A escassez de semicondutores continua a ser um problema para a indústria automóvel, que a Ford decidiu contornar com uma nova estratégia. A empresa vai comercializar veículos Ford Explorers sem algumas funcionalidades que dependem de semicondutores em falta.

A diferença vai notar-se também no preço, já que esses veículos serão comercializados com desconto, ainda que os clientes tenham a opção de mais tarde levar os veículos à oficina para integrar os chips em falta.

Os semicondutores serão enviados para os revendedores no prazo de um ano e serão eles a instalá-los nos veículos, de acordo com informação avançada pelo site Automotive News. Os chips em questão integram o sistema de ar condicionado traseiro dos veículos e de controlo de temperatura. Em declarações ao The Verge, um porta-voz da empresa explicou que ambas as funcionalidades continuam a poder ser controladas a partir dos lugares da frente do veículo.

A alteração é temporária e uma forma de acelerar os prazos de entrega dos veículos. Será também uma forma, como sublinha o site que avançou a notícia em primeira-mão, de ajudar a fabricante a libertar as fábricas de veículos parcialmente construídos, que não consegue escoar por falta dos chips que equipam algumas funcionalidades.

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A Ford já se tinha visto obrigada a tomar uma decisão semelhante para responder à procura da pickup F-150, que já começou a ser produzida depois do prazo previsto por causa da falta de chips. Neste modelo, a empresa avançou com uma versão sem sistema automático start-stop, compensando os clientes que aceitaram a opção com um crédito de 50 dólares.

A decisão da Ford não é exclusiva. Outros fabricantes têm sido forçados a medidas idênticas. A Tesla, em novembro do ano passado, já tinha começado a entregar unidades dos modelos 3 e Y sem portas USB, informando depois os utilizadores que esses componentes seriam integrados mais tarde. A decisão neste caso acabou por gerar alguma polémica, porque os clientes não foram informados da falha, antes de comprarem os veículos.

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A BMW confirmou também no final do ano passado que ia começar a vender alguns modelos sem ecrã tátil e a General Motors deixou de usar um módulo de gestão de combustível que permitia maior eficiência em alguns modelos de pickups e deixou de integrar carregadores sem fios noutros modelos.

No caso da BMW a decisão afeta modelos da Série 3, X5, X6 e X7. Os modelos nestas condições são vendidos com um crédito de 500 dólares e com uma autorização assinada pelo cliente, onde confirma que está a par da alteração.

A pandemia de COVID-19 foi responsável por uma crise sem precedentes na indústria dos semicondutores. A indústria previa um regresso progressivo à normalidade entre o final deste ano e o início do próximo, mas a guerra na Ucrânia poderá agravar ainda mais a situação.

A Ucrânia é responsável pela refinação de cerca de 70% do néon, um gás que é um componente crítico na construção de lasers, ferramenta utilizada para o fabrico de chips. E esse componente é uma matéria-prima produzida na Rússia, enviada para a Ucrânia para refinar, exportando depois para o resto do mundo. Outra matéria-prima com origem nestes territórios é o paládio, que é utilizado em sensores, memórias e outras aplicações. Cerca de 35% do paládio que chega aos Estados Unidos é fornecido pela Rússia, de acordo com especialistas consultados pelo site Auto News.

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