Foi esta madrugada que a sonda Parker Solar comunicou com a NASA para confirmar que tinha sobrevivido à passagem que estava planeada, "tocando" a superfície do Sol. A 24 de dezembro a sonda tornou-se o objeto mais próximo de sempre da estrela central do nosso sistema solar, a 6 milhões de quilómetros da superfície do Sol.

Michael Buckley, do Laboratório de física aplicada Johns Hopkins diz que a comunicação, um beacon enviado pela sonda, foi recebido na noite de 26 de dezembro. "A equipa estava sem contacto com a sonda durante a sua aproximação, a 24 de dezembro, com a Parker Solar a passar a 3,8 milhões de milhas da superfície solar [6,1 milhões de quilómetros] enquanto se movimentava a 430 mil milhas por hora [692 mil quilómetros por hora]", explica na publicação.

Na longa viagem da Parker Solar, a NASA tinha indicado que a hora do ponto de maior aproximação ao Sol estava previsto para as 6h53, horário padrão do leste dos Estados Unidos, o que correspondia às 11h53 em Portugal (GMT) de dia 24 de dezembro.

A sonda bate assim dois recordes, o do objeto fabricado por humanos a aproximar-se mais da superfície do Sol e o mais rápido de sempre, graças ao impulso que conseguiu usando a força gravitacional de Vénus, depois de três movimentos de aceleração.

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A sonda já tinha conquistado o seu lugar na lista de feitos históricos ao voar através da coroa solar, em 2021, enfrentando o calor extremo e a radiação do Sol e garantindo aos cientistas acesso a dados inéditos da única estrela que é possível observar de perto a partir da Terra.

Veja o vídeo que explica como a sonda se vai aproximar do Sol 

A próxima comunicação com a NASA está prevista para 1 de janeiro. Para já a Parker Solar vai fazer novos voos "rasantes" ao Sol, sendo o próximo a 22 de março e o último a 19 de junho de 2025. Ao longo de sete anos a sonda deverá completar um total de 24 órbitas ao Sol. 

O objetivo é explorar a forma como o vento solar é acelerado, e desvendar os efeitos potenciais para a Terra e a perturbação das comunicações, oferecendo ainda uma nova visão sobre as auroras boreais.

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Desde que foi lançada, tem feito múltiplos voos orbitais e usou a força gravitacional de Vénus para ajustar a sua trajetória e alcançar o Sol de forma gradual. Com o objetivo de chegar à coroa solar - a atmosfera superior do Sol -, recolhe observações valiosas sobre o vento solar e outros fenómenos que têm impacto direto na Terra.

Uma descoberta notável surgiu das manobras da Parker com Vénus, graças ao Wide-Field Imager for Parker Solar Probe (WISPR). Durante um sobrevoo a 11 de julho de 2020, o WISPR captou imagens de Vénus que mostraram algo inesperado: o instrumento conseguiu ver através da densa camada de nuvens da atmosfera do planeta, revelando o seu solo, que brilha no infravermelho devido ao intenso calor, de cerca de 465 °C.