A Solar Orbiter foi enviada ao espaço em fevereiro pela ESA, com a missão de captar as primeiras imagens dos polos do Sol. O satélite tem diferentes componentes “made in PT”, nomeadamente tecnologia da Critical Software, Active Space Technologies e da Deimos Engenharia, e foi enviado à boleia do foguetão Atlas V da NASA.

O certo é que a sonda realizou hoje uma primeira aproximação do Sol, de cerca de 77 milhões de quilómetros de distância, o que corresponde a cerca de metade da distância entre o astro e o nosso planeta. A Solar Orbiter é a primeira sonda europeia a entrar na órbita de Mercúrio, e na sua maior aproximação do Sol, está previsto chegar aos 42 milhões de quilómetros de distância da sua superfície.

Esta primeira aproximação vai permitir aos cientistas testar os seus 10 instrumentos científicos, que incluem seis telescópios a bordo. Estes vão permitir obter imagens bem próximas do Sol em uníssono pela primeira vez. Essas imagens, que serão reveladas em meados de julho, prometem ser as mais próximas do Sol alguma vez captadas.

Até aqui, todas as fotografias captadas e aproximadas do Sol foram feitas a partir da Terra, através do telescópio solar no Havai, com toda a atmosfera pelo meio. E a sonda solar Parker, da NASA, lançado em 2018, já fez algumas aproximações, mas este não tem telescópios com capacidade de olhar diretamente para o Sol.

Foi explicado que o sistema de imagens ultravioleta dos telescópios a bordo têm a mesma resolução espacial do observatório da NASA, mas por estar a uma distância próxima do Sol, as fotografias acabam por ter o dobro da resolução. Estas primeiras observações pretendem testar se os telescópios estão preparados para futuros registos científicos. Os dados complementares gerados pelos diferentes telescópios serão analisados, assim como aqueles que forem obtidos pelos quatro instrumentos que vão analisar o ambiente em torno do satélite, incluindo o campo magnético e as partículas que compõe o vento solar. Apesar de ser um teste, os cientistas já aguardam com ansiedade alguns resultados.

A próxima fase de aproximação será realizada em 2021 e a mais próxima planeada apenas para o início de 2002, prevendo-se uma aproximação de 48 milhões de quilómetros. Para observar os polos, o Solar Orbiter vai aproveitar-se da gravidade de Vénus para executar rotações em forma elíptica e dessa forma registar as imagens necessárias. Essa observação do Sol vai permitir os cientistas compreenderem melhor o comportamento do seu campo magnético.

O Solar Orbiter encontra-se atualmente a 134 milhões de quilómetros da Terra. As imagens demoram cerca de uma semana a chegar, com uma janela diária de nove horas para fazer o seu download. Quando a sonda se aproximar ainda mais do Sol, as imagens podem demorar vários meses a chegar. No entanto, o satélite tem capacidade de reter as imagens no próprio hardware e depois enviá-las quando se aproximar novamente do nosso planeta.