Na Universidade Médica de Montpellier, em França, um grupo de investigadores está a recorrer a cadáveres virtuais para resolver um problema que afecta a quase totalidade das instituições de ensino neste sector: a escassez.
Os cadáveres humanos são um material de estudo altamente requisitado por escolas e laboratórios, mas com o crescimento da indústria, que levou à multiplicação dos programa de investigação e análise, a escassez está a atingir um ponto crítico. De acordo com o The Economist, uma das razões para a falta de corpos prende-se com a melhoria dos canais de comunicação e dos sistemas tecnológicos, que não só reduzem o número de cadáveres por reclamar, como facilitam a sua identificação. Adicionalmente, a doação é uma prática pouco comum em grande parte do mundo e o cadáver ideal para estudo, que, segundo os especialistas, corresponde a uma perfil jovem, saudável e intacto, é muito difícil de encontrar.
Guillaume Captier, cirurgião e professor na universidade de Montpellier, acredita que os modelos virtuais podem servir para ensinar o básico da dissecação aos estudantes. Para enfrentar a escassez, os cadáveres reais devem ser introduzidos numa fase mais adiante.
Com a ajuda de um scanner 3D, Captier e uma equipa de investigadores estão a digitalizar vários cadáveres para replicar partes do corpo humano num programa que pode ser aplicado no ensino de medicina. Até à data, foram criados dois conteúdos de dissecação virtual: um para a zona do pescoço e outro para a pélvis. Para cada uma destas zonas, a equipa foi obrigada a proceder à dissecação de um cadáver real, atravessando oito camadas de tecido orgânico. Cada uma delas foi digitalizada individualmente e articulada num modelo final que pode agora ser utilizado para replicar o processo.
A equipa quer dar seguimento ao projeto com a criação de modelos virtuais para as coxas e as mãos. No final de 2018, a universidade espera conseguir ter oito digitalizações prontas a utilzar.
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