Perun prepara-se para ser o primeiro foguetão a chegar ao espaço a partir de Santa Maria, nos Açores

A ilha de Santa Maria, no Arquipélago dos Açores, é o centro estratégico das atividades espaciais desenvolvidas em Portugal e em setembro vai receber a iniciativa Astronautas por um dia, em que 30 estudantes portugueses vão ter a oportunidade de flutuar como astronautas em gravidade zero. Foi neste local que a Agência Espacial Portuguesa escolheu para fixar a sua sede, e está previsto para 2027 a aterragem do primeiro voo do Space Rider, o novo veículo orbital reutilizável da ESA.

Mas antes disso, deverá ser possível assistir ao primeiro voo de um foguetão lançado a partir do Porto Espacial de Santa Maria que chegue ao espaço, como confirmou ao TEK o diretor do Atlantic Spaceport Consortium, Bruno Carvalho. O contrato foi assinado com a SpaceForest e o objetivo é que o foguetão Perun possa ser lançado na na Primavera de 2026.

“O que o Atlantic Spaceport Consortium pretende desenvolver é um porto espacial aberto, onde os operadores de veículos possam ter todas as suas necessidades operacionais satisfeitas. Trazer o Perun para Santa Maria permite-nos validar ainda mais este conceito e continuar a melhorar a nossa oferta”, explica Bruno Carvalho.

Ao TEK adiantou que existem outras negociações em curso para lançamento de veículos suborbitais, mas o Perun é o que será "provavelmente o primeiro a chegar ao espaço a partir de Santa Maria", prevendo-se que atinja os 100 km de altitude, ultrapassando a Linha de Kárman.  Será lançado de uma plataforma móvel, o que a ASC indica que é "perfeito para Santa Maria e para o atual estágio de maturidade do seu porto espacial".

A SpaceForest é uma empresa polaca que está a desenvolver um novo foguetão europeu, suborbital de estágio único, que oferece quase quatro minutos de tempo de experimentação em microgravidade. O foguetão tem 11,5 m de altura será capaz de lançar cargas úteis até 50 kg até uma altitude de 150 km, além de estabilizar a carga útil para períodos de voo em microgravidade de alta qualidade, explica a ASC.

O Perun utiliza um sistema de propulsão híbrido, composto por óxido nitroso como oxidante e parafina modificada, usada como cera de vela, que serve como combustível, resultando num propelente não tóxico.

No âmbito do contrato, a ASC vai apoiar a SpaceForest na obtenção das aprovações regulamentares e das licenças de lançamento necessárias, além de prestar apoio operacional na ilha, incluindo a recuperação do lançador e da sua carga útil do oceano.

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“A partir de Santa Maria, a SpaceForest pode expandir os seus serviços, alcançar altitudes mais elevadas com o Perun e preparar o terreno para os seus próprios desenvolvimentos futuros. Tenho a certeza de que a SpaceForest se sentirá bem-vinda em Santa Maria”, adianta ainda Bruno Carvalho.

Marcin Sarnowski, diretor de Vendas e Marketing da SpaceForest, admite que esta é uma oportunidade de mostrar as capacidades do foguetão suborbital Perun e diz que "esta parceria irá acelerar a comercialização de serviços de voos suborbitais e alargar o acesso a investigação e testes de tecnologia espacial, acessíveis e amigos do ambiente, para os nossos clientes em toda a Europa”.

Em comunicado a Atlantic ,Spaceport Consortium indica ainda que "este contrato abre caminho para a exploração das condições geográficas excecionais em Santa Maria e para o desenvolvimento de um porto espacial comercial".

Existem outros portos espaciais em desenvolvimento na Europa, como o porto espacial de Andøya na Noruega, de onde em março foi lançado o Spectrum da Isar Aerospace, que fez história como o primeiro foguetão orbital lançado de uma base europeia, e que acabaria por explodir.

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A posição estratégica dos Açores, no meio do oceano traz vantagens aos Açores e o Atlantic Spaceport Consortium está a trabalhar para o desenvolvimento do porto espacial aberto, com lançamentos espaciais regulares a partir da ilha de Santa Maria, onde podem ser incluídos rockets de dimensões que permitam chegar ao espaço, abrindo caminho a um serviço comercial. Em 2024 foram lançados os primeiros rockets Gama, usando plataformas móveis, e atingiram altitudes a rondar os 5 km.

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