A resolução do primeiro comité da Assembleia Geral das Nações Unidas foi adotada a 2 de dezebro e visa a restrição do uso de aplicações tecnológicas em ambientes militares, incluindo os relacionados com sistemas de armas autónomas e uso de inteligência artificial. 166 países votaram a favor da Resolução 79/L.77 que tinha sido proposta em outubro e registaram-se 15 abstenções. Bielorrússia, Coreia do Norte e Federação Russa votaram contra.

A resolução é vista como um pequeno passo para se conseguir um tratado para bloquear o uso de armas autónomas e reforça o interesse para dar continuidade às negociações no próximo ano, mas o desafio é conseguir um apoio mais alargado também à venda destas armas.

Um relatório do Secretário Geral das Nações Unidas, António Guterres, divulgado em Agosto, levanta preocupações relativamente ao uso de sistemas autónomos de armas na "perspectiva humanitária, legal, de segurança, tecnologia e ética". Reflete comentários de 73 países e organizações humanitárias com riscos de uma corrida às armas e a redução das barreiras em atuais conflitos.

A Human Rights Watch é uma das entidades envolvidas e preparou um vídeo sobre os riscos de utilização de "robots assassinos", consideradas máquinas que tomam decisões de vida ou de morte. Veja o vídeo:

No próximo ano deverá realizar-se uma ronda de negociações mais focada no relatório de António Guterres sobre os perigos destas armas.

Alguns sistemas autónomos são utilizados já há vários anos, mas os tipos de alvos, duração das operações e âmbito geográfico estão limitados. As organizações humanitárias avisam que o uso de inteligência artificial e novas tecnologias estão a acelerar o desenvolvimento de armamento que é usado sem controle humano significativo, e que são delegadas decisões de vida ou morte a algumas máquinas.

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O objetivo do tratado que está a ser proposto é que sejam proibidos os sistemas autónomos que pela sua natureza funcionem sem controle humano, ou que tenham como alvo pessoas. Pretende também conseguir regulação que garanta que outros sistemas de armamento autónomo não possa ser usado sem controle humano.

Em maio deste ano, na Convention on Conventional Weapons (CCW) que decorreu em Genebra, foi discutido o uso letal de sistemas de armamento autónomo mas sem grande progresso dado que é necessário obter consenso entre os membros. Índia, Israel, Rússia e Estados Unidos estão entre os que bloquearam o acordo.