Não se pode dizer que 2022 tenha sido um ano morno na indústria dos videojogos. O isolamento originado pela pandemia continuou a surtir efeitos no acesso aos componentes, mantendo-se a crise de stocks nas fabricantes das consolas, sobretudo difícil de encontrar os modelos de nova geração como a PS5 e Xbox Series X. E a “lenga-lenga” do Natal de 2021 manteve-se, “vamos tentar ter para venda, mas não nos comprometemos”. O certo é que este foi o terceiro Natal seguido que a Sony teve rotura de stocks, bastando olhar para as campanhas de Black Friday sem PS4 ou PS5.
A incerteza de haver consolas no mercado levou a muitas editoras adiarem constantemente os seus jogos para 2023, algo que a crise económica global e a guerra na Ucrânia também terão tido impacto. Jogos de alto perfil como Hogwards Legacy e Starfield da Bethesda foram apenas alguns dos exemplos de títulos de alto perfil que foram empurrados para 2023, depois de uma data fixa para o natal de 2022.
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O caso (ainda sem fim) da Microsoft/Activision Blizzard
Mas o principal assunto do ano relacionado com a indústria de gaming é mesmo a aquisição da Activision Blizzard pela Microsoft. É já uma telenovela sem final à vista, daquele que poderá ser um dos maiores negócios tecnológicos de sempre da gigante de Redmond. O anúncio do negócio foi feito em janeiro de 2022, numa aquisição de 69 mil milhões de dólares. Mas desde então, tem sido alvo de um escrutínio dos reguladores, tendo encontrado na Sony o principal rival que pode ditar o cancelamento do negócio.
O catálogo da Activision é vastíssimo, mas parece pouco importar perante a presença do colosso Call of Duty. É o jogo que mais vende anualmente e que a exclusividade que passaria a ter nas plataformas da Microsoft é vista como antitrust. Desde o início que o líder da Xbox, Phil Spencer, prometeu manter a série nas suas rivais e fez promessas de pelo menos 10 anos manter Call of Duty em outras plataformas, inclusivamente nas da Nintendo, que durante o período de vida da Switch nunca recebeu nenhum capítulo. Mas terá de passar pelo escrutínio dos reguladores britânicos, da Comissão Europeia, e nos Estados Unidos, o regulador da concorrência já chumbou o negócio, prometendo levar o caso para as barras do tribunal. E nem mesmo os jogadores estão satisfeitos com o negócio, querendo também bloquear a compra.
Do lado da Sony, a fabricante nipónica também tem feito alguns negócios na aquisição de estúdios, tendo adquirido a Bungie por 3,6 mil milhões de dólares e o Haven Studios de Jade Raymond. Talvez motivada pela ausência de consolas suficientes, a Sony consolidou a sua presença no PC, tendo editado durante 2022 diversos títulos importantes, tais como God of War, Marvel’s Spider-Man e Uncharted 4, tendo já revelado algumas novidades para 2023.
As más notícias também surgiram do lado da Google, que decidiu acabar com a sua plataforma de jogos em cloud Stadia. Apesar de ter prometido reembolsar todos os jogadores que investiram em títulos na plataforma, o fecho do Stadia foi o culminar o desinvestimento registado pouco depois do serviço ter sido anunciado como o futuro do gaming. O fecho da plataforma está a obrigar as editoras a tentarem recuperar e migrar o progresso dos jogos para outros serviços. É já no dia 18 de janeiro que o serviço encerra de vez.
Mas se a Stadia abandonou o seu serviço de streaming, os planos para a construção de consolas portáteis para cloud gaming foram revelados por diferentes fabricantes. A Logitech criou uma portátil semelhante à Switch para jogos em streaming, numa parceria com a Tencent, para oferecer os serviços de Xbox da Microsoft e o GeForce Now da Nvidia. E a Razer também tem um modelo próprio com o mesmo propósito, com destaque ao seu suporte a ligações 5G.
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Já a Netflix procura expandir o seu catálogo de oferta aos subscritores através dos videojogos. Até agora tem diversos títulos para smartphones disponíveis, mas futuramente o PC vai ser também uma realidade. A gigante do streaming abriu um estúdio em Los Angeles e vai produzir títulos de ação na primeira e terceira pessoa. Se o seu plano passa por oferecer jogos “onde demand” via streaming, como as séries e filmes e séries de TV, ainda é um mistério na sua estratégia, mas a empresa deixou claro que os primeiros anos “é para aprender o negócio”.
Os principais videojogos e o melhor dos eSports
No início de dezembro celebrou-se mais um The Game Awards, aquele que já é considerado os “Óscares” dos videojogos. Além das dezenas de anúncios de novos títulos que colocam o evento ao nível da Gamescom e E3, são revelados os vencedores dos melhores do ano. The Elden Ring foi o grande vencedor dos principais prémios, mas também God of War Ragnarok recebeu bastantes distinções.
No que diz respeito às competições de eSports, um dos eventos mais importantes em Portugal foi a inauguração da Teleperfomance Arena, um espaço equipado com toda a tecnologia para receber torneios e competições de qualidade internacional. O investimento de 1,2 milhões de euros teve como objetivo de captar e reter talento, mas também já é a casa da equipa de FIFA do SL Benfica.
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Já a Riot Games voltou ao campeonato do mundo de League of Legends em formato presencial. O Worlds 2022 foi vencido pela Coreana DRX, registando-se uma quebra de recordes de audiência para o evento.
Em Portugal, a SAW voltou a levantar o troféu de CS: GO, tornando-se a vencedora da décima edição da Master League Portugal. E no mundo do FIFA, o português Tuga810 levantou taça de campeão do mundo de FIFAe Club World Cup 2022, atleta que joga em Espanha ao serviço da Movistar Riders. O título valeu-lhe a nomeação para o prémio do melhor jogador de futebol em eSports. Em entrevista ao SAPO TEK, disse que pretende continuar a sua carreira ao mais alto nível nos próximos tempos, mas não prescinde do seu plano B, um mestrado em contabilidade, fiscalidade e finanças empresariais.
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