A Intel confirmou planos para a construção de mais uma fábrica de semicondutores na Europa, desta vez na Polónia. A estrutura vai implicar um investimento de 4,6 mil milhões de dólares e deverá estar operacional em 2027.
O Governo polaco já se congratulou com a escolha da multinacional norte-americana para fixar mais esta unidade de produção, que reflete a estratégia da Intel sob a liderança de Pat Gelsinger, focada em recuperar a liderança do mercado mundial de chips, através de um reforço massivo da capacidade de fabrico da empresa.
A ambição da Intel casa com as ambições europeias, de recuperar autonomia regional neste sector e voltar a concentrar na Europa parte importante da produção mundial de chips. Depois da pandemia pôr a nu a dependência europeia dos mercados asiático nesta área, legislação como o Chip Act foi preparada para ajudar a reverter esta situação de fragilidade e criar condições para que a Europa concentre 20% da produção mundial de semicondutores até 2030.
Paralelamente, milhares de milhões de euros dos planos de recuperação e resiliência e de outros fundos europeus estão a ser gastos para atrair investimentos industriais em áreas consideradas críticas. É assim na produção de baterias de lítio para carros elétricos, por exemplo, como tem sido assim também no mercado de semicondutores e a Intel tem aproveitado a disponibilidade de fundos para pôr também no terreno a sua estratégia expansionista.
Antes do acordo alcançado na Polónia para a fixação desta nova fábrica, já tinham sido anunciados outros dois na Alemanha e na Irlanda (aumento de capacidade da fábrica atual). Na Alemanha vai ser construída uma fábrica que prevê um investimento total de 18 mil milhões de euros, que também deverá estar pronta a funcionar em 2027.
No entanto, desde que o acordo foi anunciado até agora pouco aconteceu, porque a Intel tem vindo a reclamar uma revisão no valor dos subsídios atribuídos pelo governo local ao projeto. Berlim comprometeu-se a contribuir com 6,8 mil milhões de euros, a Intel pede mais 4 mil milhões, alegando que a inflação e as condições macroeconómicas encareceram muito o projeto, desde que o acordo foi anunciado.
Há cerca de duas semanas, numa entrevista ao Financial Times, o ministro alemão das finanças, Christian Linder, disse que não tem mais orçamento para o projeto, mas nos últimos dias a imprensa local tem avançado que o Governo deve ceder à pressão da Intel, para assegurar a continuidade do projeto.
A fábrica agora anunciada para a Polónia vai estar direcionada para tarefas de montagem e testes, e funcionará em articulação com as fábricas de wafers da Alemanha e da Irlanda. A empresa diz aliás que a proximidade destes dois países foi uma das razões para escolher a Polónia, o talento e as boas infraestruturas também pesaram.
O valor do apoio estatal ao projeto não foi revelado. Espera-se que a estrutura permita criar 2.000 novos empregos no país, onde a Intel já tem 4.000 colaboradores a trabalhar no seu maior centro europeu de I&D.
Recorde-se que no início de 2022, a Intel anunciou planos para investir 80 mil milhões de euros em fábricas de semicondutores na Europa. Itália é outro país no mapa destes investimentos, mas onde ainda não foi possível alcançar acordo.
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