No ano passado a NASA anunciou a formação de uma equipa de especialistas para estudar a observação de fenómenos aéreos anómalos ou não identificados (UAP, na sigla em inglês). Após vários meses de investigação, a equipa discute pela primeira vez em público algumas das suas conclusões em preparação para a publicação oficial do seu estudo, que deverá acontecer no final de julho.
Um dos principais objetivos da equipa, composta por 16 especialistas, é perceber de que forma é que a informação recolhida por entidades governamentais, assim como dados comerciais e de outras fontes, disponível publicamente, pode ser utilizada na análise de UAPs, estabelecendo as bases para futuras investigações, seja pela NASA ou por outras entidades.
No entanto, a falta de dados de qualidade afirma-se como um dos grandes problemas identificados pelos especialistas. Como realçado por David Spergel, presidente da equipa, durante a abertura da conferência, transmitida pela NASA, os atuais processos de recolha de dados sobre UAPs são “desordenados”, estando fragmentados entre várias agências que recorrem muitas vezes a instrumentos que não estão devidamente preparados para a recolha de informação científica.
Nas palavras do responsável, para compreender melhor este fenómeno é necessário apostar numa recolha de dados mais direcionada, com uma curadoria minuciosa de informação e análises mais robustas.
Para David Spergel esta abordagem ajudaria a discernir melhor entre observações inexplicadas de UAPs, embora admita que “mesmo assim, não haveria garantia de que todas as observações teriam uma explicação”.
Ainda antes da intervenção do presidente da equipa, Nicki Fox, diretora adjunta do departamento de missões científicas da NASA, tinha destacado as dificuldades no acesso a informação de alta qualidade, acrescentando, em muitos dos casos, os sensores e plataformas tecnológicas utilizadas para captar esse tipo de dados são, em muitos dos casos, confidenciais.
Nicki Fox defende que os dados públicos de alta qualidade são fundamentais para assegurar que a equipa de especialistas consegue comunicar abertamente, seja entre si, com a comunidade científica e com o público, sobre o que se conhece acerca do fenómeno.
A falta de informação é aliás um dos motivos pelos quais não é possível encontrar uma solução para muitas observações de UAPs, enfatiza também Sean Kirkpatrick, diretor do AARO (All-domain Anomaly Resolution Office).
De acordo com Sean Kirkpatrick, até à data, o AARO detetou mais de 800 casos de UAPs, identificados por via aérea. Todos os meses, a agência governamental recebe entre 50 a 100 novos relatos deste tipo, no entanto, deste conjunto, os casos considerados realmente anómalos perfazem entre 2% a 5% do total.
Outro dos pontos realçados pelo diretor do AARO durante a conferência centrou-se em torno de possíveis soluções que poderiam ser implementadas pela NASA para uma melhor compreensão do fenómeno, incluindo o uso de instrumentos de observação terrestres ou até mesmo de satélites.
Definir o que os cientistas estão realmente a observar é uma das dificuldades apontadas por Nadia Drake, cientista e jornalista na área da ciência. Recordando os dados partilhados pelo AARO, a especialista compara este processo com tentar encontrar "uma agulha muito fina num palheiro enorme", um sentimento expressado também por vários membros da equipa, que destacaram também a falta de métodos adequados de recolha de dados.
Para lá das dificuldades na recolha de informação e no acesso a dados, o estigma em torno do estudo dos UAPs é outra das barreiras com as quais os especialistas se têm vindo a deparar. Vários membros da equipa reunida pela NASA foram alvo de atos de intimidação online, uma situação que a NASA está a investigar.
Para Karlin Toner, uma das responsáveis do departamento de políticas de integração de dados e inovação da Federal Aviation Administration (FAA) , o facto de a NASA ter decidido chamar a equipa para uma conferência pública, e de todos os especialistas presentes demonstrarem o seu compromisso com a transparência do processo, mostra que este é um "primeiro passo numa tentativa de normalizar o estudo dos UAPs".
Em linha com Karlin Toner, Dan Evans, do departamento de missões científicas da NASA, defende que a agência espacial norte-americana não tem algo a esconder, mantendo o compromisso com valores como transparência e honestidade.
A questão dos extraterrestres não ficou esquecida e, em resposta a uma questão sobre se a NASA já tinha encontrado algum sinal deste tipo e sobre o que faria caso algum fosse descoberto, David Spergel afirma que ainda não foi encontrada vida fora da Terra, mas a agência continua a sua procura.
Nota de redação: A notícia foi atualizada com mais informação. (Última atualização: 21h14)
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