Será impossível um mundo livre de carne? O tema tem sido polémico e na edição de 2020 do Web Summit o CEO da empresa Impossible Foods garantiu que usar os animais na comida foi a “tecnologia mais destrutiva na história da humanidade”. Ainda assim, Patrick Brown acredita que ainda há forma de reverter o problema, mas, para isso, a oferta tem de ser mais saborosa, barata e rica em nutrientes do que a tradicional.

“Uma vaca não evoluiu para ser uma máquina de carne” e, por isso, o CEO da empresa de produtos à base de plantas que vieram “substituir” a carne, reforça as críticas ao atual setor alimentar dominante.

“O problema é usar os animais como tecnologia”, garante Patrick Brown

Mas como tornar o mundo livre de carne? A solução passa por oferecer algo melhor do que a própria carne e, para isso, é preciso entender melhor o que faz a carne ser tão saborosa em termos moleculares.

Impossible Foods
Impossible Foods Web Summit 2020

Garantindo que esta forma de pensar é um “game over” para a atual indústria da comida, Patrick Brown explica uma parte da estratégia da sua empresa: a restauração. Chefs de países como o Japão decidiram colocar nos seus menus alguns produtos da empresa, como o Impossible Burguer. “E não lhe pagamos para isso”, garantiu.

O que levou a Impossible Foods a optar por esta estratégia? Patrick Brown explica que esta escolha tem muito mais sucesso, uma vez que as pessoas, à partida, confiam nos chefs, com os próprios colaboradores dos restaurantes a poderem dar a conhecer de outra forma os produtos da empresa.

Serão os produtos da Impossible Foods melhores do que a carne “verdadeira”?

Entre os vários pontos fortes dos produtos à base de plantas, o CEO da empresa destaca o facto de ter valores mais baixos de gordura e calorias. Por outro lado, não estão expostos a bactérias a que os animais nas quintas poderão estar. “É tudo controlado”, garante. É neste sentido que Patrick Brown se mostra bastante confiante com o futuro, esclarecendo, no entanto, que ainda há muito a fazer.

“Há zero dúvidas que podemos algo melhor do que o tradicional”

Garantindo novidades para 2021, o CEO da Impossible Foods faz duras críticas a quem defende que florestas como a Amazónia têm de ser destruídas para passarem a ser terrenos para as vacas. “Isso não faz sentido absolutamente nenhum”. Assim que as vacas deixarem de ser tecnologia, o impacto para o planeta será evidente, defende Patrick Brown. Sem animais a serem utilizados para a alimentação, é possível diminuir em 80% a pegada ecológica dos humanos.

Numa outra sessão do Web Summit, sobre a sustentabilidade no setor alimentar, dois fundadores de empresas que estão a recorrer à tecnologia para produzirem alimentos, frisaram também os benefícios para o planeta.

Krijn de Nood, fundador da Meatable, esclarece que "o produto está certo, mas a forma como é produzido não". E tudo começa nessa perceção de necessidade de mudança por parte dos próprios consumidores, defende. Já Irving Fain, CEO da Bowery Farming, refere ser urgente mudar a filosofia que se tornou dominante desde a II Guerra Mundial, de comida barata em grandes quantidades. "A comida barata tem o seu custo e agora estamos a acordar”, frisou.

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