“Há várias empresas a brincarem ao Metaverso sem pensarem no propósito”. A frase de Pedro Pombo, Managing Director da Accenture Song, pode ser um alerta para quem quer entrar neste mundo onde a realidade dos átomos é reinventada em bits, defendeu no 31º Digital Business Congress. O investimento dos gigantes tecnológicas é enorme, em especial da Meta, a casa mãe do Facebook que mudou de nome e se “apropriou” de um diminutivo do Metaverso, mas há muitas organizações a explorar o novo espaço digital.

Em 2023 o mercado de realidade aumentada e realidade virtual vai representar 300 mil milhões de dólares e Pedro Pombo lembra na sua “Raposódia do Metaverso” que o Facebook, Microsoft, Coinbase e Apple são alguns dos players que estão a abordar estes mercados, onde o potencial de transformação é enorme.

“Acreditamos que o metaverso é mais um estágio do que é a evolução da Internet”, explicou o gestor da Accenture, que tem trabalhado nesta área. “O Metaverso vai alterar pagamentos, a experiência do consumidor, dos colaboradores, dos produtos que conseguimos produzir, a forma como fazemos os produtos físicos com o tema dos gémeos digitais, revolucionar a cadeia de valor e de Enterprise Management”, defende.

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Apesar do experimentalismo que ainda caracteriza esta fase do Metaverso, Pedro Pombo avisa que é preciso que as empresas procurem um propósito para investirem nesta área, em vez de andarem a brincar.

O potencial de imersão total é grande e Pedro Pombo refere estudos que indicam que a capacidade de aprender em ambientes virtuais aumenta em 9% e que a reação é 12% mais rápida. “O nosso cérebro ainda não aprendeu a distinguir o mundo real e o virtual. É facilmente enganado”, sublinha.

“A tecnologia é importante no metaverso, mas mais importante é pensar o que os leva lá [as pessoas, clientes ou colaboradores]”, explica o managing diretor da Accenture Song.

Para os gamers é mais fácil, mas “temos de captar as outras pessoas para trazerem a vertente humana, como clientes e colaboradores”, defende.

A própria Accenture já tem uma plataforma no Metaverso que está a ajudar no onboarding dos novos colaboradores, na formação e também no sentido de presença dos espaços dos escritórios, onde criou “gémeos digitais”. “É possível usar estas tecnologias de forma benéfica também internamente”, defende, deixando um alerta para a ação. “Está na altura de começar a imaginar o que o Metaverso vai impactar nas nossas empresas”, alerta Pedro Pombo.

Da ficção científica para a realidade

Charlie Fink trouxe ao Congresso a sua experiência e visão sobre o Metaverso, sobre o qual escreve há vários anos, tendo até editado um livro com esse nome em 2017 que admite que “era ainda uma metáfora, não o mesmo que temos agora”. A realidade virtual acelerou nos últimos anos, com o investimento das empresas, em especial o Facebook, mas o investigador avisa que há ainda muito caminho a percorrer.

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O conceito que surgiu na ficção científica está a passar para a realidade mas cada um tem a sua própria visão e interpretação. Para Charlie Fink a Meta de Zuckerberg está “numa posição extraordinária”. “Criaram um campo de atuação para eles, com a compra da Oculus, embora a Sony tenha feito um bom trabalho com a PlayStation VR”, defende.

Mesmo assim avisa para o “hype cycle” que se gera à volta das novas tecnologias e que pode ainda levar a uma quebra da aposta no metaverso. “Todos estão a correr para esta nova coisa brilhante para a tornar uma realidade, mas o metaverso ainda não existe. E terá muito para andar”.

31º Digital Business Congress: Acompanhe as conferências em direto
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Entre as “peças” que faltam para completar o conceito está o Metalayer, a camada de tecnologia que permitirá criar a base da simulação e que a Meta está a desenvolver. “São os protocolos, o HTML da computação visual ainda não foi inventado”, justifica.

Charlie Fink avisa que ainda vai demorar muito tempo para termos um grande metaverso, que será difícil ter interoperabilidade, até porque a Apple quer ter a sua própria plataforma, e que as regras e regulamentações internacionais vão ter impacto neste espaço virtual. “Vamos precisar de regulação”, alerta, admitindo que corre o risco de ser condenado pelos mais liberais.

Aprendizagem e indústria na linha do metaverso

O debate que se seguiu juntou a Maria Margarida Azevedo, da EDP University, e Luis Bravo Martins Presidente da secção de realidade aumentada e virtual da APDC. A experiência nesta área mostra que há muitas empresas a trabalhar em Portugal neste espaço, com o estudo da VRARA a apontar mais de uma centena.

“Portugal é um mercado consumidor de tecnologias. Temos em Portugal 130 empresas que trabalham em tecnologias imersivas. Na área de turismo, de saúde, de educação e retalho temos bons exemplos de estudo e aplicação de tecnologias imersivas”, defendeu Luis Bravo Martins.

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Mesmo com a aceleração que está a acontecer, o profissional defende que há tempo e espaço para que as empresas encontrem o seu caminho. “Temos tempo para entrar e construir um metaverso que vá ao encontro do que para nós queremos”, afirma, acrescentando que para isso vão contribuir os técnicos mas também os antropólogos, sociólogos e outras competências que nos ajudem a criar estruturas úteis para o Metaverso.

Para já, Luis Bravo Martins encontra um grande potencial na área de manufactoring, com o potencial das fábricas de criarem digital twins (gémeos digitais) e abrir possibilidades de formação dos trabalhadores.

Foi também na área da formação que Maria Margarida Azevedo destacou o potencial do metaverso para a EDP University. Lembrando que a empresa tem pessoas em 28 países, explica que a ideia é replicar exemplos por realidade virtual e aumentada.

Na EDP reforçamos as capacidades do ensino virtual e tecnologias como RA são claramente uma mais-valia”, acrescenta, destacando uma visão positiva, mas alertando que “não vamos deixar de estar num mundo social”.

“Do ponto de vista social, existe uma boa perspectiva de melhoramento do melhor de nós no mundo virtual. Numa equipa, permite uma relação em que podemos projetar o melhor de nós mesmo na empresa e nas equipas”, adianta Maria Margarida Azevedo, defendendo que é também importante perceber como queremos ser representados e percebidos.

O SAPO e o SAPO TEK são parceiros de Media da APDC para o 31º Digital Business Congress. Acompanhe aqui todas as novidades e notícias deste evento que marca a agenda dos profissionais do sector.

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