O gaming é um assunto sempre presente quando se fala em tecnologia, e este é um sector em constante evolução. Ano após ano surgem novos géneros, tendências e títulos disruptivos que transformam por completo a experiência do jogo, sendo cada vez mais voltada para as comunidades, dentro e fora das partidas. Atualmente estamos a assistir a uma cada vez mais proliferação de jogos sociais, suportados por plataformas como o Facebook, mas também a necessidade de transmitir experiências e “skills” em streaming, para milhares de fãs assistirem, via YouTube ou Twitch, por exemplo.
Para responder aos efeitos que o sucesso tem nas comunidades e jogadores, durante o Web Summit, um dos “talks” centrou-se exatamente no tema da mudança e como lidar com o sucesso (ou a falta dele), do tempo que os jogadores necessitam para se tornarem bons e como lidar com problemas como o bullying. Ou melhor, como obter sucesso a fazer streams sem gritar ou ofender a respetiva audiência. Nesse sentido, estiveram presentes Kristen Dumont, CEO da MZ, produtora dos jogos sociais Game of War e Mobile Strike, e Emmett Shear, o líder da plataforma de streaming Twitch, pertencente à Amazon, moderado pelo jornalista do Tech Crunch, Josh Constine.
Em forma de aquecimento, os convidados foram instigados a partilhar as suas melhores experiências com videojogos, ambos com fortes ligações ao gaming desde crianças. O responsável da Twitch sublinha que Civilization 2 talvez tenha sido o título que o levou a deitar-se mais tarde, naquele pensamento típico de “só mais um turno”; enquanto que a líder da MZ destacou QBert como o mais viciante, embora destacasse que gosta muito de jogar os títulos da sua empresa. Faz sentido…
Levantada a questão sobre a privacidade, e dando o exemplo da China, que utiliza câmaras de identificação facial aos jogadores para ganhar conhecimento das suas emoções e reações durante as partidas e controlar o tempo de jogo, o líder do Twitch refere que é uma área cinzenta. Ainda assim gosta do conceito para a vertente de aconselhamento, sobretudo para as pessoas que jogam durante longas sessões. Já Kristen Dumont refere que é algo mesmo negro, não cinzento, sendo alarmante os sistemas de vigilância. “Para ser um bom jogador é realmente necessário um grande compromisso e tempo com os jogos”, mas prefere que haja incentivos a desenvolver estratégias do que a vigiá-los.
Ainda assim, há que encorajar as pessoas a sair de frente do computador, ir passear e respirar invés de estar sempre a jogar, defende a responsável da MZ, mas entende que neste ponto o gaming continua a ter má reputação por “total desinformação”. Refere que, embora as pessoas passem muito tempo à frente dos jogos - pois estes requerem mesmo muito tempo para se tornarem bons jogadores -, no processo “são desenvolvidas aptidões de liderança e julgamento” na relação com os membros de um clã, por exemplo.
Fazendo um balanço sobre o Twitch, e como o plano dos cinco anos dentro do grupo Amazon está a chegar ao fim, Emmett Shear diz que se sente muito bem como está, e a “parceria” será para continuar, se depender de si. Mesmo que diversos nomes importantes da empresa tenham saído, que justifica como “não queremos ter as pessoas para sempre. Algumas saíram para abrir as suas startups, outras por motivos pessoais, para dar assistência à família”. Da mesma forma que a sua relação com Jeff Bezos, o patrão da Amazon, é boa, embora devido às agendas preenchidas não passem muito tempo juntos, quando se encontram discutem estratégias importantes.
Voltando ao tema principal, e como a plataforma de streaming lida com o “conflito” em oferecer total liberdade de expressão, mas impedindo que sejam provocativos, o responsável do Twitch refere que a liberdade é um dos valores principais da comunidade, mas há ferramentas para “manter os streamers na linha”. E tem uma política rígida para os streamers com estatuto de “Partners”, obrigando-os a uma linha de conduta não só dentro da plataforma, como qualquer outra ferramenta ou rede social externa. Se um utilizador tiver uma má conduta na sua conta do Twitter ou Facebook, por exemplo, se for reportado e provado, este poderá ser expulso do Twitch, ou pelo menos perder a parceria.
A MZ defende também o comportamento, e embora o sentido de competição possa causar alguns eventuais desacatos, quando desenha os seus jogos tem em conta certos valores, tais como a necessidade de alianças entre os jogadores para vencer as partidas. Nesse sentido, o público é no geral positivo e ordeiro nos seus títulos, longe dos ambientes tóxicos que se vê em certos jogos.
O CEO da Twitch reforça ainda a necessidade de suportar os novos criadores e os pequenos streamers. A empresa tem vindo a desenvolver novas funcionalidades e sistemas de filiações, como por exemplo, sugerir streamers perto do local onde estão a assistir, ou dar-lhes mesmo mais destaque. É igualmente sabido que a plataforma quer “roubar” os grandes estrelas ao seu rival YouTube, e por isso está a fazer contratos milionários com nomes sonantes. No geral, o Twitch quer nutrir o futuro, e não pensar apenas no sucesso do presente.
Desafiados a fazer uma previsão sobre a indústria nos próximos anos, a responsável da MZ refere que quer mais mulheres focadas nos videojogos. Já o patrão da Twitch deseja ver jogos mais “sérios”, focados em causas, e não apenas títulos de guerra. Sims e Minecraft são títulos que destaca como grandes exemplos de como ligar os jogadores.
O Web Summit 2018 arrancou esta segunda-feira e vai prolongar-se até à próxima quinta-feira, dia 8 de novembro, com vários palcos a funcionarem, por onde vão passar centenas de oradores. Acompanhe tudo o que se passa com o SAPO TEK.
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