O meteoro que cruzou o céu de Portugal este sábado desintegrou-se sobre o Oceano Atlântico. O corpo celeste atingiu uma velocidade "muito elevada" na ordem dos 160 mil quilómetros por hora quando entrou na atmosfera, incinerando a aproximadamente 55 quilómetros de altitude sobre o Atlântico, informou Agência Espacial Europeia.
Pelo efeito e velocidade atingida de perto de 45 quilómetros por segundo, o grande “bólide” que cruzou o céu de Portugal seria um pedaço de um cometa, ou seja, um bloco de poeira com gelo. Terá entrado na atmosfera perto de Badajoz, percorreu Portugal durante 500 quilómetros rumo ao norte e extinguiu-se pelo caminho, sem deixar quaisquer restos caírem no solo.
Assistir à passagem de uma “bola de fogo” – como também é chamado o fenómeno – é raro, e ainda mais quando é originária num cometa e não num asteroide, uma vez que existem muitos mais fragmentos de asteroides que cruzam a órbita da Terra.
E se por um lado o efeito visual é o mesmo, as consequências - a existirem - seriam diferentes, explicou Nuno Peixinho, Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) e Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade de Coimbra (FCTUC), em declarações ao SAPO TEK.
“Um corpo de origem cometária é um bloco de poeira com gelo”, menos coeso e resistente do que o corpo rochoso resultante do fragmento de um asteroide, comparou.
Um meteoro resultante de um cometa começa a consumir-se mais cedo e de forma mais rápida, havendo muito pouca probabilidade de deixar restos para trás, acrescentou o investigador. A teoria “deita por terra” a hipótese inicialmente colocada, do corpo celeste se ter transformado em meteorito ou ter projetado pequenas partes pelo caminho.
Além dos dados da ESA, em Portugal também se fizeram contas. Mais precisamente, Rui Gonçalves, do Instituto Politécnico de Tomar, calculou a parte final da trajetória aproximada do meteoro.
“Início aos 124 km e término pelos 35 km de altitude, já sobre o Atlântico, ao largo do Minho. Velocidade inicial da ordem dos 40 km/s. Trajetória ‘quase’ rasante à atmosfera. Baseado nos dados (raw) dos sistemas nacionais AMS86 e 87”, escreveu na legenda da imagem publicada no seu perfil do Facebook.
A passagem da bola de fogo - que agora se sabe ser resultante de um cometa - chegou a levar as autoridades a lançarem operações de buscas na zona de Castro Daire, depois de relatos que teriam avistado a queda do objeto.
O bólide surpreendeu, ao género “photobomb”, muitas pessoas que registavam (outros) momentos de uma normal noite de sábado em imagens que não demoraram muito a ser partilhadas nas redes sociais. A par, também há alguns memes.
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Menos deslumbre e piada terão as tentativas de burla que a situação pode originar, nomeadamente a venda online de supostos pedaços do meteoro - que não chegou a ser meteorito -, algo que não seria inédito.
Desta vez não há “restos”, mas desde que há registo, já foram recolhidos em Portugal oito fragmentos de meteoritos, o último dos quais em Ourique, em 1998. O maior deles pesava muito perto de cinco quilos, refere a CNN Portugal.
Nas últimas décadas, houve pelo menos 26 corpos a atingirem a superfície terrestre, entre eles um meteorito de 17 metros de diâmetro e cerca de 10 toneladas, que caiu na região russa de Cheliabinsk, em 2013, provocando 1.500 feridos e muitos estragos.
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