Uma das maiores empresas mundiais de processamento de carnes foi esta segunda e terça-feira obrigada a parar parte da produção em três países, na sequência de um ataque informático. A JBS é responsável por 25% da carne de vaca e porco processada, comercializada nos Estados Unidos. Controla um quinto do mercado australiano na mesma área e detém uma posição igualmente forte no Canadá. 

O ataque foi confirmado pela própria empresa, que admitiu ter-se visto obrigada a parar várias linhas de produção. A JBS adiantou ainda que os seus sistemas de backup não foram atingidos pelo ataque e que está agora a trabalhar com uma empresa especialista na recuperação de dados, para restabelecer rapidamente o funcionamento normal dos sistemas.   

Em comunicado, a JBS carateriza o evento como um “ciberataque organizado”, que atingiu os servidores de suporte às operações na América do Norte e Austrália e garante que não há, pelo menos para já, indícios de que dados de clientes ou empregados tenham sido visados no ataque. 

“Os servidores de backup da empresa não foram afetados e há um trabalho intenso com uma empresa de Resposta a Incidentes para restaurar os sistemas assim que possível”, detalhou a empresa em comunicado.  

Só na Austrália, onde um responsável político já admitiu que podem ser necessários vários dias para que a empresa consiga restabelecer a produção normal, a JBS emprega mais de 11 mil pessoas em 47 fábricas, segundo dados divulgados pela Associated Press. 

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Os ciberataques a infraestruturas críticas - para os países e para empresas - estão a transformar-se numa verdadeira dor de cabeça, pela sofisticação e pela frequência. Nos últimos meses foram notícia ataques ao serviço de saúde da Irlanda, a uma das maiores redes de oleodutos dos Estados Unidos ou a um gigante dos seguros, também nos Estados Unidos, só para citar alguns exemplos. 

Há dias foi dado a conhecer um alerta do FBI, onde se revelava que só o grupo responsável pelo ataque ao sistema de saúde irlandês, foi já este ano também responsável por pelo menos mais 16 ataques a redes de saúde e serviços de emergência nos Estados Unidos, onde se incluem centros de polícia e de atendimento de emergências (911). 

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No ataque identificado na Irlanda foi usado o ransomware Conti, para trancar o acesso à informação e pedir um resgate pela sua devolução. Também pelas contas do FBI, 400 empresas em todo o mundo já foram alvo do mesmo malware, 250 estão nos Estados Unidos. 

Neste caso concreto não há outros detalhes sobre o tipo de ataque, ou do malware usado. Noutros casos bem recentes, a resolução do problema passou pelo pagamento de avultados resgates, como no caso da Colonial Pipeline, que terá desembolsado 4,4 milhões de dólares ou da CNA Financial, que pode ter pago 40 milhões