Taher Saif é um investigador que dedica a sua vida à pesquisa da cura para o cancro. O cientista antecipa que, no futuro, os robots poderão incorporar partes orgânicas, mas admite que provavelmente não será durante o seu tempo de vida.
O investigador tem um sonho e, nesse sonho, biobots (robots semi-orgânicos inteligentes) circulam pelos vasos sanguíneos à procura de sinais de cancro e quando os identificam atacam as células cancerígenas com um cocktail de proteínas, à semelhança da resposta dos nossos corpos a vírus e bactérias.
Mas o caminho até concretizar esse sonho é longo e, para já, Taher Saif, investiga em laboratório um novo domínio da robótica biohíbrida, soft robotics, em que partes artificiais e orgânicas são combinadas para criar máquinas. O objetivo é criar algo mais ágil, seguro e suave do que os robots tradicionais, uma bioengenharia que foi descrita pela primeira vez num artigo de 2005.
Num artigo na Wired, explica-se que o trabalho de Taher Saif na Universidade de Illinois, nos EUA, explora a miniaturização ao máximo. Com outros cientistas, incluindo Rashid Bashir, da Universidade de Illinois, e John Rogers, da Northwestern University, já criaram biobots do tamanho da cabeça de um alfinete.
A equipa utilizou células musculares de ratos com uma matriz extracelular baseada em colagénio para suporte estrutural e bioquímico. No final, quando um par de biobots foi ligado a cada lado de um pequeno LED circular, ativado remotamente por meio de microeletrónica sem fios, os neurónios dispararam e os tecidos musculares contraíram-se. E uma série de contrações resulta em movimento, que atualmente atingiu a velocidade recorde de 0,83mm/segundo).
Veja o vídeo
O próximo passo é adaptar neurónios para tomar decisões por si próprios. O investigador chama a este projeto “mente in vitro” e visa responder à hipótese: “os neurónios numa placa de Petri podem fazer coisas que os animais fazem. Conseguem lembrar-se de coisas que já experimentaram antes? Conseguem desenvolver a lógica?”
Nos próximos anos, Taher Saif vai treinar os neurónios dos seus biobots nadadores, para desenvolverem uma memória primitiva e, por fim, consigam tomar decisões sobre a sua direção de viagem, com base na experiência.
No futuro, os biobots poderão ser usados para detetar e tratar o cancro, mas também para identificar e limpar toxinas no ambiente ou para testar a eficácia de medicamentos.
Entretanto, no Soft Robotics Lab, na ETH Zurich University, os investigadores procuram criar robots biohíbridos de maior dimensão e já conseguiram imprimir em 3D células musculares e esticá-las suavemente para formarem um tecido muscular que incorpora canais embutidos para permitir a distribuição de nutrientes. Já conseguiram produzir um músculo com dois centímetros de comprimento e um centímetro de largura.
A barreira para fazer algo maior é meramente logística, diz o investigador Robert Katzschmann. O músculo de dois centímetros é composto por 50 milhões de células, mas, teoricamente, não há limites.
O objetivo de Robert Katzschmann é produzir músculos e tendões vivos para integrar com peças artificiais e criar robot bio-híbridos em grande escala, embora esteja por resolver a questão da alimentação dos músculos, que deverá passar “pela produção de misturas de glucose e outros nutrientes a partir de fontes vegetais que permitam o funcionamento das células”, diz o investigador.
Robert Katzschmann prevê que os robots biohíbridos possam realizar tarefas físicas atualmente executadas por seres humanos, e, embora o formato humano seja uma hipótese, será mais lógico que estes biohíbridos possam entrar em espaços inacessíveis de outro modo ou em terreno imprevisível. Ou podem, simplesmente, abrir portas.
Pergunta do Dia
Em destaque
-
Multimédia
Missão Ariel da ESA quer explorar 1.000 exoplanetas e Portugal ajuda com engenharia e ciência -
App do dia
Wayther: uma nova app de previsões meteorológicas detalhadas para otimizar viagens -
Site do dia
Tetr.io é uma versão competitiva de Tetris e os adversários não dão tréguas -
How to TEK
Farto de reagir no WhatsApp com emojis? Crie os seus próprios stickers
Comentários