente éramos um projeto dentro do programa X-Labs, tendo acesso a serviços comuns, capacidades, e toda a economia de escala que a Google tinha, mas conseguindo manter um certo nível de independência, e não nos preocupar-nos tanto ao nível burocrático como parte da incubação”. O líder da empresa relembra que começou a ter mais sucesso, a lançar os primeiros projetos comerciais e quando as coisas começaram a encaixar com as expetativas, fomos gradualmente tornando-nos uma entidade separada da Alphabet.
O crescimento da Loon foi gradual, tendo ultrapassado a primeira fase que é tentar descobrir se um projeto vai falhar, “porque a Alphabet procura o seu próximo Moonshot”, mas foi ultrapassando todas essas etapas, até começarem a surgir os primeiros clientes (tanto no nível de testes-piloto como a nível comercial) e parceiros, porque a empresa não constrói todos os sistemas dos balões.
E explica que a empresa-mãe foi muito paciente, durante esta década, mantendo todos os seus recursos para dar espaço para a empresa crescer. Ajudou a startup a manter-se em pé por si, e cada vez mais independente. A missão da Loon é conectar os desconectados, “e enquanto continuarmos a cumprir com esse objetivo, todos estamos felizes”. E explica que houve um ambiente familiar, com a capacidade de partilhar tecnologias com outras empresas, tais como a Google, para continuar a crescer.
Mas nem tudo foi fácil e houve “muitos momentos aterrorizantes, de não sabermos ir do ponto A ao ponto B, sobretudo nos primeiros tempos, longe de pensarmos que conseguiríamos ter um balão centenas de dias no ar”. Outras dificuldades como manter a ligação entre os balões ou para os veículos de assistência, que em muitas alturas pensou que não ia funcionar. Mas acabaram por superar todas as dificuldades, explica. Alastair Westgarth salienta que é preciso não ter medo de arriscar e a capacidade de aprender sempre que um balão caia e não resultava, para tornar o seguinte melhor.
O Loon opera sobretudo no equador, devido à sua dependência da energia solar, e durante o inverno, ou em ambientes mais frios, não tem energia suficiente, mas a empresa está a adaptar-se para levar os seus balões a outras áreas do mundo onde as temperaturas baixam. O objetivo é ligar as pessoas e não vender produtos, mas potenciar a tecnologia que já se encontra nos países. O seu trabalho é convencer as operadoras locais a expandir a sua pegada em áreas que não tenha rede, e dessa forma incentivar as mesmas a vender telemóveis e equipamentos a pessoas que nunca tinham tido acesso à internet.
No Quénia tinham apenas duas ou três bases terrestres, mas centenas de balões no ar, sendo o suficiente para uma cobertura das zonas desfavorecidas. África e América Latina, mas também a Ásia, são regiões que por questões geográficas favorecem o fornecimento de internet através dos seus balões. A estratosfera é uma camada do planeta com diversas vantagens para as suas operações. Os satélites ligados aos veículos são uma vantagem para as suas operações.
O seu meta-objetivo? Fornecer a mil milhões de pessoas o acesso à internet, uma jornada longa, mas a empresa vê os números a crescer diariamente e está confiante que vai conseguir lá chegar.
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